Padrasto de jogador do Palmeiras é morto durante fuga da PM

18/05/2012 09:02 - Brasil/Mundo
Por Redação

O tatuador Irineu Perpétuo Beltrame, 47 anos, padrasto do jogador Wesley, do Palmeiras, foi morto a tiros nesta quinta-feira pela Polícia Militar durante uma perseguição cinematográfica que durou mais de duas horas, por ruas de um distrito rural e estradas e trilhas da zona rural no município de Elisiário, na região de Catanduva, interior de São Paulo. Beltrame furou diversos bloqueios da PM, dirigiu no meio de plantações de cana, bateu em viaturas e carros particulares e acabou atingido pelos disparos durante a perseguição, acompanhada até por um helicóptero da polícia. Ele levou um tiro em uma das pernas, que atingiu a veia femural, causando uma hemorragia que o levou à morte.

Beltrame estava acompanhado de uma adolescente de 17 anos. Segundo o delegado titular de Elisiário, Emanoel Pires Barbosa, a moça contou que chamou o tatuador para fumar maconha e cheirar cocaína e os dois combinaram de usar as drogas debaixo de uma árvore, onde ficariam o dia todo.

Mas, enquanto procuravam um melhor lugar, na zona rural, os dois se depararam com um bloqueio da PM numa estrada vicinal. Um oficial deu sinal para parar, mas Beltrame não obedeceu, jogou o carro contra ele e saiu em fuga, em direção ao um bairro rural chamado de KM 7. "Acontece que ele entrou em uma rua que está interditada por causa de uma festa do bairro. Uma viatura se aproximou, mas ele deu marcha-ré, jogou o carro contra os PMs, bateu na viatura e em outro veículo particular e conseguiu fugir", contou o delegado.

Nesse momento, a PM já tinha chamado reforço e acionado a Guarda Municipal de Catanduva e o helicóptero Águia, que também passou a perseguir o VW Gol do tatuador. Beltrame então seguiu por uma estrada de terra em sentido ao bairro rural de Caputira, onde Beltrame passaria por novo bloqueio. Ao ser parado, jogou os carros contra PMs e viaturas e saiu novamente em fuga, fugindo pelo meio de uma plantação de cana.

Depois de seguir por outras estradas de terra em sentido a uma rodovia, o tatuador entrou por uma trilha, jogou o carro contra cercas e entrou num pasto, de onde não tinha saída. Foi novamente cercado pela PM. Na tentativa de outra fuga, bateu novamente em uma viatura e, dessa vez, o carro parou. Após alguns minutos, ao entrar no Gol, os PMs observaram que Beltrame estava ferido na perna, atingido por um tiro, possivelmente disparado durante a perseguição. O resgate foi chamado, prestou os primeiros socorros, mas ele não resistiu e morreu no local.

Delegado: "fuga suicida"

No carro, os policiais encontraram apenas um cigarro de maconha, usado parcialmente. "A adolescente nos contou que, durante toda a perseguição, pedia para ele parar, mas ele estava irredutível, dizendo que não iria se entregar de jeito nenhum", contou o delegado. Segundo o policial, nenhuma arma foi encontrada com Beltrame, o que leva a crer que ele não tenha feito disparo contra os policiais.

Nenhuma das cinco testemunhas - incluindo um PM - relatou a ocorrência de troca de tiros.

"Um deles disse que ouviu muitos disparos, mas não soube dizer de onde partiram", declarou Barbosa, que pretende encerrar o caso em 30 dias. "Não vai ser difícil saber de onde partiram os disparos porque os calibres das armas da PM e da Guarda Municipal são diferentes", afirmou. A adolescente foi liberada e colocada à disposição do Juizado depois de a família ter sido chamada.

A irmã do tatuador, Aparecida Maroz Pegoni, disse que a família tinha poucas informações sobre a ocorrência e que espera maiores informações por parte da polícia. Segundo ela, Beltrame estava separado da mãe de Wesley - a quem criou praticamente desde o nascimento e que esteve no velório - havia cerca de um ano. "Não sabemos o que ocorreu, estamos surpresos com tudo isso, porque ele não faria uma loucura dessas. Não entendo por que ele não parou e se entregou", disse ela.

O delegado também disse não entender por que Beltrame não parou o carro e se entregou, preferindo continuar com a fuga. Segundo Barbosa, ao prestar depoimento, a adolescente contou que Beltrame disse estar sofrendo pressão e ameaças por parte de uma mulher, que ele não soube dizer quem era. "Pode ser que a separação dele ou essa pressão que estava sofrendo tenha colaborado para que continuasse com essa fuga suicida", contou o delegado.
 

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