O dia 02 de fevereiro de 1912 marcou a história das religiões de matriz africana - candomblé e umbanda - em Alagoas, num episódio conhecido como "Quebra de Xangô". Na época, as autoridades locais autorizaram a invasão e destruição dos terreiros, num violento episódio de perseguição aos pais e mães de santo.

É verdade que essa ação teve motivação política, os opositores do então governador Euclides Malta queriam a todo custo tirá-lo do poder. Após 100 anos do "quebra", o atual governador Teotônio Vilela Filho irá pedir desculpas formalmente na próxima semana a toda religião de matriz Afro.

Em reunião que acontecerá na manhã de hoje (24) na sede da Secretaria de Cultura do Estado, será apresentada toda a programação em memória ao episódio “Quebra de Xangô”. Para o idealizador do projeto da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) intitulado Xangô Rezado Alto, Vinicius Palmeira, toda a população deveria comparecer a este evento.

“O palco será montando e além de resgatar a auto estima dos religiosos de matriz africana, serve também para que a sociedade conheça a religião, o que fazemos. Vão ser dois dias de atividades na Praça dos Martírios, com apresentação dos grupos, além do show da cantora baiana Mariana de Castro”, afirmou Vinicius.

As atividades terão início nos dias 01 e 02 de fevereiro próximo, em celebração à memória do “Quebra de 1912”, na Praça dos Martírios, com a festa popular “Noite do Xangô Rezado Alto”. O título é uma resposta aos tempos de opressão, quando após a destruição dos terreiros e casas, os pais e mães de santo de Maceió que resistiram, realizavam seus ritos da forma que ficou conhecida como “Xangô rezado baixo”, para que os instrumentos e cânticos entoados não chamassem atenção. A intenção é resgatar a autoestima dos religiosos de matriz africana.

O diretor lembrou ainda que no dia 01 de fevereiro o governador de Alagoas, Teotonio Vilela também irá prestigiar a solenidade e pedirá desculpas formalmente. “A assinatura do perdão aos religiosos de matriz Afro é um gesto de não a intolerância religiosa. Essa destruição em massa de todos os terreiros foi uma perseguição política, porque Alagoas foi o único estado que houve uma destruição maciça. Com a "quebra tivemos uma perda cultural irreparável”, lembrou Vinicius Palmeira.

Até o mês de maio está prevista uma extensa programação, com a realização do Congresso Alagoano de Cultura Afrobrasileira, exposição Presença Negra em Alagoas, quatro oficinas de tradições afrobrasileiras, produção do vídeo Gira das Tradições, publicação de duas cartilhas pedagógicas e dois prêmios para produção cultural das comunidades de terreiros.