Dilma nega adoção de quarentena para capital externo

05/03/2012 18:47 - Política
Por Redação

A presidente Dilma Rousseff voltou a criticar nesta segunda-feira (5) as políticas expansionistas adotadas por países desenvolvidos, sobre as quais deverá discutir mais tarde com a premiê da Alemanha, Angela Merkel.

Para a presidente, que chegou neste domingo a Hannover, na Alemanha, a injeção de capital desses países no mercado financeiro, estimada em US$ 8,8 trilhões (R$ 23,7 trilhões), equivale a uma "barreira tarifária", por produzir desvalorização artificial das moedas.

Dilma disse que o governo estuda novas medidas para proteger a economia brasileira da guerra cambial, depois do aumento recente do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

Mas negou que seja favorável a uma "quarentena", medida em discussão no governo que imporia um tempo mínimo de permanência do capital estrangeiro no país, sujeito a sobretaxas.

"Não estou defendendo quarentena, isso é uma temeridade. Tem dó", irritou-se a presidente ao ser questionada sobre a medida, considerada uma das mais drásticas para lidar com a valorização do real.

"Somos uma economia soberana. Tomaremos todas as medidas para nos proteger. Vamos ver quais medidas, como essa que tomamos recentemente sobre o IOF", afirmou.

Continuando sua crítica ao protecionismo cambial dos países ricos, Dila disse que "as políticas
monetárias expansionistas desses países produzem um efeito extremamente nocivo, porque desvalorizam de forma artificial as moedas".

ASSESSOR DESAUTORIZADO

Dilma desautorizou o assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, que na véspera havia indicado que o Banco Central irá anunciar nova queda da taxa básica de juros esta semana na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária)

"No meu governo, é o BC, Alexandre Tombini, nem eu nem ninguém tem autorização para falar sobre juros", disse a presidente em Hannover, na Alemanha.

Na chega a Hannover, no domingo à noite, Marco Aurélio Garcia havia dito que haverá "uma queda moderada" nos juros.

"Esse caminho já está definido, e com sucesso, porque não estamos tendo inflação", disse Garcia.

Depois de participar da cerimônia de abertura da Feira Internacional de Tecnologia de Informação, Telecomunicações, Software e Serviços (Cebit), a presidente Dilma jantará com a chanceler Merkel, com quem pretende abordar a crise cambial e a crise na Europa.

Na última semana, a Dilma criticou as políticas expansionistas dos países desenvolvidos e chamou a injeção de capital na zona do euro de "tsunami monetário".

Na quarta-feira, o BCE (Banco Central Europeu) injetou 530 bilhões de euros (R$ 1,2 trilhão) no sistema financeiro da zona do euro, numa tentativa de estimular a economia da região.

Durante a conversa que teve com jornalistas brasileiros no Hotel Luisenhof, onde está hospedada, Dilma sofreu um pequeno incidente: uma barra de ferro caiu no seu pé, e ela fez uma expressão de dor. "Vou mancar até amanhã", disse Dilma.

Comentários

Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.

Carregando..