Um dia antes do lançamento do Plano Nacional de Segurança, representantes do Sindicato dos Policiais Civis (Sindpol) concederam entrevista coletiva para criticar alguns pontos ação. A não valorização salarial, falta de efetivo nas ruas, carência de armamento e as delegacias sucateadas foram as principais reclamações da categoria.

De acordo com o presidente do Sindpol, Josimar Melo, desde 2007, quando a Força Nacional teve que intervir no estado, o número de homicídios aumentou cerca de 10% a cada ano. “Eles criam essa política para que a sociedade acredite nessa sensação de segurança. Esse plano é uma estratégia equivocada, é de longe uma política séria. Mesmo sendo um plano ‘secreto’, o ministro já apontou como seria, o que a meu ver, não atende às necessidades dos alagoanos”, afirmou.

Ainda segundo Josimar, o boato entre os policiais é de que haverá ‘corpo mole’. “Eles já disseram que não vão trabalhar direito. Eles não estão sendo valorizados. Cerca de 500 policiais vão estar no estado para atuar no plano, mas eles irão ganhar além do salário, uma diária de R$300, serão R$ 9 mil por mês, enquanto o policial que é da casa não ganha nem perto disso”, afirmou.

Uma das reclamações dos representantes do Sindpol é em relação à alimentação dos policiais, que é a cada 12 horas, porém, como há uma carência de efetivo nas ruas, os policiais não conseguem se alimentar direito, pois trabalham praticamente sozinhos.

Para o delegado sindical Carlos Jorge da Rocha, o governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho, foi o responsável pelo estado de calamidade do Estado. “O governador colocou os policiais civis para tomar conta de presos. Policial tem que estar nas ruas para que haja investigação. O governador abandonou os policiais, vivemos com medo, nenhum policial quer andar armado, pois tem medo de bandidos, quem já viu a polícia ter medo de medo, só em Alagoas. O governador acabou com a Polícia Civil”, afirmou, mostrando ainda que as agências dos Correios estão tendo que se adequar à segurança.

Ele ainda criticou o curso de investigação que os policiais irão receber. “É a primeira aula dos policiais. Não entendo o porquê da implantação do curso. As milícias estão tomando conta do estado. Com a implantação desse plano o governador assinou o seu atestado de incompetência. Esse é o único estado que o coronel não vai para as ruas. Enquanto os policiais de fora estiverem aqui é o plano flui, mas quero ver quando forem embora”, frisou o delegado.

Os representantes do sindicato criticaram ainda a atuação do Ministério Público Estadual e mostraram que estão ao lado dos profissionais que atuam no Instituto Médico Legal. “Somos solidários aos médicos legistas. É uma vergonha, os médicos não têm estrutura para trabalhar. Eles fazem os exames no chão e com facas”, disse.

O sindicato mostrou ainda um número alarmante de dinheiro gasto com carros e helicóptero. “São gastos 28 milhões com locação de carros, com esse dinheiro daria para comprar mais de 900 carros por ano. Só a locação do helicóptero é R$5,8 milhões. Alagoas é um exemplo a nível nacional do que não deve ser feito em relação à segurança”, frisou Josimar Melo.

Apesar das críticas, os policiais estão otimistas com o plano. “Esperamos que o plano funcione e que a violência em Alagoas acabe. O governo apostou no caos para criar uma situação de emergência. A nossa parte estamos fazendo que é trabalhar e mostrar a situação para os alagoanos “, afirmou o presidente do Sindpol.