Arte e cultura de Alagoas comemoram 40 anos de Teatro de Arena Sérgio Cardoso

13/07/2012 21:40 - Maceió
Por Redação

 

Querido e aconchegante. Assim muitos definem o Teatro de Arena Sérgio Cardoso, que neste sábado (14) comemora quatro décadas de vida intensamente voltada à produção cultural alagoana.

Idealizado pelo ator alagoano Bráulio Leite Júnior, construído e inaugurado no governo Afrânio Lages, aproveitando estrutura física já existente, do lado direito do Teatro Deodoro, a construção teve início no dia 12 de dezembro de 1971 e o Arena foi inaugurado no dia 14 de julho de 1972.

A inauguração ocorreu com a apresentação da peça “O homem da flor na boca”, de Luigi Pirandello (1923), tendo como intérpretes os atores Sérgio Cardoso, Jardel Melo e a atriz alagoana Nana Magalhães, integrante do grupo “Os Dionísios”.

A festa da inauguração contou com as presenças de personalidades do teatro brasileiro, destacando-se o embaixador Paschoal Carlos Magno, que na oportunidade liderava no país o movimento de apoio ao teatro amador. Um mês depois da inauguração, falecia subitamente o ator Sérgio Cardoso, razão pela qual seu nome batizou o Teatro de Arena.

Inaugurado durante a ditadura militar (1964-1985), o Teatro de Arena Sérgio Cardoso foi colocado à disposição dos poucos grupos de teatro amador de Maceió que se mantiveram atuantes, apesar das restrições impostas pela censura oficial à liberdade de expressão.

A ATA – Associação Teatral das Alagoas, constituída por universitários – liderada pela atriz Linda Mascarenhas, a grande dama do teatro alagoano, se manteve atuante. Através de suas montagens, implantou-se em Maceió a prática de “Teatro de Comunicação e Vanguarda” proposta pelo diretor carioca e Cidadão de Maceió Lauro Gomes. A ATA inaugurou com a montagem de “Hoje é dia Rock” o processo de pesquisa em busca de um teatro que valorizasse os signos da terra, sem regionalismos, e confirmasse a importância da juventude local para o aperfeiçoamento social e político do maceioense.

Em 1992, durante a primeira passagem pela presidência do Teatro de Juarez Gomes de Barros, sofreu uma profunda reforma nas coxias,caixa cênica, plateia, camarins, transformando-o totalmente. Também foram adquiridos equipamentos de som e luz de última geração e ar-condicionado central. A reabertura foi com o ATA,com o texto "Não Inventei Teatro" de Ronaldo de Andrade, com os atores Homero Cavalcanti e José Márcio Passos.

Segundo o diretor-presidente da Diteal, Juarez Gomes de Barros, “o Arena é uma sala de espetáculos própria para pequenas apresentações, com capacidade para 180 pessoas, mas que tem um importante papel para as artes em Alagoas, pois foi nele que gerações de novos artistas e técnicos tiveram suas primeiras oportunidades. É um prazer estarmos aqui para esta comemoração”, concluiu.

“Celebrar os 40 anos do Arena é uma honra, é resgatar mais uma vez a importância que esta sala de espetáculos tem, principalmente para a produção artística e cultural do nosso estado”.
“Entendemos a relevância deste equipamento cultural para o fomento de nossa produção, e obviamente nos sentimos comprometidos com a efervescência de sua grade de programação, o que nos exige criatividade e ação. Por isso, realizamos na última década projetos como "Som no Arena", "Instrumental no Arena", e estamos dando início à 8ª edição do projeto "Quinta no Arena", que no formato atual contempla todas as categorias artísticas, antes desmembradas nos diversos projetos”.

“É imprescindível destacar a percepção e ousadia de Bráulio Leite, entendendo a sua época e viabilizando a construção do Arena, e de Juarez Orestes Gomes de Barros, que na década de 90 revitalizou tecnicamente e estruturalmente o espaço, e já se comprometeu em mais uma vez repetir a iniciativa, garantindo as melhorias necessárias até o final de 2012”, definiu Alexandre Holanda, Diretor Artístico da Diretoria de Teatros do Estado de Alagoas (Diteal), que administra os teatros Deodoro e de Arena.

Segundo o Sociólogo e autor de teatro Luiz Sávio de Almeida, “o Arena equivale à introdução de um novo conceito de palco e de ambiente. Pequeno, intimista, ao contrário da distância entre o público e o palco, foi construído graças à tenacidade do Bráulio [Leite] e disto fui testemunha pessoal. Ali funcionava um restaurante, com uma ótima carne do sol, e Bráulio conseguiu liberar a área e fez o pequeno teatro. Por menos confortável que seja, sinto-me bem nele. Gosto dele. Bom dia de homenagear o Teatro de Arena, devemos pensar em todos aqueles servidores humildes que lhe dão vida. Seria bem bonita uma homenagem aos que se foram e que deram luz e ação naquela pequena casa que marca, por exemplo, o meu teatro. Ele dá a impressão de que o ator pode tocar em quem está sentado”.

Muitos grupos iniciaram a vida artística no Arena.“O Teatro de Arena tem importância vital para nós, artistas alagoanos, porque recebeu o primeiro espetáculo de palco do Grupo Joana Gajuru e de tantos outros. Chão de aprendizado, foi "pai" quando ficamos órfãos com o fechamento do Deodoro para reforma, e continua firme, abrindo espaço e ajudando a formação de plateia e dos artistas, sempre tão carentes de espaços. Pequeno no tamanho, mas extremamente importante em sua função, tem em suas vigas, de forma lúdica, entranhadas quase que parte da história do teatro alagoano”, afirmou Waneska Pimentel , atriz, diretora e gestora cultural.

Para Robertson Costa, ator, figurinista e produtor cultural da Cia. Teatro da Meia-Noite, "diversos foram os momentos de comédia e drama encenados em seu palco, onde os atores podiam sentir a respiração e pulsação dos espectadores em sua volta – a catarse coletiva, espetáculos nacionais e locais passaram também por lá, festivais estudantis etc. Com isso, presenciamos o nascimento de novos atores, técnicos e diretores, alimentando o fazer teatral. Em seus 40 anos de existência, nos presenteia e perpetua a história do teatro alagoano. Vida longa, Teatro de Arena Sérgio Cardoso!".

Juliana Teles, atriz e diretora, outra integrante de uma nova geração que se formou em apresentações no Teatro de Arena: “São 40 anos! Eu ainda nem existia e ele já estava lá, pequenino e aconchegante, mas como coração de mãe, sempre recebendo a todos e cabendo mais um. O Teatro de Arena foi berço para o surgimento de muitos artistas, poetas, músicos, atores, artistas em geral que tiveram sua primeira oportunidade naquele palco. Desde que cheguei a Maceió, fui acolhida por este palco várias vezes. Vi o Teatro de Arena sendo espaço de experimentações, criações e revelações. Que bom que ele ainda está aqui resistindo! Que venham mais 40 anos de fomento à cultura alagoana!”.

A festa dos 40 anos será neste sábado, com shows do Duofel – que fez sua primeira apresentação profissional no palco do Arena –, Divina Supernova e participações da Associação Teatral das Alagoas (ATA) e Associação Teatral Joana Gajuru. A entrada é franca, mas os convites são limitados e podem ser retirados neste sábado (14) a partir das 14h, na bilheteria do Teatro Deodoro.

 

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