Causo minuto: Um conto de fadas e f... com tiro no pé!

03/06/2012 08:00 - Welton Roberto
Por Redação

Era uma vez um reino encantado e muito distante. Tão distante que nem o Google maps foi capaz de localizá-lo. Só pessoas muito especiais conseguiam decifrar o caminho de Oroz. A distância e seu secreto atalho eram compensados pela paisagem local. O lugar era realmente lindo, tinha sido desenhado pelos deuses como a terra prometida de belezas naturais infindáveis. Banhado por um mar de cor verde esmeralda e azul turquesa, céu azul anil e sol o ano inteiro. A brisa que vinha do oceano enchia as manhãs e tardes de um perfume sem igual, espalhando o toque suave das mãos de Afrodite, madrinha escolhida da terra encantada, a todos aqueles que conseguiam ali passar.


Pasárgada era pinto perto do reino de Oroz. Aliás, dizem que os pasagardenses morriam de inveja dos orozenses e por isso teriam encomendado o famoso poema para tentar suplantar a terra prometida que de nada precisava, além de seu bucólico esconderijo e felicidade abundante.


Lugar de mulheres esbeltas, fantásticas e belas. A mulher de Oroz era especial. Nascia com jeito de atriz de Hollywood e não perdia em charme para nenhuma criatura feminina do planeta. Vaidosa e sensual, a mulher de Oroz era de pele bronzeada, olhos acesos, rosto vivaz e sedutor. Difícil alguém que visitasse a terra encantada e não casasse com uma. Mas depois “o cabra” penava, pois as danadas eram realmente fogosas, em todos os sentidos.


O rei, monarca bonachão e feliz, gabava-se de ter aos seus pés as mais belas súditas, o mais belo reinado e as mais belas paisagens do planeta e ser o mais sabido de todos os tempos. Não precisaria de mais nada. Ali era realmente um reino de conto de fadas e f... (Calma! Ainda não, escritor).


Ele só tinha um problema, pequeno problema segundo o rei Anacletus Justus, mas que era enorme para a rainha Maquiavélica Afrodite (todas as mulheres adotavam Afrodite como sobrenome). Na adolescência a rainha ganhara o concurso de garota fogosa da paixão dos beiços de mel, título que ostentava no currículo como verdadeiro troféu. Dizem as más línguas que o Kama Sutra tinha sido orientado por ela. Mas os boatos nunca se confirmaram.


O rei sofria de constante disfunção erétil, ou no linguajar do orozense, era “frouxo nas coisas do amor”. Este pequeno, quase diminuto problema, era segredo real e os únicos a conhecê-lo era a própria rainha que sofria das suas consequências e o monsenhor Alcebíades Manuelus Bocudus, fofoqueiro na adolescência que fora para igreja para dar vazão ao seu ego de saber tudo que se passava na vida alheia. Vivia mais no confessionário do que na missa. Dizia ser um expurgador de pecados carnais. No futuro as técnicas de Manuelus Bocudus seriam aperfeiçoadas para grampos telefônicos e bisbilhotagem clandestina já que na bucólica Oroz não existia telefone.


A rainha sofria há mais de dez anos com o problema real do marido. Tinha sonhos eróticos alucinantes e acordava suada e ofegante. Os serviçais da rainha eram todos eunucos, pois o que mais apavorava o rei era a traição real. E já que sofria da “frouxidão do amor” era precavido. Os sonhos da rainha se intensificaram com o passar dos anos. A suadeira no leito do casal era tanta que  os adormecidos gemidos reais femininos começaram a ser ouvidos em outros cômodos do palácio. A frouxidão do rei passou a ser alvo de boataria e fofoca, nada real!


Tudo (ou quase) andava bem no reino de Oroz até aparecerem como droga alucinante as calcinhas oníricas. As mulheres foram à loucura e a paz se foi na pacata e fogosa terra de conto de fadas e f... (calma, leitor, ainda não!).


As calcinhas oníricas deram vazão aos sonhos e fantasias eróticas das já fogosas e belas mulheres do reino encantado de Oroz.


Calcinhas com enchimento, com sabor, comestíveis, com perfume de todos os gostos e para todos os fetiches, calcinhas com desenhos de posições eróticas e tudo o mais. As religiosas do reino disseram que era coisa do demônio e que aquilo acabaria com o sossego dos lares e com as famílias de Oroz.


Monsenhor Alcebíades Manuelus Bocudus começou a ter em seu confessionário relatos de traições, sonhos, erotismo puro de todas as mulheres que haviam experimentado as calcinhas oníricas. Lembrou-se da rainha e foi ter com o rei para providências urgentes, pois as mulheres pudicas do reinado exigiam uma atitude real. O reinado começava a se dividir entre as pudicas (geralmente feias, chatas, razinzas e melhores amigas, você já deve ter tido uma assim que só servia para melhor amiga, ou não?) e as devassas.


O rei se preocupou. Tomou uma atitude enérgica e sem precedentes na história da até então pacata e bucólica terra prometida. Proibiu o comércio das tais calcinhas e criminalizou o seu uso pelas mulheres e alguns homens de Oroz (o reino era distante, mas bem moderninho, hehe).

Foi o primeiro tiro no pé.

As vendas aumentaram depois que elas foram para a clandestinidade. Passou a ser fruto de cobiça das fogosas orozenses que caprichavam cada vez mais na sensualidade ao usarem as tais “fruto do pecado, agora realmente proibida”.


Marchas de mulheres pudicas (leia-se melhores amigas, hehehe) em defesa dos maridos e da família começaram a invadir o reinado, protestos na janela do palácio real. As devassas, mulheres que usavam as calcinhas na clandestinidade, aumentavam em número e em organização, fundaram o PCC (Partido das Calcinhas Contentes) e passaram a comercializar em escala organizacional o objeto de desejo das mulheres e homens do pacato e agora ardente em gozo e paixão reinado.


O rei, sempre aconselhado pelo monsenhor Bocudus, foi então mais drástico. Criou o NCCO. Núcleo de Combate às Calcinhas Oníricas. Um grupo composto pelos mais religiosos fundamentalistas tiranos do reinado. Carta branca real foi dada aos referidos componentes do grupo para invadir as residências dos súditos e buscar e apreender calcinhas “fora do padrão” e que pudessem originar pensamentos concupiscentes e criminalmente vedados. Foi uma guerra santa, ou melhor, nem tanto assim. Era o segundo tiro no pé.


Em ação os fundamentalistas do NCCO, milhares de calcinhas apreendidas e devassas levadas a masmorra. Muitas nem eram calcinhas oníricas, mas se tinham indícios de ser, ou no futuro seriam, também eram apreendidas. Uma calcinha com a cara da Minnie foi apreendida e tida como subversiva, pois insinuava relação com o “catita” Mickey Mouse. Outra com a figura da Margarida, acabou sendo apreendida pois insinuava que o Pato Donald seria um código secreto da genitália masculina. Calcinhas com a cara da Barbie, então, nem pensar...Tudo passou a ser suspeito e tinha cheiro de coisa errada. As calcinhas tinham que ter padrão Vovó Mafalda no inverno, sem cores e se possível enormes e largas, tipo "Maria Mijona". Nada de calcinha “pussy fit”.


O reinado entrava na era das trevas. Tudo e todos com desconfiança de que teriam em sua família uma irmã, uma cunhada, aquela prima (lembram-se de uma prima de infância, ah, tá deixa pra lá) que participavam do PCC. O NCCO avançava sem piedade nos lares e o rei contabilizando a concupiscência em seu reinado de todos os seus súditos, menos ele que continuava com a peste da frouxidão do amor e a boba da Luiza que continuava no Canadá em meio aquela devassidão toda.


A rainha começou a ter delírios por sexo e o maridão real atrás das calcinhas oníricas dos outros. Aquilo realmente não era coisa de Deus.


(vamos terminar a estória senão o leitor não chega ao final)


Até que um dia, de forma clandestina e abrupta chega às mãos (bem não foi propriamente às mãos, mas acho que o leitor entendeu) da rainha uma calcinha onírica. Ela havia se decidido. Não aguentava mais sonhar, sonhar, gemer, suar, e... nada! Iria se tornar uma devassa, e iria surpreender o rei que já tinha tentado de tudo para resolver seu problema de frouxidão do amor.


Aquela noite seria especial. A rainha dispensou os eunucos e as serviçais, perfumou o ambiente e chamou o rei para se deitar mais cedo. Assim que adentrou ao quarto real, o rei se deparou com a rainha em uma roupa de enfermeira real misturada com colegial e aeromoça (não me perguntem como é que ficou isso, porque eu também não sei).
De repente, ela inicia a dança das fogosas em um streep tease de fazer corar a Demi Moore. Ao retirar toda a roupa real, eis que lá escondendo a genitália real, a calcinha onírica top plus, com enchimento, perfume e sabor. Como em um milagre o rei se põe em prontidão e tem sua primeira ereção real depois de mais de dez anos de sofrer da frouxidão do amor.


Na hora em que ia consumar o ato selvagem (e real), os membros tiranos do NCCO, que tinham sido avisados pelo monsenhor Bocudus, invadem os aposentos reais e flagram o rei e a rainha, iniciando o amor e a concupiscência na clandestinidade real. Ao apreenderem a calcinha onírica, o entusiasmo do rei se foi. A frouxidão do amor voltou e ele ficou se perguntando de quem teria sido aquela ridícula e estúpida ideia de acabar com o sexo no reinado. Foi o terceiro tiro no pé. (na verdade pegou em outro lugar, mas aqui vou dizer que pegou no pé para ser delicado com o leitor, hehehe).


A rainha furiosa exigiu que extinguisse o NCCO e comandou o PCC para a alegria do reino que até hoje vive feliz e oniricamente encantado pelas belezas naturais, pelo mar azul turquesa e verde esmeralda, e pelas tantas e tantas mulheres devassas e fogosas que fazem a alegria de todos os súditos, menos do monsenhor Bocudus que foi com a Luiza para o Canadá. FIM. (Neste conto de fadas e f... não vai ter casamento...hehehe)
 

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