As condições de trabalho dos estivadores em Alagoas ganharam destaque após a morte de um trabalhador dentro do porão de um navio, na semana passada no Porto de Maceió. Para o presidente do Sindicato da categoria, João Epifânio, a vida de Fábio de Freitas Silva poderia ter sido salva caso ele estivesse usando equipamentos de segurança na cintura. Freitas morreu soterrado por parte de uma carga de fertilizantes.

No estado, cerca de 270 estivadores, ligados ao sindicato, realizam o trabalho de carga e descarga das embarcações. Por não contarem com um vínculo trabalhista com o Porto, segundo Epifânio, os estivadores exercem sua função com uma precária segurança de trabalho.

“Nós precisamos de grandes melhorias. Hoje trabalhamos sem seguro de vida, por sermos trabalhadores avulsos, além da falta de equipamento para auxiliar na nossa segurança”, afirmou Epfânio.

Segundo o presidente do sindicato, no Porto é realizada uma grande fiscalização nos trabalhadores, mas a mesma atenção não é dada aos ambientes nos navios. “Já ocorreram outros acidentes que tiveram vítimas, envolvendo outros tipos de cargas em contêiner”, disse.

Ainda segundo Epifânio, o sindicato está aguardando o encerramento do inquérito policial e da perícia para saber quem foi responsável pela morte do estivador e buscar uma forma de indenizar a família. “Não podemos deixá-los desamparados”, completou.

Sem cargas

Além da falta de segurança no trabalho, os estivadores ainda enfrentam a pouca oportunidade de trabalho no período de entressafra. De acordo com Epifânio, desde 2008 houve uma queda de cerca de 70% nas cargas que saem do Porto de Maceió devido à falta de incentivo do Estado, na infraestrutura no local.

De acordo com o sindicalista, muitas cargas de Alagoas estão sendo exportadas por outros portos de estado vizinhos, já que o Porto de Maceió não comporta receber navios de grande devido à profundidade, que é de 10 mil metros.

“Há uma falta de incentivo fiscal por parte do estado. Se tivesse uma profundidade de 13 mil metros possibilitaria a chegada de navios de grande porte e uma maior circulação de cargas no Porto. Está ficando um Porto sem carga”, fianlizou Epifânio.