O que há em comum nas conquistas de Brasileirão do Flamengo (2009), do Fluminense (2010) e do Corinthians (2011)? A resposta é simples. Em todas elas, Emerson Sheik estava presente. Iluminação ou sorte? Agora, mais uma vez, ele é protagonista na histórica e recente vitória do clube paulistano sobre o argentino Boca Juniors na final da Libertadores da América. Separado há quase dois anos de uma policial civil carioca, Sheik recebeu esse apelido quando jogou e morou no Oriente Médio (nenhuma referência a um harém).

Na entrevista, feita na última quarta, na casa do jogador, em um dos mais luxuosos condomínios de Alphaville, em São Paulo, Emerson diz que todo cuidado do mundo é pouco quando o assunto é mulher. "Olho e sei quando a mulher é uma Suelen. Não frequento os lugares delas. Estou sempre do outro lado da rua", brinca, fazendo referência à maria-chuteira de 'Avenida Brasil'.

Na entrevista reveladora, o jogador fala, também, da infância pobre em Nova Iguaçu, quando dividia um cobertor entre quatro pessoas, dos dois filhos, da cultura adquirida com o dinheiro e de sua companheira, a macaca Cuta, desde que se separou da policial.

Você é o cara do momento, né?

Não sei, sou? (risos) Cada um tem a sua parcela porque futebol é um esporte coletivo... Mas sei que ajudei.

Você pretende ficar no Corinthians por muito tempo? Você recebeu uma proposta da China, né?
Tenho contrato com o Corinthians até o ano que vem. Os chineses vieram atrás, sim. Um clube do Qatar também. Já tinha recebido uma proposta muito boa do Qatar no ano passado. Não fui pelos meus filhos, tinha acabado de me separar. Hoje, eu não iria pelo Corinthians.

Morar no Brasil é melhor do que morar fora?
Morei seis anos em Tóquio. Morei também em Dubai, na França... Só que nada se compara ao Brasil e sou apaixonado pelo Rio. Mas me adaptei bem aqui em São Paulo.

Como é o Sheik?
Sou simples. Nasci em Nova Iguaçu. As coisas deram certo na minha vida por causa do futebol. Gosto das minhas saidinhas, mas tento evitar as câmeras.

A fama não te fascina?
O jogador de futebol já é marginalizado no Brasil por ser jogador de futebol, saído da periferia, sem estudo... Já escutei dizerem: "Estudei a vida inteira e não ganho metade do que esse favelado ganha". O atleta já é marginalizado. Se ainda junta com esse lance de noitada e mulheres, complica.

Quando uma mulher se aproxima, você sabe que tipo ela é?
Cara, eu sei. Não sou santo, mas seleciono.

Você se preocupa com a imagem?
Sim. Minha imagem já não é muito legal pelos envolvimentos em certas situações, como a minha saída do Fluminense e outros acontecimentos. Além disso, meu filho já está fuçando a Internet, vendo tudo...

Seu filho é Emerson, mas você não se chama Emerson, né?
Emerson era apelido. Pra jogar, na época em que morava em Nova Iguaçu, um amigo (leia-se agente) chegou com uma documentação. A vida era muito difícil, nem casa a gente tinha. Peguei o documento, usei e fui pro São Paulo. Nem precisava disso, mas já era tarde (com a apresentação desses documentos fez-se uma manobra para que Emerson se apresentasse como um jogador mais novo).

Mas seu nome original não é esse.
É Marcio Passos Albuquerque e mudou para Marcio Emerson Passos.

Você gosta de ser chamado de Sheik, Marcio ou Emerson?
Emerson, porque meu filho se chama Emerson Filho.

O que o futebol te proporcionou?
Minha maior riqueza com o futebol foi o que aprendi. As culturas e idiomas diferentes que aprendi, as amizades que fiz.

Quem é essa? (um macaco aparece de repente)
É a Cuta, um macaco-prego. Aqui moram eu, meu primo e a Cuta, que comprei no Rio assim que me separei.

Não era melhor um cachorro?
Aí é que entra o Emerson. Todo mundo tem um gato, um cachorro, um papagaio... Eu sou diferente... E Cuta significa preta em hebraico.

Você foi campeão brasileiro pelo Flamengo, Fluminense e Corinthians. Agora, é campeão da Libertadores. Você se considera um iluminado?
Acho que essa luz veio no momento em que Deus me tirou de Nova Iguaçu. A vida era muito difícil, esse é meu maior presente.

Como era essa vida?
A jaula da Cuta seria um palácio se a gente tivesse isso pra dormir. Era um cobertor pra dividir para quatro pessoas - eu, minha mãe, meu irmão e minha irmã - dentro de um quarto.

E você tinha pai?
Eu tinha três anos quando meu pai deixou a gente.

Essa falta do seu pai pesou na hora que você decidiu não ir para o exterior?
Na época, a gente precisava de dinheiro, porque meu pai não dava, mas eu precisava muito mais do amor de pai.

Você assiste a 'Avenida Brasil'?
Não sou noveleiro! Sei que tem uma maria-chuteira na história, a Suelen.

Você conhece algumas na vida real?
Não tenho amizades, mas eu olho e sei quando é uma Suelen. Não frequento os lugares delas. Estou sempre do outro lado da rua.

Qual é o tipo de mulher que o Emerson gosta?
Educadas e bonitas.

A roupa influencia?
Sim, e tem que ter postura.

Você é vaidoso?
Muito.

Qual é o limite da sua vaidade?
(Risos). Para treinar, troco de roupa umas três vezes. Tenho que estar combinando: tênis vermelho com pulseira do relógio vermelha...

Você ganha mulher no papo?
Se falar que eu ganho mulher pelo meu rostinho, estarei de brincadeira, né? Mas se me deixar falar cinco minutos, aí o negócio começa a ficar esquisito (risos).

Qual é o estado civil do Emerson hoje? Franciely Freduzeski....
A Fran é uma queridona, tenho o maior carinho do mundo e respeito, adoro o filho dela, o Quinho. E é isso.

Você pensa em ser comentarista de TV quando se aposentar?
Ainda está longe de me aposentar (risos). Quero viajar, passar uns seis meses nos Estados Unidos para estudar inglês. Acho que me empolgaria com algo na TV.

Você pensa em se aposentar com quantos anos?
Tenho 33 anos. A carreira do jogador, dependendo do biotipo e da condição física, vai até os 35. Vou jogar até me sentir bem.

E vai terminar aqui no Brasil?
Estou feliz no Corinthians.