Japonesa aponta Brasil como favorito em Londres e afirma ter medo de Marta

06/04/2012 19:14 - Futebol
Por Redação
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Ex-funcionária da usina nuclear de Fukushima, Karina Maruyama é considerada uma heroína pelos japoneses. A jogadora foi responsável pelo gol que eliminou a Alemanha nas quartas de final da Copa do Mundo feminina, em 2011. O feito abriu caminho para o inédito título mundial, conquistado apenas quatro meses após um terremoto seguido por um tsunami devastar a costa leste do país asiático. Hoje, ela está se preparando para tentar mais uma conquista inédita: o ouro nas Olimpíadas de Londres. Mas, para o sonho se tornar realidade, a seleção japonesa tem que derrotar o Brasil de Marta.

- Como ganhamos a Copa do Mundo, somos idolatradas aqui no Japão. Nenhum time de futebol feminino havia vencido uma Copa. O objetivo agora é a medalha olímpica. Mas a competição é grande e deve ficar entre Brasil, Japão e Estados Unidos. O Brasil tem a Marta, e eu tenho medo dela. Como vamos participar, queremos muito ganhar, mas tenho receio da Marta. Vamos fazer de tudo para conquistar - disse em entrevista exclusiva ao 'SporTV Repórter'.

Apesar de apostar no Brasil, a seleção japonesa goleou a equipe canarinho em amistoso realizado nesta quinta-feira. Sem a atacante Marta, que não viajou com a delegação, as brasileiras perderam por 4 a 1. O jogo serviu como preparação para as Olimpíadas de Londres.

Natural de Fukushima, a atacante da seleção já trabalhou na usina nuclear. Atualmente, cerca de um ano depois da tragédia, a cidade vive sob o risco de contaminação nuclear após explosões nos reatores. Assim que voltou da Copa do Mundo realizada na Alemanha, a atleta visitou sua cidade natal e se espantou com o que viu.

- Quando eu morava em Fukushima, eu trabalhava na usina. Eu não imaginava que a cidade ficaria neste estado. Dentro de mim eu não acreditava. Eu tenho um apartamento lá, minhas coisas estavam lá. Coisas importantes. Depois do acidente, decidi buscá-las. Mas meu apartamento fica a quatro quilômetros do centro da radiação, em um lugar muito perigoso. Eu fui, fiquei muito triste com tudo e pude ficar muito pouco tempo lá dentro.

Ao acompanhar de perto o sofrimento de seus conterrâneos, Karina descobriu que é considerada uma heroína não só em Fukushima, mas em todo o Japão.

- No dia do jogo eu me empenhei muito em respeito ao povo japonês. Eu acho que consegui fazer aquele gol por causa do incentivo do povo japonês. Eu encontrei uma vovózinha e ela me disse: 'A vitória de vocês na Copa me deu muita força para aguentar tudo isso'. Eu fiquei muito lisonjeada e cheguei até a pensar: 'Como continuar jogando futebol se tem tanta gente no meu país sofrendo tanto?'. Mas, depois desta mensagem, eu conclui que o que eu preciso mesmo é jogar muito futebol, com mais empenho. E é assim que vou ajudar.

Hoje, Karina mora em Tóquio, cerca de 250 quilômetros de sua cidade natal. Apesar de estar longe, ela conhece de perto o preconceito que os funcionários da usina enfrentam. Ainda mais depois da possibilidade de contaminação nuclear.

- De um lado estão funcionários afetados pela radiação. De outro, a população que mora hoje em alojamentos por causa da Usina… Então, acho difícil opinar por um dos lados. Fukushima já não tem quase moradores por causa da radiação. Eu fico muito triste ao ver a cidade onde eu nasci e cresci assim.

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