Desde as primeiras horas da manhã desta segunda-feira (6), famílias dos Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL) e Comissão Pastoral da Terra (CPT), bloqueiam várias pontos de rodovias alagoanas em protesto contra despejos agendados para acontecer ao longo da semana e do mês, e demonstram intransigência na negociação.


São pontos da mobilização a BR-316 em Atalaia, a BR-104 em Murici, a BR-101 entre Flexeiras e Joaquim Gomes, a AL-115 em frente ao Acampamento Dandara (próximo ao Campus Arapiraca da Universidade Federal de Alagoas) e a AL-220 na cidade de Jacaré dos Homens. A ameaça de tensão no campo alagoano induzida pela decisão da Justiça em reintegrar a posse de uma série de áreas em diferentes municípios foi o estopim para que as famílias se posicionassem pela resolução pacífica dos casos e aquisição dos imóveis por interesse social.

Nas terras da fazenda São Sebastião (atual Acampamento São José) em Atalaia, com despejo forçado marcado para acontecer nesta terça-feira (07/08), foi assassinado em 2005 o dirigente estadual do MST, Jaelson Melquíades. Esta e outras áreas emblemáticas para os movimentos sociais do campo, entre elas a sede da fazenda São Simeão, as fazendas Bota Velha e Cavaleiro (em Murici), são agora defendidas pelas famílias que há anos produzem suas culturas nas áreas.

Em discussão desde o ano de 2011 na pauta do Comitê Mediador de Conflitos Agrários, coordenado pelo Governo do Estado com participação de diversos órgãos envolvidos com a questão agrária, a possibilidade de aquisição das quatro áreas foi levantada mediante convênio a ser firmado com Governo Federal. Mesmo após promessas de que tudo seria encaminhado a mando da própria presidência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), o convênio não se efetivou.

Governos Estadual e Federal têm a chance de resolver a situação das famílias que, não raramente, passam mais de oito anos embaixo da lona à espera da terra para trabalhar e viver. Porém, a não realização da Reforma Agrária, que é denunciada em nota pelos movimentos, conduz à contraditória expulsão das famílias ao invés de serem assentadas. O clima é de tensão nos locais marcados para despejo, mas os movimentos em solidariedade em todo Estado, somados às famílias de cada localidade ameaçada, já anunciam a preparação para as batalhas dos próximos dias, sem retroceder “nenhum passo atrás”.