ONU defende novo modelo de crescimento e UE diz confiar no euro

18/05/2012 06:50 - Brasil/Mundo
Por Redação

A ONU lançou nesta quinta-feira um apelo à comunidade internacional para criar de maneira global e coordenada "um novo modelo de crescimento" como resposta à crise econômica, enquanto o presidente da Comissão Europeia - órgão executivo da União Europeia (UE), José Manuel Durão Barroso, disse que o bloco fará o necessário para salvar o euro.

"O antigo modelo falhou. Precisamos criar um novo modelo de crescimento dinâmico", declarou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, durante a abertura de um debate de alto nível sobre a economia mundial, evento que congrega durante dois dias destacados economistas e vários ministros e chefes de Estado e de governo.

A mensagem da autoridade máxima da ONU foi clara. "É necessário um novo paradigma de crescimento, de um crescimento que seja equitativo e sustentável e que beneficie as gerações atuais e futuras", destacou Ban no plenário da Assembleia Geral.

Ele pediu ao mundo "uma revolução" e a execução conjunta de um modelo que aposte em "economias estáveis", mas sobretudo em "oportunidades para todos" e que tenham forma de "empregos decentes".

"Chegou o momento de reconhecer que o capital humano é tão importante como o financeiro. Chegou a hora de investir nas pessoas", disse o secretário-geral, que lamentou a perda de 200 milhões de postos de trabalho no mundo todo desde o início da crise.

Ao mencionar esse número, Ban chamou a atenção dos políticos de todo o mundo para a necessidade de se aplicar medidas para criar empregos, já que, se fracassam, "colocarão em perigo a coesão social e criarão instabilidade política".

Ban foi além e lembrou aos presentes sobre a insatisfação popular internacional de pessoas que "foram às ruas para protestar" seja no marco da Primavera Árabe seja no movimento Occupy Wall Street. Ao mencioná-lo, o secretário-geral pressionou por respostas a todos.

O apelo de Ban foi respaldado pelo presidente da Assembleia Geral, Abdulaziz al-Nasser, que convidou a comunidade internacional a aproveitar o debate na ONU para tentar fixar "uma resposta coordenada" ao que chamou de "crise global".

O assunto também foi abordado nas palavras do presidente da Comissão Europeia. Barroso aproveitou o fórum das Nações Unidas para defender a vigência do euro como moeda comum e lançar "uma mensagem de confiança" ao dizer que a UE fará "tudo o que for necessário" para superar a crise que afeta a zona do euro.

"O euro é muito mais que uma mera estrutura monetária, é o produto de um projeto de paz e reconciliação que levou à integração europeia", acrescentou o político português, que defendeu as medidas que o conjunto da UE realiza e expressou confiança de que, "apesar das dificuldades", a Europa seguindo "o bom caminho".

Barroso reconheceu que a Comissão teria preferido uma resposta mais rápida e em algumas ocasiões mais audaz à crise. Sobre o debate entre austeridade e crescimento, priorizou a cautela: "para recuperar o crescimento e restaurar a confiança, necessitamos consolidação fiscal, reformas estruturais e investimentos específicos".

Durante o primeiro dia de debates, destacaram-se também as vozes do ex-presidente do Federal Reserve (Fed) Paul Volcker e do prêmio Nobel Joseph Stiglitz, que defenderam "uma resposta global" aos desafios que o mundo enfrenta em matéria econômica.

"Uma crise global precisa de uma ação coletiva global para restaurar a confiança, impulsionar o crescimento econômico e criar empregos produtivos para todos", enfatizou Stiglitz, que, em vez de falar do papel do G20, preferiu reforçar o potencial do que chamou de "G-192", com todos os países da ONU trabalhando ao uníssono.

Volcker - conhecido entre outras coisas por promover a lei que leva seu nome e que em 2008 proibiu os bancos americanos a fazerem investimentos especulativos em benefício próprio, e não no de seus clientes - defendeu uma ação comum dos mercados até na regulação das entidades financeiras.

"Se não ficarmos juntos, cairemos separadamente", alertou Volcker, que defendeu a aplicação de "uma disciplina comum", a manutenção dos mercados abertos, em questões de comércio e também de bens financeiros e intangíveis, e o fortalecimento da regulação internacional, "especialmente no mundo das finanças".

Também participou do encontro o presidente do Panamá, Ricardo Martinelli, que destacou a América Latina como exemplo de crescimento em tempos de crise, assim como o vice-primeiro-ministro turco, Ali Babacan, e o presidente da Albânia, Bamir Topi, entre outros líderes.
 

Comentários

Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.

Carregando..