Oito testemunhas de defesa e acusação prestaram depoimento, nesta quarta-feira (18), na sede da 1ª Vara da Infância e da Juventude, em Maceió, no processo referente à morte do médico José Alfredo Vasco, crime ocorrido em maio deste ano. Os dois adolescentes, de 16 e 17 anos, apreendidos sob acusação de serem os autores materiais do homicídio são ouvidos pelo juiz Fernando Tourinho de Omena Souza.

O processo corre em segredo de justiça por se tratar de dois menores de idade e o magistrado não pode passar nenhuma informação à imprensa, devido à legislação que consta no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A audiência de instrução, que acontece a portas fechadas, é mais uma do caso que chocou a população alagoana pela forma banal que culminou com a morte do médico.

Dentre as pessoas que são ouvidas pelo juiz está André Palmeira, filho do médico assassinado. Como declarante no processo, Palmeira disse que toda a família espera que a justiça seja feita e que se houver provas concretas contra os dois, que eles sejam condenados no rigor da lei. A família do médico acompanha a audiência.

Após o interrogatório das testemunhas e dos dois acusados do crime, a defesa e Ministério Público terão um prazo dado por Fernando Tourinho para que sejam apresentadas as alegações finais. Em seguida, o juiz deverá dar a sentença. Por serem réus confessos, os dois menores de idade podem ser condenados a três anos de internação, sendo esta a pena máxima, respondendo por ato infracional, equivalente ao crime de latrocínio (roubo seguido de morte).

A morte do médico e a prisão dos menores

José Alfredo Vasco tinha 6.7 anos e foi assassinado no dia 26 de maio deste ano. Ele estava de bicicleta e já retornava para sua residência quando foi abordado por dois menores armados quando passeava pelo Corredor Vera Arruda, no bairro da Jatiúca, em Maceió.

Armados, os adolescentes tomaram a bicicleta da vítima que, mesmo sem reagir ao assalto, foi atingida por disparos de arma de fogo. A dupla fugiu em seguida. José Alfredo Vasco morreu antes mesmo de receber atendimento médico de urgência.

O crime revoltou a população que, por meio das redes sociais, iniciou uma campanha contra a impunidade e o aumento da violência em Alagoas. Várias entidades voltaram a criticar a política do estado no combate a criminalidade e o assunto chegou a ganhar repercussão no legislativo alagoano, que cobrou uma postura mais rigorosa do governo.

No dia 13 de junho, a Polícia Civil confirmou que conseguiu esclarecer o crime e identificar os dois autores, graças a ajuda de testemunhas e as câmeras de segurança instaladas em prédios localizados nas imediações onde aconteceu o crime.

O menor W.G.F., 16 anos, já tem passagem pela polícia por envolvimento numa tentativa de resgate a detentos que participaram de queima de ônibus em Maceió, crimes ocorridos em dezembro do ano passado. Ele foi localizado no Vale do Reginaldo, no bairro do Poço, após um trabalho de investigação da polícia.

A prisão do adolescente aconteceu em sua residência, no Vale do Reginaldo. No local, os policiais encontraram a roupa utilizada por ele no dia do crime: uma camisa vermelha, bermuda preta e boné branco. Mesmo confessando a participação no assalto, W.G.F. negou à polícia que tenha sido o autor do disparo que matou José Vasco. Sobre o objeto do roubo, a bicicleta, em depoimento à polícia, o adolescente explicou que foi abandonada na região do Poço, já que, segundo ele, não teria grande valor econômico.

Já o outro adolescente, M.S., de 17 anos, foi detido pela Polícia no início do mês de julho, durante uma operação no Vale do Reginaldo, local onde foi encontrado. Em depoimento à delegada Ana Luiza Nogueira, responsável pelas investigações, o menor confessou que atirou em Alfredo Vasco.