No último interrogatório em um longo dia no julgamento dos acusados de participarem do assassinato da deputada federal Ceci Cunha, seu esposo e dois parentes, o acusado Mendonça Medeiros da Silva que ficou famoso ao confessar toda a trama para matar a deputada em um vídeo que circula na internet.

Medeiros começou o interrogatório confirmando que ele, o deputado Talvane Albuquerque e dois assessores foram até a cidade de Juazeiro do Norte se encontrar com o pistoleiro Chapéu de Couro, e que lá o deputado e o pistoleiro conversaram por uma hora.

Ele negou, no entanto, que soube que o encontro entre Talvane e Chapéu de Couro seria para tramar a morte do deputado Augusto Farias e outros pontos do depoimento que prestou a Policia Federal sobre o dia da morte da deputada Ceci Cunha.

Mendonça disse que foi torturado por dois dias

Assim como o primeiro acusado, José Alexandre, o acusado Mendonça Medeiros disse que três agentes da Policia Federal o torturaram, o levaram a um riacho, o afogaram e bateram nele por duas horas, tendo desmaiado por duas horas.

“Eles queriam que eu dissesse que o mandante era o deputado Talvane Albuquerque e que ele e os acusados estavam envolvidos” explicou Mendonça.

Mendonça disse que foi levado de Tocantins, onde foi preso, para a cidade de Marabá, onde prestou um depoimento em vídeo, que foi mostrado pelo juiz Andre Granja, um deles é este aqui embaixo

Documento do IML desmente tortura

Após a divulgação do vídeo o juiz Andre Granja perguntou sobre a tortura e mostrou um laudo de exame de corpo e delito onde não constava qualquer dano contra Mendonça Medeiros.

Mendonça disse que não se lembra muito da perícia e que levou três ou quatro dias para chegar ao local em que fez o exame.

Mendonça disse que foi para Arapiraca no dia do crime

Argüido pelo Ministério Público Federal o acusado Mendonça Medeiros disse que no dia do crime pegou um ônibus ou uma van para Arapiraca (ele não se lembra) e de lá foi para a cidade de Batalha.

Mendonça disse que foi ao apartamento do deputado no dia do crime, que sua intenção era pedir dinheiro emprestado a Talvane Albuquerque, ele disse que subiu ao apartamento bateu na porta do deputado e não encontrou ele.

Mendonça se enrolou ao ser perguntado como foi que ele subiu ao apartamento sem ser anunciado pelo porteiro. “Eu não sei, só sei que eu subi” disse o Mendonça.

Acusado disse que delegados ameaçaram seu pai

Outro ponto importante do interrogatório foi quando Mendonça disse que foi ameaçado pelos delegados Paulo Braz e Roberval Davino, e que eles disseram que iriam prender o pai dele.

O acusado foi ouvido por um juiz de direito e disse que relatou o fato ao magistrado, o juiz Andre Granja perguntou por que o juiz não colocou a situação em ata, e Mendonça não soube informar.

Em outro momento o juiz Andre Granja perguntou a Mendonça Medeiros por que ele teria dito ao juiz que prestou depoimento que queria estar preso em um lugar diferente dos outros acusados, pois temia por sua integridade física.

Mendonça Medeiros se enrolou muito e não quis dizer se o juiz colocou uma informação falsa e preferiu dizer que não lembra o que aconteceu.

Depois ao ser perguntando se foi até Recife pegar o deputado Talvane antes da viagem para Juazeiro, onde o deputado se encontrou com o pistoleiro Chapéu de Couro, mais uma vez Mendonça se enrolou e não soube dizer quem estava com o deputado e Chapéu de Couro.

Após demonstrar insegurança em várias respostas, Mendonça preferiu dizer que não recordava o fato ao responder a todas as perguntas dos representantes do MPF.

Defesa

O advogado de defesa Welton Roberto tentou reforçar a versão de tortura e chamou o vídeo de oficioso, ele disse que observou 18 cortes no vídeo e Mendonça disse que estas interrupções serviam para os agentes contarem a história que eles queriam que o acusado repetisse.

Mendonça repetiu que foi torturado e jogado em um riacho com as pernas amarradas, ele falou sobre sua volta a Maceió, disse que não foi apresentado ordem de prisão e em nenhum momento teve direito a advogado.

Ele revelou a presença de um soldado PM identificado como Farias, junto aos agentes da Policia Federal. E disse que foi seviciado sexualmente e foi violentado pelos agentes que usaram um cabo de vassoura e uma macaxeira