A leitura dos últimos dias tem sido bastante reflexiva, confesso que não conhecia Baltasar Gracián e sua obra “A Arte da Prudência”, e desde que ganhei um exemplar do querido amigo Luiz Carlos de Almeida não consigo parar de ler.
Peço licença para nesse período pré-eleitoral compartilhar parte de um aforismo* que chama atenção: “Nunca se orientar pelo que seu inimigo deveria fazer: (..) analise os dois lados das coisas antes de resolver. Tente permanecer imparcial diante das possibilidades. Não pense no que irá acontecer, pense no que poderia ser.”
Interessante como a aproximação do período eleitoral tende a acirrar os ânimos e a esquentar os cenários, no entanto, deixar-se levar por paixões e impulsos, além de revelar-se temerário, poderá sepultar aquilo que poderia ser a maior virtude de alguém, a sensatez.
Essa reflexão não se encaixa apenas às eleições municipais que se avizinham, mas também às eleições de classe que ocorrerão em novembro na minha estimada OAB. Como os diletos leitores do Portal Cada Minuto já devem ter constatado, há dias que o tema tem rondado as discussões, seja entre os colegas de Pensata ou entre advogados blogueiros.
Eu, por minha vez, tenho procurado manter este espaço alheio à discussão e não é por razões diversas das que reputo interessante expor. Isso se deu pelo fato de que até o momento as discussões ainda não alcançaram o plano das ideias.
Por mais que tenha um enorme apreço pelo amigo Welton Roberto, ou pelo querido e estimado Omar, que nesse pleito, por ora, tem apoiado Marcelo Brabo, a quem conheci e por quem tive ótima impressão, e, ainda que não conheça o mais recente candidato, Thiago Bonfim, mas que encabeça chapa que é composta, até agora, por pessoas muito queridas e de meu convívio e admiração pessoal, acredito que tais argumentos sejam rasos e superficiais demais para sustentar uma declaração de apoio.
Por todos os lados sinto-me cercada e amparada por amigos, por pessoas admiráveis, com histórias dignas de feitos heróicos, mas que ainda assim não é suficiente para suplantar uma escolha que é tão importante para os advogados, para todos eles, e não apenas grupos - os que formam chapas.
Enfim, enquanto as discussões se mantiverem no nível raso das pessoas, das personalidades que encabeçam chapas, e não no plano das ideias, das propostas e das sugestões para uma Ordem que represente não grupos, mas advogados, cada qual com suas limitações e necessidades, prefiro abster-me de apoios declarados.
Continuo defendendo que o tempo ainda é o melhor aliado do eleitor, tanto na esfera da classe, quanto das políticas municipais, seja em novembro, ou em outubro, o que se espera é que as candidaturas passem logo para o próximo nível das campanhas, o das proposituras.
E nesse momento lembro-me do trecho de outro aforismo de Gracián que bem se encaixa: “A inveja encontra nas origens solo fértil e reina sobre tudo, lembrando as imperfeições do início em vez da grandeza atingida”.
E se as discussões não passarem logo para o campo do que realmente tem relevância para a sociedade e/ou para a classe, perigaremos assistir a enfrentamentos baixos e voltados a ataques pessoais, o que além de indigesto para nós - eleitores - também é vergonhoso.
No momento certo passos firmes devem ser dados, e para tanto devemos estar bem calçados, o que só será possível com a análise das opções em sua profundidade, para além dos rostos bonitos, corados e afáveis dos nomes apresentados.
Devemos aprender a escolher, e escolher o melhor, não o menos pior!
*aforismos são sentenças breves, e o livro é todo escrito assim.