Avanço do tráfico de drogas e falta de políticas públicas. Essas são as principais alternativas para explicar a barbárie dos assassinatos de moradores de rua em Maceió.

De acordo com pesquisa realizada pelo Comitê inter-setorial da Secretaria de Assistência Social, 337 pessoas vivem nas ruas. Nos dois últimos anos, quase 60 foram assassinados, se essa média for mantida, em onze anos, Maceió não terá mais nenhum morador de rua.

Com medo da onda de violência, os moradores de rua têm procurado lugares considerados seguros para passar a noite, como as portas das delegacias da cidade. O único albergue público da capital alagoana tem 50 vagas para as 337 pessoas em situação de rua.

Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Gilberto Irineu, o número de assassinatos cresceu consideravelmente e que, mesmo com todos os esforços para elucidar os crimes, eles ainda ficam impunes.

“A ausência de políticas públicas na área social nas últimas décadas, é a principal responsável por essas mortes. Essas mortes “explodiram de forma trágica” e precisamos dá uma resposta à sociedade sobre esses crimes”, afirmou Irineu.

Dentre as investigações ocorridas nesses últimos dois anos, a hipótese da existência de grupos de extermínio foi levantada. Policiais foram acusados de ter participação na execução de alguns moradores de rua, mas até o momento nada foi feito.

“A maioria desses crimes são ligadas ao tráfico de drogas. Mas os crimes também têm outra motivação, como briga de ‘ponto’ de trabalho entre flanelinhas. Então isso dificulta a elucidação dos crimes.

No começo deste mês, Gilberto Irineu entregou um relatório cobrando a elucidação dos crimes contra moradores de rua ao procurador-geral de Justiça, Eduardo Tavares. O presidente espera que as mortes sejam investigadas e todos os inquéritos policiais elucidados.

“Espero que esses crimes sejam elucidados. Em 2010 os casos só foram solucionados porque houve uma interferência da Força Nacional. E eu não tenho dúvidas que esses 25 crimes do ano passado só aconteceram porque não houve uma resposta para a sociedade. Pode ser que esses crimes sejam solucionados porque 2012 é ano eleitoral e o prefeito tem obrigação de esclarecer os crimes”, concluiu