Pecinhas de Maceió leva irreverência à orla da capital alagoana

10/02/2012 12:35 - Maceió
Por Redação

“Sou macho, muito macho / Se duvidar, olha aqui embaixo”. A frase, de autoria do radialista Edécio Lopes, é parte do hino das Pecinhas de Maceió e já demonstra a irreverência do bloco, fundado como uma cópia das Virgens de Olinda, onde os homens saem vestidos de mulher. Hoje, com 29 anos de existência, o grupo de travestidos alagoanos possui identidade própria e sai às ruas da capital alagoana neste sábado (11), arrastando milhares de pessoas.

Para este ano, o bloco promete elevar a experiência do público com uma série de atrações. A concentração começa às 11h, no Iate Clube Pajussara, com o som do DJ Arthur. A programação continua às 12h, com uma apresentação nacional: direto da Bahia, o conjunto Harmonia do Samba anima os foliões antes da saída das Pecinhas, que acontece às 14h30, com a banda Cannibal no trio elétrico Tuti-fruti.

De acordo com um dos fundadores da festa, Ednaldo Vasconcelos, para participar é preciso comprar o kit do bloco, que contém camiseta, bandana e pulseira. “Só entra o homem que estiver fantasiado, vestido de mulher, mas também é preciso estar com a camisa”, diz ele, acrescentando que o preço varia de acordo com a quantidade comprada – um kit sai por 80,00, enquanto cinco ficam por R$ 300,00.

Ele também ressalta que essa é a primeira vez que as Pecinhas de Maceió terão uma atração nacional animando as prévias carnavalescas. “Queríamos melhorar ainda mais a imagem da folia e vimos que valia a pena investir nesse aspecto. Apesar disso, no entanto, estamos prestigiando também a banda local, que estará comandando o trio elétrico”, expõe.

A expectativa é de que três mil foliões compareçam à brincadeira no Iate Clube Pajussara. O número foi fechado devido à delimitação do espaço, que, além da estrutura de som, luz e palco, vai contar com um camarote especial – e que dará acesso ao carro de apoio do lado de fora da festa. Já contando com o público externo, o cálculo da PM é que cem mil pessoas compareçam, incluindo as que estarão na ‘pipoca’.

Fundação

Fundado em 1983, o bloco nasceu com o objetivo de copiar As Virgens de Olinda, tradicional do Recife e no qual os homens ainda hoje desfilam travestidos. “Fomos na casa do meu pai, o Edécio Lopes, e pegamos as roupas da minha mãe. Saímos com um carro de som e desfilamos pela Avenida Antônio Gouveia”, conta Ednaldo Vasconcelos.

Uma reunião de 10 amigos foi suficiente para idealizar a brincadeira de carnaval, que teve apenas 15 pessoas em seu primeiro ano. “Depois a coisa foi crescendo e se tornando mais profissional. Nos anos seguintes, a bateria das escolas de samba Jangadeiros Alagoanos e Unidos do Poço puxaram o bloco, que já contava com mais participantes”, acrescenta um dos fundadores.

Mas, e a reação do pai, um dos maiores radialistas do Estado? “No início ele não gostou. Até o segundo, terceiro ano ele detestou. Depois chegou pra mim e perguntou que coisa era aquela de sair vestido de mulher, que aquilo não estava certo. Falei pra ele que era apenas uma brincadeira e ele acabou aceitando, tanto que compôs até nosso hino”, relembra Ednaldo.

Desde a fundação, já são 29 anos agitando as prévias carnavalescas da capital alagoana, tempo em que o bloco se modernizou. Hoje, as Pecinhas de Maceió tem estrutura composta de trio elétrico e carros de apoio, de bebidas e abre alas. A animação fica por conta de duas bandas, sendo uma na concentração e outra em cima do trio.

Segundo Ednaldo Vasconcelos, pelos cálculos da Polícia Militar, no último ano a folia contou com a participação de cerca de cem mil pessoas, entre pagantes e observadores. “Temos cordão de isolamento e seguranças contratados. Apenas quem estiver com a camisa poderá participar do desfile, mas quem, não estiver, pode assistir na pipoca”, explica ele.

Este ano, o bloco tem tema livre e os foliões estão livres para caprichar nas alegorias e adereços. Para participar, no entanto, é preciso estar com a camisa do bloco – mesmo que customizada, mas desde que mantendo as logomarcas presentes. As mulheres também terão o abadá para participar da brincadeira, onde a irreverência tem lugar cativo entre os travestidos e as fantasias que se misturam ao público.
 

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