Com o slogan “Todos pela Educação” o governo federal tem investido todas as suas forças em popularizar o ensino no país. Para tanto tem criado metas que persegue incansavelmente, a fim de adequar-se a padrões internacionais.

No entanto, poucos têm questionado a qualidade desse ensino, não só o superior, mas o de toda a vida acadêmica de um brasileiro. Municípios e Estados trabalham com números, batendo metas e preenchendo as bancas escolares. Para continuar seguindo seu objetivo precípuo, de a cada ano aumentar o número de vagas e de estudantes, as escolas já não se preocupam com a qualidade desse aprendizado.

Os alunos não são reprovados, as faltas não são computadas, e o que se apregoa é o aumento significativo de crianças e adolescentes em idade escolar que estão matriculadas. O que não significa que frequentem as aulas e nem que aprendam o que lhes é ensinado, ou que deveria ser.

As escolhas não são fáceis para quem está diretamente ligado ao ensino nesse país. Os professores são cada vez menos reconhecidos, seus salários estão muito defasados, tendo que se submeter a períodos de trabalho estafantes e degradantes para conseguir completar a renda familiar. Além dos problemas de ordem remuneratória, ainda lidam com estudantes cada vez mais marginalizados, submetem-se a riscos relacionados à segurança, tanto criminal quanto estrutural. Não é fácil.

Na outra ponta, os alunos se desinteressam cada vez mais pelos estudos, muitos só são matriculados para que as famílias recebam o bolsa-família. O que não pode ser condenado, é um dinheiro extremamente necessário, mas que não é suficiente para incentivar esses alunos a estudarem e ambicionarem um futuro melhor.

Tem-se visto muita comemoração por muito pouco. Os partidários do governo federal celebram números, mas não enxergam o “emburrecimento” generalizado. As Universidades estão ficando cada vez mais cheias de pessoas despreparadas. Pessoas que passaram a vida sonhando em ocupar uma cadeira no ensino superior mas que carregam a chaga de um ensino fraco, depauperado e que dificilmente será recuperado em 4 anos de ensino superior.

Não raras vezes os professores relevam erros básicos de matemática e de português justificando que ensino superior não é para ensino básico, recomendando que busquem cursinhos, esquecendo-se que não há “bolsa-cursinho” e nem “bolsa-recupere o tempo perdido”.

O que estamos assistindo é a falência generalizada do ensino neste país, e não é só o público, também são os números que movem o ensino particular. O que justifica a melhor qualidade do ensino particular é o investimento nos professores.

Livros são artigo de luxo, mas televisores e carros têm redução de IPI. Bibliotecas estão sempre desatualizadas e são pouco frequentadas, mas o Brasil tem dinheiro suficiente para emprestar a Fundos Internacionais e almejar assento no Conselho de Segurança da ONU.

Os princípios que movem o Brasil estão muito bem definidos, e se refletem em números. A qualidade de vida dos brasileiros perdeu espaço para as bolsas, não só as de auxílio mas também as de valores.

E não podemos perder o foco.

Como querer uma sociedade mais igualitária, mais justa, consciente, se ela tem sido preparada para acreditar no que meios de comunicação de massa informam e se acomodarem às verdades (im)postas? Como querer uma sociedade questionadora, se ela é incapaz de pensar por si?

Obviamente que toda generalização é tosca e contraproducente. Há, sim, exceções, e estas devem ser registradas. Mas no universo em que a sociedade se insere, onde não há incentivo ao conhecimento - à busca pelo saber -, a “conquista” de um diploma tem sido o bastante, mas o mercado é voraz, e logo terão que criar o “bolsa-emprego”, ou estaremos diante de um horda de desempregados, mesmo com o mercado repleto de vagas.

Que o Brasil passe a adotar o slogan “Todos pela Educação de Qualidade”.