Atualizado às 16h23.

Leonardo Pereira Lima, amigo de faculdade de Giovanna Tenório, prestou depoimento na segunda audiência sobre a morte da estudante. A oitiva aconteceu na tarde desta segunda-feira (23), no Fórum do Barro Duro, em Maceió. Lima confirmou o seu primeiro depoimento prestado à Justiça e afirmou que a ligação que Giovanna teve com traficantes foi por intermédio da amiga Meiry Emanuella de Oliveira Vasconcelos, conhecida como Manú. No entanto, o jovem garantiu que Giovanna nunca usou drogas.

Segundo ele, o motivo do rompimento da amizade de Manu e Giovanna foi uma dívida com um traficante, conhecido como Chiquinho, que mora no bairro do Jaraguá. Pereira garantiu que Manú comprou R$ 150 de cocaína ao traficante e disse que a droga seria para Giovanna. O contato entre o traficante e Manú teria sido através do celular de Giovanna. “Depois disso o traficante passou a cobrar da Giovanna, que tirou dinheiro da poupança, sem a mãe saber, para pagar essa dívida”, completou.

De acordo com a amiga de Giovanna, “Chiquinho” era amigo de infância da estudante, já que cresceram juntos no bairro do Jaraguá, no entanto, eles não mantinham contato. Lima relatou que após pagar a dívida, a vítima passou a cobrar o dinheiro da amiga. Com o fim da amizade, Manú se aproximou de Mirella Granconato, acusada de ser a autora intelectual do crime. Sobre o relacionamento entre Giovanna e Toni Bandeira, Lima confirmou que Manú foi a pessoa que o apresentou o casal.

“Ele (Toni) sempre insistia em dizer que era solteiro, mas dizia que Mirella não aceitava a separação. A Giovanna disse que estava se sentindo perseguida quando saia da faculdade. Uma vez um homem em um carro preto ofereceu uma carona a ela, que desconfiou. No dia da briga na boate a Giovanna ficou com hematomas”, completou.

Um detalhe revelado nesta tarde foi que os contatos telefônicos de Giovanna foram repassados para Mirella por Manú. De acordo com Lima, foi a partir desse momento que a vítima passou a receber ameaças da acusada. A primeira agressão ocorreu em uma boate na Ponta Verde, quando Giovanna estava na companhia de Toni e Manú. Já a segunda ocorreu em um bar, na cidade de Rio Largo.

A versão dada por Leonardo Lima foi negada por Meiry Emanuella durante seu depoimento. Ela garantiu que nunca comprou drogas no nome de Giovanna e que também quando apresentou a vítima a Toni ele disse estar solteiro. “Eu sabia que o relacionamento entre Toni e Mirella era conturbado, cheio de idas e vindas. Mas,no dia em que eles (Toni e Giovanna) se conheceram, o Toni disse que estava solteiro”, contou Manu.

Segundo Manú, ela não foi responsável pelo acesso da acusada aos contatos da vítima. Durante o depoimento, Manú foi questionada pelo advogado de defesa de Mirella, Raimundo Palmeira, sobre a relação do seu ex-namorado, conhecido como Tromba, com Giovanna. A testemunha respondeu que não tem conhecimento se a estudante havia comprado alguma coisa a ele. Tromba trabalhava com venda de artigos variados e foi assassinado há alguns meses.

Ela contou ainda que o fim da amizade com a estudante ocorreu oito meses antes do crime. Diante das divergências nos depoimentos, o juiz Maurício Brêda, que presidiu a audiência, fez uma acareação entre Meiry Emanuella e MIrella.

O caso

Giovanna Tenório foi encontrada morta em junho de 2011, em estado de decomposição avançado, num canavial, no município de Rio Largo. O corpo da estudante estava enrolado em um lençol e apresentava sinais de violência nas costas. Os peritos também encontraram um cordão de nylon no pescoço. A universitária estava com os mesmos trajes que usava quando desapareceu.

Antônio Bandeira e a mulher, Mirella Granconato tiveram seus nomes relacionados ao rapto e morte da estudante. Giovanna já manteve um caso amoroso com o empresário que havia negado que era casado. Tudo foi descoberto em uma festa em uma boate noturna de Maceió, onde Tony estava na companhia da mulher que flagrou um suposto encontro entre ele - o marido, e Giovanna.

As duas teriam discutido bastante e chegaram a trocar empurrões. Dias após, Mirella chegou a ameaçar por telefone a ex-amante do marido, que manteve alguns encontros com Tony às escondidas, conforme relatos de amigos da estudante.

No dia que a jovem desapareceu, ela teria avisado a família, antes de sair de casa, que não retornaria para almoçar. Giovanna passou a manhã participando do estágio do curso que era matriculada, no Cesmac. O estágio acontecia no Dique Estrada, região Sul de Maceió.
A retornar do estágio Giovanna teria falado a amigas que ia almoçar com um 'amigo' em um restaurante localizado próximo da agência do Banco do Brasil da Avenida Thomaz Espíndola, no bairro do Farol.

Amigas de Giovanna alegam que a estudante não falou o nome do 'amigo', mas demonstrava muita alegria. Foi esse 'amigo' que teria telefonado para ela pedindo para se apressar, pois já estava aguardando a moça. Este foi o último dia que amigos e parentes viram Giovanna com vida.

As investigações foram acompanhadas pelo Grupo Estadual de Combate ao Crime Organizado (Gecoc), do Ministério Público Estadual e juízes da 17ª Vara de Maceió, responsável pelas investigações de crimes praticados por grupos organizados.

Tony e a mulher alegam, em suas defesas, inocência na participação desse caso. Os dois chegaram a confirmar um relacionamento dele com a estudante morta e as brigas de Mirella com Giovanna.

O rapaz e um caminhoneiro, que estava com o celular de Giovanna, chegaram a ser presos pelo crime, assim como Mirella Granconatto. Os dois primeiros conseguiram liberdade, mas Mirella segue presa e já teve vários habeas corpus negado pelo Tribunal de Justiça de Alagoas.