“Não é de hoje que existe uma crise de comando na Policia Militar de Alagoas, divididas em grupos ou facções com claras influências de líderes políticos diferentes a instituição está longe de ser controlada pelo Estado”, esta assustadora avaliação foi feita por um integrante do próprio governo em relato ao Cadaminuto.
Com um total que se aproxima de 8 mil homens a polícia militar tem apenas um quarto deste efetivo realmente nas ruas, a tropa envelhecida, em sua maioria fora de forma e insatisfeita com salários e condições de trabalho além das cobranças da sociedade alagoana, cada vez mais assustadas pela violência.
Soma-se a este quadro a burocracia governamental para a realização do concurso público que após três anos de anunciado, só esta semana, após uma série de manifestações populares saiu realmente do papel.
Mesmo assim o número de 1000 vagas, que deve ser liberado para o concurso já é considerado por demais insuficiente por todos que militam na área da Segurança Pública, a previsão é que, se tudo der certo, os primeiros concursados só comecem a trabalhar efetivamente em fevereiro de 2013 e até lá o governo vai ter muito trabalho pela frente para retomar o controle da PM de Alagoas
“Operação Corpo Mole”
Dois fatos acontecidos nos últimos dias externaram um problema que há muito vem sido relatado em várias instâncias, inclusive nas reuniões do Conselho de Segurança do Estado, a insubordinação de boa parte da tropa da PM Alagoana, aí incluindo até coronéis, ao atual governo.
Entre as ações que colocaram o atual comando da PM na berlinda estão a carta assinada por dez coronéis se solidarizando com os familiares do médico José Alfredo Vasco, morto por dois assaltantes na Praça Vera Arruda e o assalto ocorrido ontem pela entidade Sociedade Pestalozzi, quando os policiais militares que teriam ido fazer a ocorrência terem dito as vítimas dos assaltos procurarem o governador.
A carta dos coronéis foi considerada uma afronta, uma provocação e o governo , apesar de publicamente contemporizar, identificou ali uma ação política orquestrada com a intenção clara de destituir o atual comando da PM.
O problema é que este “trabalho” de enfraquecimento do atual grupo gestor da PM era feito até dentro do Palácio, quando um grupo político ligado a um dos partidos que dão sustentação ao governo trabalhavam intensamente para a substituição do comando da PM, e que esta movimentação só foi refreada quando o favorito do grupo para assumir o comando, o coronel Bulgarin, foi considerado um dos suspeitos no desvio de verbas de licitação, em tempo Bulgarin foi um dos coronéis que assinou a tal lista.
Em relação ao assalto da Pestalozzi, que é ligada a vereadora, Tereza Nelma, do PSDB, sabe-se que esta postura por parte de alguns militares não é novidade, em várias outras ações, inclusive dentro de delegacias, vítimas de assalto ouvem por parte daqueles que deveriam ajudá-los frases como esta “procure o governador”.
Ação deliberada
Após várias reuniões em Brasília, o governador deve chegar esta semana e lançar o propagado Plano Piloto de Segurança Pública, mas antes disto, de acordo com alguns assessores, terá que trabalhar forte para que seu governo reassuma o comando da PM de Alagoas.
“Existe sim uma ação deliberada de insubordinação dentro da PM, existem cabeças neste movimento e não é de hoje que o governador vem sendo alertado, vamos esperar para ver se acontece alguma coisa” relatou com preocupação um integrante do comando da PM ao Cadaminuto.