Cauã Reymond vai viver no cinema o escritor Rodrigo de Souza Leão

24/08/2012 11:28 - Gente
Por Redação
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No dia 19 de outubro, uma sexta-feira, termina a novela “Avenida Brasil”. Na segunda-feira, dia 22, Cauã Reymond viaja para São Paulo para levantar patrocínio para um filme e fazer entrar em cena outro personagem, o do escritor, jornalista e pintor Rodrigo de Souza Leão. O assunto é tão apaixonante para Cauã que ele encontra uma brecha no ritmo acelerado das gravações da novela para falar do projeto. “Comprei os direitos para o cinema de dois livros de Rodrigo: “Todos os cachorros são azuis” (Editora 7Letras, 2008) e “Me roubaram uns dias contados” (Record, 2010)”, conta Cauã, que ficou fascinado com o texto contando a experiência de Rodrigo por ocasião do primeiro surto de esquizofrenia e sua experiência no sanatório.

No surto ocorrido aos 23 anos e contado em “Todos os cachorros são azuis”, um dia, ao acordar, diante do espelho, ele acha que engoliu um grilo e chegando ao trabalho, no 26° piso da Torre do Rio Sul, tem certeza de que é perseguido por um japonês com uma zarabatana, que acaba atingindo-o com uma seta contendo um chip eletrônico. Em “Me roubaram uns dias contados”, sua última obra, faz uma combinação de diário, romance e conto, em que o narrador-personagem explora sua própria aventura psicológica. Depois de terminar esse livro, Rodrigo parou de tomar os remédios agravando seu estado mental, o que o levou a pedir para ser internado. Morreu no hospital, aos 43 anos no dia 2 de julho de 2009. Carioca, viveu intensamente produzindo prosa, poesia, música e quadros. Pintou 50 telas em três meses de curso na Escola de Artes Visuais do Parque Lage.

Gosto do humor sexual, da brincadeira que ele faz com a sexualidade, do jeito caótico com que ele entra e sai da realidade”, conta Cauã, que espera lançar o filme no começo de 2014. “O diretor e roteirista é o Felipe Bragança, que fez filmes como ‘A fuga da mulher gorila’, em 2009, ‘A Alegria’, de 2010, selecionado para a Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes. Felipe também escreve os roteiros de Karim Ainouz,”, conta Cauã, que se interessou por Rodrigo de Souza Leão através de Chico Accioly, responsável pela preparação e produção de elenco de “Xingu”.

“O Chico propôs esse projeto para alguns atores. Eu me interessei e estou fazendo uma co-produção com Mário Canivello e Vania Catani”, diz Cauã. O ator tem uma familiaridade com o tema da esquizofrenia. “Na minha infância convivi muito com minha tia, que era esquizofrênica. Passei algumas noites na escada do prédio porque dentro do apartamento a situação era difícil. Mas toda loucura tem seu lado engraçado e eu me lembro que uma vez, no supermercado com minha tia, ela começou a furar todos os yogurtes para tomar. Eu, criança, impressionado, alertei minha avó, que disse: pode deixar. Minha avó ia recolhendo as caixas para pagar tudo no final”, lembra.

“Reis e ratos” (2012), de Mauro Lima, onde contracenou com Selton Mello e Rodrigo Santoro, “Estamos Juntos” (2011), de Toni Venturi, “Meu país” (2011), de André Ristum, “Não se pode viver sem amor” (2011), de Jorge Duran, “À deriva” (2009), de Heitor Dhalia, “Divã” (2009), de José Alvarenga, “Se nada mais der certo” (2008), de José Eduardo Belmonte, que lhe valeu vários prêmios, “Falsa Loura” (2007), de Carlos Reichenbach. Cauã já reúne vários bons filmes em seu currículo nas telas, que começou com “Ódique”(2004), de Felipe Joffily. Trabalhos que hoje são escolhidos a dedo. No início, segundo o ator, foi uma questão de sorte. Interpretar Rodrigo de Souza Leão para Cauã pode ter o mesmo significado que “Bicho de sete cabeças” (2001), de Laís Bodanzky, teve para Rodrigo Santoro. Ao fazer o papel de um garoto de classe média baixa internado num manicômio depois que o pai acha um cigarro de maconha, Santoro mostrou que podia ser muito mais do que galã.

Um ator em busca de maior participação na construção do personagem

“Busco sair de um lugar passivo onde não me sinto encaixado mas nesse passo fico com medo de não me convidarem para papéis mais normais”, diz. “Sou um pouco inconformado com o lugar passivo do ator. Nesse filme vou participar mais do processo criativo do personagem e dar mais opinião. Não vai haver conflitos”, garante, rindo, “o artista é feito para fazer a energia circular”.

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