Depois de tanto segredo o governo do Estado e o ministro da Justiça anunciam hoje mais um plano na tentativa de tirar Alagoas do incômodo lugar de mais violento do Brasil. Com pompas e circunstâncias o plano vem, em pleno São João, com cara de ser bombástico. Esperamos que não seja mais um estalinho bebé a ser jogado na cara da população que não aguenta mais tanta insegurança.

Afirmo, contudo, que não acredito em nenhum plano que não inclua como base primordial concursos públicos por mais policiais (civis e militares), peritos, delegados, médicos-legistas e, lógico, realinhamento emergencial dos salários destes profissionais. O último concurso que se teve notícia nesta área já tem mais de uma década. E olha que o governador prometeu que teríamos não sei quantos mil policiais por ano sendo chamados para não dar trégua ao banditismo. (Ah, esqueci, mas isso foi na campanha eleitoral, não foi? E o que eles prometem nas campanhas não vale depois da eleição, essa nossa velha mania de acreditar em tudo que se ouve dá nisso!)

Além da clara falta de infraestrutura dos locais de trabalho dos profissionais da área de segurança. Ou será que o Ministro da Justiça sabe que até outro dia um delegado de polícia despachava em cima de uma caixa de papelão? Teve também outro delegado que disse que a única solução para a sua delegacia era pedir ajuda ao Programa do Luciano Huck para incluir a reforma de seu local de trabalho no “Lar Doce Lar”. As delegacias estão caindo aos pedaços. Não existem policiais no interior do Estado para dar conta do trabalho policial. Policiais da capital se multiplicam em tantos para dar conta dos plantões e de seus horários a cumprir.

O instituto médico legal de Maceió é uma vergonha. Não só o local de trabalho, mas os instrumentos que disponibilizam aos médicos-legistas são de fazer rir qualquer marchante de interior no corte do gado. Falta de tudo, menos a cara de pau em dizer que Maceió é a terceira cidade mais violenta do mundo por causa das forças do passado. Já já mandam ressuscitar e prender Lampião! E colocam a culpa das mortes nele!

Até agora não se sabe o que vai ser feito. Talvez porque eles também não saibam muito bem o que fazer. Dizer que vão investir nas investigações dando valor ao trabalho pericial é dizer o óbvio ululante. Até porque os peritos em Alagoas precisam ter um pacto com as ciências ocultas e com o tarô, búzios e outras artes da adivinhação para poder desenvolver um trabalho decente tanto é a falta de tudo no referido órgão. (Ah, avisem o ministro da Justiça que em Alagoas a perícia está em greve. Por que será? Vá que ele não saiba e cometa uma gafe!)

Mas o leitor ávido por ouvir mensagem de apoio e esperança não se preocupe, eu realmente acho que esse plano é mais um daqueles planos infalíveis e “secletos” do Cebolinha para derrotar a Mônica.

Esperança? É já não possuo mais, e se ela é a última que morre, em Alagoas não podemos detectar a sua causa mortis por falta de médicos-legistas que façam a sua necropsia.