Idesp aponta queda no índice de desmatamento no Pará

22/08/2012 20:03 - Brasil/Mundo
Por Redação

Entre agosto de 2011 e julho de 2012, o índice de desmatamento no Pará caiu 42% em relação ao mesmo período anterior (agosto de 2010 a julho de 2011). Os dados são do Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará (Idesp) e foram divulgados nesta terça-feira (21). Segundo o Idesp, nos últimos 12 meses, o Pará desmatou 496,78 quilômetros quadrados de floresta.

Apesar da redução, o próprio Idesp afirma que o controle de áreas protegidas, como unidades de conservação (UC) e terras indígenas, ainda é frágil. A geógrafa Andrea Coelho, coordenadora técnica da Diretoria de Estudos e Pesquisas Ambientais do Idesp, afirma que a dificuldade também está relacionada ao alto percentual de terras federais no Pará.

"Realmente se compararmos o mesmo período do ano passado, o desmatamento diminuiu. Mas, como a maioria das unidades de conservação do Pará são de jurisdição federal, o estado acaba tendo limitações de ação nessas unidades", analisa.

Como pesquisadora, Andrea diz que o mais importante é reforçar as ações integradas entre federação e estado. "É importante trabalhar com ações conjuntas e convergentes, buscando a prevenção, e reforçar as ações de ordenamento de unidades de conservação, capacitando essas comunidades para gerir as unidades de conservação, os transformando em uma sociedade participativa", avalia.

De acordo com o relatório do Idesp, o município de Altamira foi o que mais desmatou no estado, responsável por mais de 22% do desmatamento registrado nos últimos 12 meses. Porém, segundo Andrea, o fato não possui ligação com a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.

"Dados mostram que, historicamente, aquela área tem um desmatamento bem alto, mesmo antes da construção da hidrelétrica. O nosso estado é o que tem maior potencial hidrelétrico do Brasil. Não podemos nos furtar do nosso papel ao desenvolvimento do país, mas não podemos ser irresponsáveis e ser almoxarifado do resto do Brasil. É preciso lucrar também e, para isso, é preciso planejamento, se preparar, não deixar que isso nos afete. O problema não é o empreendimento, é a falta de prevenção e planejamento de execução", declara.

Imazon também aponta queda no desmatamento
Para o pesquisador do Imazon, Heron Martins, um dos responsáveis pela publicação do Boletim do Desmatamento da instituição, o Pará como um todo vem apresentando a diminuição de áreas desmatadas, apesar do pico registrado no mês de julho de 2012. Além disso, ainda existem focos de degradação ambiental que precisam ser combatidos no estado.

"A área que vem elevando é a BR-163. Vários municípios do estado vêm apresentando uma diminuição, mas os que passam por essa rodovia, como Novo progresso, Itaituba e Altamira continuam com números altos. Em São Félix do Xingu, a taxa acumulada ainda é muito alta, mas eles vêm tentando diminuir para sair da lista dos municípios que mais desmatam", afirma.

Segundo o Idesp, as Unidades de Conservação e as terras indígenas correspondem a 56% do território paraense. Do total de áreas desmatadas entre agosto de 2011 e julho deste ano, 15,05% pertencem às UC, enquanto que 4,99% são de terras indígenas. De 143 municípios do Pará, o estudo aponta que 61 desmataram no último ano.

A análise do Idesp também mostra a distribuição espacial do desmatamento no Pará, e lista os dez municípios que mais devastaram no período. Em primeiro lugar está Altamira, no sudoeste paraense, responsável por 110,77 quilômetros de áreas desmatadas, seguida de São Félix do Xingu, sudeste do estado, que está em segundo lugar no ranking, com 53,21 quilômetros desmatados.

Em terceiro e quarto lugar, respectivamente, aparecem os municípios de Novo Progresso e Itaituba, ambos no sudoeste paraense, juntos responsáveis por 93,85 km² de áreas desmatadas, o que representa mais de 18% do total do desmatamento registrado no estado.

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