por Paulo Veras*

O Tribunal de Contas da União escolheu a ministra Ana Arraes para auditar a obra sobre a Transposição do Rio São Francisco. Caberá a ela dar parecer sobre o aumento de preço nos contratos da obra bilionária. Quando tomou posse em setembro, a nova ministra se mostrou contrária a paralização de obras para averiguação de suspeitas de desvios de dinheiro público.

Contadora, ela foi eleita deputada federal em 2010, e se tornou líder do PSB na Câmara. O presidente nacional da legenda é o seu filho Eduardo Campos; governador de Pernambuco, um dos Estados favorecidos com a transposição. Foi Eduardo Campos quem, munido de influências no Congresso, trabalhou fortemente para elegê-la. Para completar o ambiente socialista, o ministério que toca a obra, o da Integração Nacional, é comandado por um socialista pernambucano, o ministro Fernando Bezerra Coelho – um dos muitos pré-candidatos a prefeitura do Recife. O projeto inicial surgiu sob a batuta de Ciro Gomes, líder do PSB cearense. O Ceará, aliás, é outro Estado favorecido pelo desvio das águas do “Velho Chico”.

As benesses do cargo de ministra do TCU contam com salário de R$ 25 mil, passagens aéreas, gabinete e carro oficial. Na época, surgiram denúncias de que o gabinete dela e o escritório mantido pelo governo de Pernambuco em Brasília teriam contratado os serviços de locação de carros da BSB Locadora. Renata Ferreira, uma das sócias da empresa, se filiou ao PSB uma semana depois de conseguir o contrato com o governo pernambucano. O pai de Renata, Esmerino Ferreira, foi motorista dos gabinetes de Eduardo Campos e da própria Ana Arraes, de 1998 até o ano passado. Os contratos com os socialistas renderam a BSB Locadora a bagatela de R$ 303 mil.

Nota da Redação: Paulo Veras é alagoano da cidade de União dos Palmares, acadêmico do curso de jornalismo na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), edita um dos mais isentos blogs de Política de Alagoas e, agora, passa a postar suas análises sobre a politica no estado vizinho (PE).