Seu filho não gosta de tomar café da manhã e, quando toma, bebe no máximo um copo de leite com achocolatado? Cuidado - o rendimento dele no colégio pode ser afetado. Segundo uma pesquisa da Nestlé, 64% dos professores observam que os alunos pulam a refeição ao menos uma vez por semana - e o principal resultado disso é a desatenção durante as aulas.

A pesquisa ouviu 300 professores do Ensino Fundamental I e II de escolas particulares da cidade de São Paulo, em junho deste ano. Além da desatenção, 80% dos professores dizem que as crianças que eles notam que não tomam café da manhã apresentam algum mal estar físico, como dor de cabeça, tontura, fraqueza e enjôo, nas crianças.

Para Mauro Fisberg, pediatra e nutrólogo da Universidade Federal de São Paulo, esses sintomas são típicos de hipoglicemia causados pela queda energética. "Após o período de jejum durante o sono, o corpo e o cérebro precisam de alimento para começar a desempenhar suas funções. Dependendo da atividade da criança no período da manhã, ela terá menos disposição, ficará mais cansada e haverá queda no desempenho", diz o pediatra. Entre as atividades mais prejudicadas no colégio com a falta da primeira refeição estão a leitura e os problemas de raciocínio rápido, como os de matemática.

Mesmo as crianças saudáveis e sem nenhuma deficiência nutricional grave podem apresentar os sintomas mencionados pelos professores se ficarem muitas horas sem se alimentar, ou, se a refeição não estiver adequada.

Mas como deve ser o cardápio da manhã? Um desjejum completo, recomendam os especialistas, é aquele que contém uma porção de carboidratos – de preferência pães e cereais integrais -, leite ou derivados e uma fruta. Os cereais fornecem energia e fibras. Já o leite e derivados são fonte de proteína e cálcio, importantes na formação dos ossos das crianças. E, as frutas suprem a necessidade de vitaminas e minerais.

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Após passar de seis a oito horas em jejum, o organismo precisa ser nutrido e a alimentação adequada no início do dia avisa o momento de vigília ao cérebro. "Além disso, ao para pular o café da manhã perde-se a oportunidade de ingerir alguns nutrientes essenciais, que dificilmente seriam compensados em outras refeições”, alerta Sílvia Cozzollino, nutricionista da Universidade de São Paulo. O leite é um exemplo. O consumo de cálcio recomendado, segundo a especialista, é 1.300 mg por dia. No entanto, os brasileiros consomem, em geral, de 300 mg a 600 mg apenas.
Minutos contados

Uma das principais explicações para não sentar à mesa e comer de maneira adequada de manhã é a falta de tempo. Com a correria do dia a dia, as opções se restringem ao mais prático e rápido e, nem sempre, saudável: o copo de leite com achocolatado, o biscoito recheado e até a pizza fria do jantar da noite anterior!

Uma dica é deixar a mesa pronta (e retirar apenas os ingredientes que ficam na geladeira) na noite anterior. Outro vilão do café da manhã da família brasileira é o cardápio monótono à base de café, leite e pão francês, sem frutas. Aumentar e variar as opções de alimentos é fundamental para que a criança não deixe de comer e faça escolhas mais saudáveis no futuro

“Hábitos de alimentação são ensinados e demandam tempo”, afirma Fisberg. “Antes o café da manhã era a refeição dos comerciais, o momento de reunião da família, quando todos se sentavam à mesa juntos. Hoje, com o tempo cada vez menor, cada um come o que quer e, muitas vezes, no caminho para a escola ou para o trabalho.”

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Em hipótese alguma deixe a criança sair de casa sem comer nada! Pular refeições é também um dos gatilhos para a obesidade. Ao chegar à refeição seguinte com mais fome, ela consequentemente vai comer mais. Comer várias vezes em pequenas porções ao longo do dia é a melhor maneira de manter a saúde em dia, além de deixar as crianças mais dispostas para o aprendizado.