A Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas (ALE/AL) realizou sessão pública destinada ao lançamento da Cartilha Omirá, que significa liberdade, na língua africana. A cartilha, que trata dos ciclos de vida da saúde afro-brasileira da gestação à infância, contou com a parceria da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) e foi apresentada nesta sexta-feira (31).


“A proposta nasce de uma provocação”, afirmou a coordenadora do projeto Raízes da África, Arísia Barros. Segundo ela, a ideia é estabelecer um diálogo com a atenção básica da saúde pública sobre os determinantes genéticos relacionados às doenças de maior prevalência na população negra, como a anemia falciforme – que em Alagoas, a cada 1800 nascidos vivos, um é doente.


O secretário de Estado da Saúde, Alexandre Toledo, foi representado pela diretora de Promoção da Saúde da Sesau, Eliana Padilha. Ela esclareceu que todos são iguais, mas há necessidades diferentes. Por essa razão, a Sesau – junto a demais secretarias estaduais – vem capacitando 33 municípios remanescentes de quilombo, por meio do Programa Nacional Brasil Quilombola, para garantir qualidade de vida a essa população.

“A cartilha é agora mais um instrumento que será utilizado para instruir profissionais, gestores e quilombolas sobre as necessidades da população negra, incrementando o serviço de saúde para um atendimento de qualidade”, disse Eliana Padilha, informando que ações como a Cartilha Omirá são de importância singular e de grande contribuição para a sociedade.


Para a secretária geral do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Salvador (BA), Patrícia Bernardes, a cartilha surge para discutir principalmente a saúde da mulher, que é geradora da vida. “Essa semente tem que gerar frutos. A saúde da população negra precisa de ajuda e essa mudança começa na educação. É preciso compreender o que é relevante na saúde da população negra”, destacou, informando que a cartilha será lançada também na Câmara Municipal de Salvador, no dia 6 de setembro.


Também participaram do lançamento da cartilha, a Mãe Miriam, representante da religião Afro em Alagoas; a diretora da Faculdade de Medicina da Ufal, Rosana Vilela; a reitora da Uncisal, Rosângela Wyszomirsrka; o sociólogo da Ufal, Carlos Martins; e a professora Ângela Bahia, que abordou a mortalidade materna não como dado estatístico.

O lançamento contou ainda com a apresentação musical de Madalena Oliveira, Gustavo Gomes e o Coral de Idosos do Sesc, regido pelo maestro Jaílson Natividade.


A cartilha – O objetivo da cartilha é a produção de conhecimento e a democratização da informação, além de promover a saúde integral da população. A publicação reúne as doenças que mais atingem a população negra e serve ainda como quebra de paradigmas sobre o conceito de saúde, ao propor investimento na política da atenção integral à saúde da população negra.


A cartilha aborda, especificamente, sobre a resistência e saúde da mulher negra, o racismo, a pobreza e a desnutrição. Trata ainda dos fatores determinantes e condicionantes na saúde da criança negra e da anemia falciforme – doença específica da população negra. A iniciativa foi elaborada pela coordenadora do projeto Raízes da África, Arísia Barros; a professora e militante do movimento negro, Ângela Bahia; a médica Alexandra Ludugero; e a médica e diretora da Faculdade de Medicina da Ufal, Rosana Vilela.