Caminhoneiros de diversas regiões do Brasil se articulam para uma paralisação nacional – greve dos caminhoneiros – nesta quinta-feira (4), com o apoio declarado de representantes da categoria. Apesar da presença de figuras associadas ao bolsonarismo, os organizadores enfatizam que a mobilização tem foco em reivindicações trabalhistas e estruturais, e não em causas políticas ou ideológicas.
A convocação foi oficializada em vídeo nas redes sociais por Chicão Caminhoneiro, da União Brasileira dos Caminhoneiros, ao lado do desembargador aposentado Sebastião Coelho, que prometeu suporte jurídico à ação. Eles afirmaram que irão protocolar uma ação para legalizar a paralisação, garantindo que o movimento esteja dentro da legalidade e protegido de possíveis retaliações.
Sebastião Coelho, que na última semana também havia defendido uma paralisação pela anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro, reforçou que estará ao lado dos caminhoneiros durante todo o processo. Segundo ele, a iniciativa “será um processo vitorioso para toda a categoria, diante da pauta que será apresentada”.
A paralisação dos caminhoneiros não gira em torno de temas políticos, segundo os próprios organizadores e entidades da classe. O objetivo é chamar atenção para problemas estruturais que afetam diretamente os profissionais do setor, como:
- Estabilidade contratual para caminhoneiros autônomos;
- Cumprimento efetivo da legislação vigente que rege o transporte de cargas;
- Reestruturação do Marco Regulatório do Transporte de Cargas;
- Aposentadoria especial após 25 anos de contribuição, desde que comprovados por documentos fiscais ou registros formais.
O Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens (Sindicam) afirmou: “Quem faz a greve são os caminhoneiros, não é o sindicato quem faz greve, mas, se eles decidirem parar, serão apoiados”.
Há falta de consenso por parte de alguns sindicatos e associações. Caminhoneiros autônomos que atuam na região da Baixada Santista são contra a paralisação por entenderem que há movimentação política por trás.
Para Marcelo Paz, presidente da Cooperativa dos Caminhoneiros Autônomos do Porto de Santos (CCAPS), uma das maiores, não há orientação alguma para que os caminhoneiros do Porto de Santos parem. “Não chamaram assembleia, não houve votação. […] Para se ter uma movimentação dessas, precisa haver diálogo, assembleia e votação.”
Greve dos caminhoneiros em 2018
Caminhoneiros de todo o país pararam em 2018, durante 10 dias. À época, o protesto foi promovido contra os reajustes frequentes nos preços dos combustíveis, especialmente do óleo diesel. A greve causou grandes impactos no país, incluindo desabastecimento de combustíveis e alimentos.
A greve só teve fim após Michel Temer (MDB), presidente à época, topar acolher algumas das exigências da classe.










