Conselheiros tutelares apontam aumento no abuso de crianças em AL

18/05/2012 02:59 - Maceió
Por Redação
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Nesta sexta-feira (18) é comemorado o Dia nacional do combate ao abuso e à exploração sexual das crianças e dos adolescentes. Em Alagoas, os casos têm crescido de forma considerável e as autoridades ainda lutam para controlar o avanço desse tipo de crime, bem como se articulam para a criação de estratégias de prevenção dos casos.

De acordo com dados do Fórum Estadual de Conselhos Tutelares, desde o início do ano já foram registrados cerca de 300 casos de abuso e exploração de crianças e adolescentes em Alagoas. Mas, para entender a situação, é preciso explicar a diferença entre abuso e exploração, que são considerados semelhantes, mas tem grandes diferenças.

O abuso se caracteriza quando o infrator abusa de uma criança ou adolescente apenas para satisfazer os próprios instintos. Já a exploração se trata de um abuso recompensado. O maior exemplo disso é a prostituição, quando se ganha uma quantia para se fazer um ato contra a própria vontade. Além disso, promessas de emprego ou melhoria de vida podem ser consideradas recompensas.

Diante desta situação, os conselhos tutelares confirmam um número alarmante de aumento em casos de abuso, os que são praticados por membros da família, principalmente por pais e padrastos, contra menores do sexo feminino.

“Quando analisamos caso a caso, confirmamos a falta de base familiar e esse tipo de ato acontece”, disse José Edmilson de Souza, presidente do Fórum Estadual de Conselheiros Tutelares e membro do Fórum Nacional.

Se o número de casos e abusos tem crescido, a quantidade de famílias denunciando os casos também aumentou. “As pessoas confiam no nosso trabalho e ficam com medo de ir à delegacia”, afirmou Edmilson.

Outro número alarmante é o proporcional à população e o número de conselhos tutelares atuantes. Em Maceió, para uma população de aproximadamente um milhão de pessoas, a capital alagoana tem conselhos espalhados em cinco regiões, que podem ser ampliadas após as eleições, pulando para sete, quando o número ideal seria 10.

O número de casos de abuso e exploração em Maceió está, em sua grande maioria, concentrada na periferia. O fato de a cidade ser considerada uma rota turística, aumenta ainda mais o índice.

“Essa questão da prostituição, vinda da exploração, acontece muito pela questão da sobrevivência. Tem muita gente se prostituindo por dinheiro grande, mas também por migalhas, infelizmente”, afirmou.

Além de combater a violência vindo de dentro das casas das vítimas, os conselhos tutelares ainda enfrentam dificuldades de manutenção, condições do trabalho e principalmente de segurança.

“Não existe o conselheiro ter de comprar materiais de expediente para trabalhar. Outra coisa é a segurança. Convivemos com ameaças, temos profissionais abandonando seus postos com medo e a segurança é quase nenhuma”, finalizou.
 

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