Em contrato, Club Kart afirmava que não se responsabilizava por acidentes

25/04/2012 08:43 - Maceió
Por Redação
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Ferros retorcidos, muro ao chão, barreira de pneus considerada pequena, karts ‘sucateados’, falta de uma equipe para atendimento médico. Essas são algumas das deficiências visíveis no Club Kart Alagoas e que demonstram o grande número de acidentes, mas principalmente a ausência de um requisito básico para a prática deste tipo de esporte: segurança.

Instalado no estádio Nelson Feijó, do Corinthians Alagoano, no Tabuleiro do Martins, em Maceió, o Club Kart deveria ser destaque nas páginas esportivas, mas ganhou repercussão após a morte da adolescente Carol Porto, 12 anos, vítima de um acidente no kartódromo no último dia 14.

O local estava aberto de forma clandestina, como afirma o Superintendente Municipal de Controle do Convívio Urbano (SMCCU), Galvacy de Assis, já que não possuía um alvará de funcionamento e acabou sendo interditado na manhã desta quarta-feira (25). O kartódromo passou por uma vistoria e foi lacrado.

“Eles foram notificados já que funcionava totalmente de forma irregular, sem a licença da prefeitura. Estamos elaborando o processo que será encaminhado ao setor jurídico da SMCCU para saber o que deverá ser feito a partir de agora. Nossa função é fiscaliza e por isso, caso eles retirem o lacre e reativem o espaço poderão sofrer penalidades ainda maiores”, explicou o superintendente.

Assis garantiu que não tinha conhecimento de que o espaço estava sendo utilizado para a prática esportiva. “Só ficamos sabendo do kartódromo por conta das notícias na imprensa. Nossa equipe de fiscalização é pequena, por isso pedimos à população que denuncie se existem outros locais que estejam sendo utilizados para esse esporte”.

Se os responsáveis pelo Club Kart podem responder criminalmente sobre a morte da adolescente, Assis garantiu que isso caberá à polícia, que deverá instaurar um inquérito para investigar o caso. “Essa é uma função policial”.

Estudante afirma que morte foi ‘uma tragédia anunciada’

Para ter momentos de diversão ao lado de amigos no Club Kart, era necessário desembolsar R$ 60,00, acrescidos de R$ 5,00, valor cobrado pelo aluguel da luva. O pagamento dava direito a participar das corridas durante 15 minutos, após a assinatura de um ‘contrato’. Nele, constavam os ‘direitos e deveres’ do contratado e contratante.

Mas o que chamou a atenção de uma estudante de direito, que esteve no kartódromo com amigos no início do mês, foi uma cláusula considerada abusiva e totalmente inapropriada. “Fiquei abismada quando li no contrato que eles não se responsabilizariam com qualquer tipo de acidente que acontecesse no local. Eu cheguei a indagar os funcionários, mas eles não tinham o que explicar”, desabafou.

A tragédia era algo anunciado, isto porque, segundo a estudante que enviou ao CadaMinuto fotos do kartódromo, não havia nenhuma condição de que o espaço funcionasse com segurança, liberando a participação até mesmo de crianças para as corridas. Uma das fotos mostra um aviso fixado dizendo que ser proibido sair do kart para se "auto salvar" ou salvar outra pessoa.

“A estrutura mostrava que algo de grave poderia acontecer. Quando cheguei percebi muito ferro retorcido das grades de proteção devido aos impactos, evidenciando a quantidade de acidentes. No meio do circuito tinha também um poste e comentamos com eles sobre isso, já que percebemos que a quantidade de pneus que protegia o poste não era suficiente”, relatou.

No dia em que esteve no kartódromo, a jovem presenciou um acidente e ficou horrorizada com a falta de assistência médica. Um cabo de freio de um kart falhou e o rapaz, de aproximadamente 25 anos, bateu no muro do Box, ferindo-se em várias partes do corpo, já que a parede caiu sobre ele.

“Ele ficou repleto de arranhões e sangrando. Lembro que pediram para pegar água no banheiro e alguém gritou dizendo que não, que a água de lá era suja e iria infeccionar os ferimentos. Compraram água mineral para limpar e o rapaz foi embora. Incrível como não tinha um técnico de enfermagem, nem mesmo uma gaze”.

A morte de Carol Porto fez com que a estudante procurasse a família da adolescente para uma possível ajuda em caso de ação judicial. “Fiquei muito mal quando vi o acidente da menininha. Imaginei que se eu tivesse denunciado, a fiscalização poderia ter feito algo. Já me coloquei à disposição da família dela já. Os donos eram cientes das falhas, cobravam um valor absurdo, e brincavam com a vida das pessoas”, finalizou.

A morte de Carol no acidente

O que seria uma tarde de diversão acabou de forma trágica para uma jovem de apenas 12 anos. Carol Porto, que é filha de uma funcionária da prefeitura de Santa Luzia do Norte, sofreu um acidente no CLub Kart Alagoas, no dia 14 de abril, tendo um grave ferimento na cabeça. Apesar da luta pela vida, a adolescente não resistiu aos ferimentos e veio a falecer neste domingo.

O CadaMinuto apurou que na tarde do sábado (14), a jovem Carol Porto foi acompanhada dos irmãos, Gustavo e Felipe Porto, para o Club Kart Alagoas, que está instalado no estacionamento do estádio Nelson Peixoto Feijó, de propriedade do Corinthians Alagoano.

Durante a brincadeira, o que seria um choque casual se tornou numa verdadeira tragédia. Apesar de estar utilizando equipamentos de segurança imprescindíveis, o capacete se desprendeu e o cabelo de Carol ficou preso ao motor do Kart. Ela teve grande parte do couro cabeludo arrancado e um grave ferimento na cabeça.

Desde o dia do acidente, Carol Porto estava internada em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa de Misericórdia de Maceió e foi submetida a vários procedimentos cirúrgicos. O sepultamento aconteceu na manhã de segunda-feira (23), no cemitério Parque das Flores.

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