Um estudo divulgado no início da semana trouxe uma triste realidade para Alagoas: o segundo lugar no país em homicídios de mulheres. São 8,8 vítimas para cada 100 mil mulheres, o dobro do valor geral do Brasil, que é 4,4. De acordo com dados da Secretaria Estadual da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos (SEMCDH), mulheres negras e pobres, e com baixa escolaridade representam mais de 70% das vítimas.
El Salvador lidera o ranking, com taxa de 10,3 vítimas para cada 100 mil mulheres. Na frente do Brasil ainda aparecem Trinidad e Tobago (7,9), Guatemala (7,9), Rússia (7,1), Colômbia (6,2) e Belize (4,6), aparecendo finalmente o Brasil com 4,4%. Todos são superados pelos estados do Espírito Santo com 9,4 e Alagoas, com 8,3%.
De acordo com a titular da SEMCDH, Kátia Born, nos últimos 10 anos, os números triplicaram. “Estávamos em 6° lugar. Agora ocupamos a segunda colocação. Os índices são alarmantes. Em 2008 tínhamos 83 homicídios, ano passado tivemos 142. Esse número quase dobrou. E infelizmente essas mortes são ligadas à violência doméstica”, afirmou a secretária.
Ainda segundo Kátia, mais de 70% dos casos são mulheres entre 31 e 51 anos, que sofreram violência doméstica. “As mulheres precisam ter consciência e denunciar o agressor. Muitas pessoas acreditam que os crimes são ligados ao tráfico de drogas, e não é. A maioria das mulheres é negra e pobre e não concluiu o ensino fundamental”, frisou Born.
Violência doméstica
De acordo com a secretária, no ano passado 12 projetos foram aprovados pelo governador Teotonio Vilela Filho para tentar minimizar os problemas. Kátia disse ainda que é preciso muito mais do que está sendo feito.
“Aos poucos estamos conseguindo fazer com que as mulheres entendam e denunciem. Já fizemos várias campanhas e pretendemos fazer ainda mais. Já estamos com programação em Maragogi, Palmeira dos Índios e São Miguel dos Campos, onde serão implantadas delegacias específicas para as mulheres”, afirmou.
Kátia mostra ainda que a Lei Maria da Penha foi uma grande vitória para as mulheres. “Precisamos que toda a sociedade esteja envolvida e engajada. A cultura alagoana ainda é muito machista e por isso, precisamos de campanhas sistemáticas”, revelou.
Dados
Em 2008, 83 mulheres foram assassinadas em Alagoas; em 2009, 108; em 2010, 126; e em 2011, 142. Dessas, em 2010, 56 mulheres foram assassinadas na capital alagoana, 57 na região metropolitana e 10 no interior; em 2011, 60 mulheres foram assassinadas em Maceió, 13 na região metropolitana e 69 no interior de Alagoas.