Em plena Semana da Mulher, a Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Alagoas, apresentou na manhã desta terça-feira (6), um relatório alarmante sobre os crimes cometidos contra a mulher nos períodos de janeiro a dezembro de 2011 e os dois primeiros meses de 2012.

De acordo com o relatório da comissão, que recolheu dados da Polícia Militar e Civil, 161 mulheres foram mortas de janeiro a dezembro de 2011, sendo 101 homicídios com armas de fogo, 28 por arma branca e instrumentos contundentes como faca, facão e enxada, 13 através de pauladas, pedradas, socos e pontapés, 10 por esganadura ou estrangulamento e 9 corpos encontrados em estado de putrefação ou apenas as ossadas, sem motivos aparentes.

Destes crimes, 61 foram cometidos na capital alagoana, enquanto os outros 100 foram no interior do Estado. O relatório apontou ainda, que a maioria dos crimes foram cometidos na parte alta da cidade, em conjuntos como Clima Bom, Village Campestres I e II, Cidade Universitária e Santa Lúcia.

Outro balanço feito nos dois primeiros meses de 2012, mostra que o número de mulheres assassinadas já atinge a casa dos 21 crimes, sendo 12 por arma de fogo, 3 por arma branca, 2 por espancamento, 1 por esganadura e 3 se motivo conhecido, encontrados em estado de putrefação ou apenas a ossada.

Numa comparação entre janeiro e fevereiro de 2011 e 2012, o atual ano já supera o número de crimes, com 21 registros contra 16 assassinatos contra as mulheres.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Gilberto Irineu, afirmou que o número é alarmante e as autoridades precisam rever as políticas públicas com relação a segurança e principalmente as mulheres. “É preciso repensar as políticas públicas. Não podemos comemorar por exemplo, a Lei Maria da Penha, já que ela não tem atingido o seu principal alvo, as mulheres. Temos de agir, desde as grotas até os bairros nobres, combatendo este tipo de crime”, afirmou.

Irineu confirmou ainda, que ainda hoje, este mesmo relatório e solicitações de mudanças nos procedimentos de segurança e medidas de proteção as mulheres devem ser encaminhadas as autoridades, como representantes do Governo do Estado , Polícia Militar, Civil, Tribunal de Justiça, Assembleia Legislativa e Secretaria da Mulher.

Já a vice-presidente da OAB, Raquel Cabus, sem generalizar, afirmou que os homens tem visto as mulheres de uma forma pejorativa e errônea. “A igualdade dois sexos parece ter ficado para trás. Os homens estão vendo as mulheres em padrão de igualdade de forma errada, se confrontando com elas e aumentando esse número absurdo de crimes contras o sexo feminino”, afirmou.

A reunião que aconteceu na sede da OAB, contou também, com a presença de autoridades, além de membros de associações de proteção á mulher, que também se manifestaram sobre o número crítico de crimes contra o sexo feminino.