O preço da traição

11/06/2012 10:47 - Welton Roberto
Por Redação

Não é de hoje que se trai no mundo. Confiança, amizade, amor, ódio, revolta, ira, dor, sofrimento, fidelidade são os sentimentos que se misturam quando um elo é quebrado sem que o outro possa esperar ou estivesse preparado para tanto. Amigos traem. Maridos traem. Esposas traem. Namoradas traem, namorados traem. Irmãos traem. Inimigos não traem porque impedimos a sua ação, afastando-os de nosso convívio, intimidade e privacidade. Já os demais que acabei de elencar...

Ouso dizer que a traição é uma das piores formas de se negar o sagrado direito à defesa que tanto se preza e se luta dentro de uma sociedade que clama por democracia e justiça.

A traição atinge recônditos na alma e é capaz de produzir no traído reações inimagináveis. Muitas vezes, ele retira forças e se arma de coragem e ousadia até então dele desconhecidas e parte para o revide. A vingança, combustível não tão nobre, não raras vezes é usada como mote para o contra-ataque. O traído passa então à condição de agressor, em uma simbiose entre vítima e algoz que gera a profusão de distintos e diversos sentimentos.

O caso de Elize Matsunaga reflete mais um dos acontecimentos em que a traição passa a ser o objeto, o cerne, a razão da reação letal por quem foi ferida também mortalmente no sentimento da confiança e da fidúcia. O motivo, ao que parece, encontra-se na traição amorosa do marido infiel que não contente com seu casamento passa a buscar satisfação sexual em outras pessoas. O sexo aqui passa a ser também fator multiplicador dos efeitos da traição. E uma mulher traída...

De lembrar ao leitor amigo que por muitos anos a traição feminina foi motivo de teses que legitimavam o marido a matar a esposa adúltera para limpar sua honra. Atualmente não mais. E até hoje este suporte, fidelidade conjugal, tem sido o mote de muitas causas criminais país e mundo afora.

Não se defende aqui se o que fora feito é certo ou errado, justo ou injusto, mas quer se alertar, mais uma vez, para a a exploração midiática em detrimento de se buscar nas razões do fato as consequências da conduta humana, estipulando assim a pena justa dentro do princípio da proporcionalidade entre a ação e sua resposta social.

Concordo que o esquartejamento do corpo, após o assassinato, joga luzes e apimenta a questão. Mãs não se deve pautar o julgamento da conduta sem que se possa analisar todas as circunstâncias antecedentes e motivações que levaram a autora ao cometimento da fatídica e trágica ação. O agir, antes, durante e depois do crime se revela de suma importância.

Infelizmente, acredito que será mais um caso explorado exaustivamente pelas lentes ávidas pelo escárnio e pelas "exclusividades" macabras como entrevistar o primeiro namorado de Elize, a cabelereira, o atendente do salão de beleza, os lugares onde trabalhou, a professora do jardim da infância, etc etc etc, tranformando vítima em coitadinha e a autora da conduta em bruxa má de conto infantil. Já ouvi comentários de que ela era "uma garota de programa" (puta mesmo!!!) e que por isso teria praticado a ação premeditadamente. Nada mais ignóbil.

Mas uma coisa é certa. Este não será o último caso envolvendo sentimentos traídos, exploração humana, reação violenta, paixão, morte, dor, sofrimento.

O que se sabe por ora é que o traidor pagou um preço caro pelo seu ato, talvez desproporcional, talvez inexplicável e inexpiável e que necessitamos saber escolher melhor nossos desejos, pois como sempre digo aos meus alunos: CUIDADO COM O QUE DESEJAM, VOCÊS PODEM CONSEGUIR!

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