Na segunda divisão paulista, líder RB Brasil faz preleção no cinema

29/02/2012 08:32 - Futebol
Por Redação
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Na véspera de mais um jogo pela Série A2 do Campeonato Paulista, o elenco do RB Brasil vivenciou uma experiência diferente nesta terça-feira. No lugar de um enclausurado hotel de concentração, uma sala de cinema. Em vez da cama, uma poltrona reclinável. E no lugar de uma dieta balanceada, muita pipoca e refrigerante. Para retomar o caminho das vitórias na competição, a equipe de Campinas foi ao cinema para assistir a "O homem que mudou o jogo", longa baseado em fatos reais e estrelado por Brad Pitt. Indicado a seis categorias do Oscar 2012, o filme não recebeu nenhuma premiação, mas servirá de inspiração para Sérgio Guedes e os jogadores para o restante da temporada.

Para quem esteve no cinema, a história tem muito a ver com a que vive o RB Brasil. Nas telas, Pitt interpreta Billy Beane, o gerente-geral do Oakland Athletics, time de beisebol que tenta sobreviver na disputa contra os grandes na Major League Baseball (MLB). Com um orçamento muito abaixo dos rivais, o manager monta – diante de muitas dificuldades – uma equipe modesta financeiramente, mas eficiente em campo. Vence 20 jogos seguidos no campeonato de 2002, e... o final você vê nos cinemas.

Se por um lado o RB Brasil não vive uma crise financeira com o Oakland, enxerga um princípio de semelhança com o filme. Tal qual o colega Billy Beane, Sérgio Guedes teve de convencer muitos jogadores a aceitar o projeto da equipe, que sonha conquistar o acesso à elite do Paulistão já em 2012.

Com elenco montado, o time enfileirou sete vitórias seguidas, mas já não vence há três jogos (dois empates e uma derrota). A hora da virada, para os atletas, é esta quarta-feira, quando o RB Brasil enfrenta o América, em Campinas, pela 11ª rodada da A2.

– No filme, o manager não tinha dinheiro para ser o melhor e teve de criar toda uma estratégia para transformar a dificuldade em vitória. É essa a essência que precisamos ter.

Tento sempre fazer o meu melhor e acredito em conceitos como comprometimento, que estão em falta no futebol. O personagem do filme fez a parte dele: lutou, fez a escolha e conseguiu tudo o que queria. Nós temos de fazer a nossa – afirmou Guedes.

O treinador, aliás, é um entusiasta de filmes. Na Portuguesa Santista, já havia levado o elenco para assistir ao longa "A luta pela esperança" – que conta a história de superação de James J. Braddock (Russel Crowe), pugilista que vive dificuldades durante o período da Crise de 1929 nos Estados Unidos e recupera o sucesso na carreira. Histórias como essa sempre chamam a atenção de Sérgio Guedes, cujos filmes preferidos sempre estão ligados ao esporte.

– Tenho aqueles prediletos, de prateleira, que vejo para fins pessoais, não só profissionais. Adorei "A luta pela esperança", "A virada" e "Duelo de titãs". Outro que me chamou muito a atenção foi "Invictus", por toda aquela história que o Nelson Mandela viveu.

O comandante vê situações como essa ida ao cinema como fundamentais para a melhoria do ambiente dentro do elenco.

– A ideia de trazer a garotada aqui é fugir da rotina do futebol. Você leva a equipe ao cinema e ao teatro e faz com que o assunto seja outro. Tem jogador que fica muito pressionado, ainda mais em partidas importantes. Para relaxar antes desses duelos, é preciso uma atividade assim. Fora que é uma oportunidade única de fazer com que o time cresça.

A estratégia do treinador, a princípio, deu certo. Um dos mais experientes do elenco, o meia Baiano diz que nunca vivenciou atividade parecida. Com passagens por Santos, Palmeiras, Boca Juniors, Atlético-MG e Vasco, o jogador de 33 anos aprovou a "escapada" do RB Brasil e entende que o time pode usar conceitos do filme para se motivar na reta final da Série A2.

– É uma mensagem de superação. O Brad Pitt interpreta um personagem desacreditado, que precisa se superar para conquistar os objetivos. E foi assim que eles conseguiram entrar para a história. Não adianta vencer todos os jogos na primeira fase e depois ser eliminado na fase seguinte. A nossa meta é ser campeão. Todos nos colocam como favoritos, mas precisamos corresponder a isso dentro de campo.

A hora de provar que a mensagem foi absorvida começa nesta quarta. Depois de sete vitórias seguidas, o RB Brasil já amarga três jogos sem ganhar – situação semelhante ao Oakland em 2002, que chegou a ter a pior campanha da fase classificatória da Major League. Ninguém do elenco quer assumir o papel de Brad Pitt e roubar a cena do companheiro. A intenção é fazer com que o time não tenha um galã específico, mas que o conjunto, tal qual no cinema, brilhe de forma equivalente.

– A Série A2 é a chance de criar nossa própria história dentro do futebol. Estamos participando de um momento importante no RB Brasil e temos que fazer valer a pena – finalizou Guedes.

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