O choro dos pais

12/08/2012 10:47 - Welton Roberto
Por Redação
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O primeiro choro vertido deles também nos levam às lágrimas. Do momento especial do nascimento, quando ainda pequeninos e sem saber se expressar senão através dos berros incontidos até o momento quando dão os primeiros passos, balbuciam as primeiras sílabas, aprendem a decifrar o enigma das letras, aprendem a ver as horas, aprendem a andar de bicicleta, ali estamos a dividir e partilhar momentos inenarráveis...

Tudo tem o dedo presente daqueles homenzarrões que de tão dóceis também choram quando o mínimo acontece. O responder ao pai com um “eu te amo”, um bilhete, uma cartinha, um mimo qualquer. Cada pedaço deles nos tocam profundamente e o mais valente de todos não tem como não se derreter em meiguice e carinho.

Independente de qual credo possa o leitor possuir, ou mesmo não o possuindo, acredito que a continuidade de nossa existência se dá através dos filhos e por isso a missão de pai passa a ser tão importante para que as gerações não só cresçam em quantidade, mas em qualidade de relacionamentos.

Somos responsáveis por tudo que advier deles, absolutamente tudo. Do bem ao mal. Do certo ao errado. Do justo ao pecador. Os filhos possuem uma carga enorme daquilo que observam em seus pais, principalmente em seus atos e práticas cotidianas.

A presença em casa, na escola, naquele joguinho de futebol, no ballet, na aula de música quando as notas, ainda que desafinadas, passam a soar como uma verdadeira filarmônica austríaca, o pai necessita estar ali ao lado, junto, à frente, destemido e corajoso, valente e divertido, mas acima e além de tudo, amigo.

Já se foi o tempo em que os pais eram reverenciados ou temidos, ou até respeitados pela mera posição de pai. Hoje acredito que a nossa geração desceu  do pedestal e passou a ser aquele paizão que todos pensamos e sonhamos em ter e ser: presente, sincero, amigo, leal e fiel aos desejos não nossos, mas deles e por isso batalhamos incansavelmente.

Não tenho o mínimo receio de confessar que troco fraldas, dou banho (aliás o primeiro banho de todos eles quem deu fui eu), boto para ninar com canções ( e acho que meus filhos dormem logo para que não tenham que ouvir o repertório inteiro, hehehe), acompanho nas tarefas, na matrícula escolar, na compra dos materiais, das roupas, interesso-me pelas músicas, programas de TV, vou ao cinema ver filmes infantis (e confesso que sou o que mais me divirto), pois essa função de pai-amigo não deixo de jeito algum e por nada nesse mundo.

Afinal é o que mais me realiza entre tudo aquilo que faço e acredito que seja assim com todos aqueles que abandonaram faz tempo a posição de pai-herói para simplesmente ser o pai-presente, o pai-amigo, o pai que ouve e respeita a vontade e o querer desses nossos pequenos que de uma hora para outra se transformam em verdadeiros gigantes em tudo e passam eles a nos ensinar, a compartilhar a sua geração.

Por tudo isso, volto ao choro vertido do nascimento dos meus quatro filhos, quando ainda na sala de parto acolhi cada um em meus braços e chorei de alegria e emoção, como faço em cada dia dos pais nas singelas, mas sinceras homenagens que nos prestam, ou quando eles por qualquer coisa sofrem, se desesperam, ou por uma conquista, ou por uma derrota, uma nota baixa, outra máxima, um simples abraço caloroso na despedida momentânea de uma viagem a trabalho, a acolhedora volta quando os tenho em meus braços novamente, verto a alegria em franca demonstração de lágrimas que rolam sem cessar, na celebração desta relação gostosa e amiga de pai e filhos.

E se homem não chora ou não deve chorar, pai chora e chora muito.  Feliz dia dos pais!

 

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