Um "pingo" de história em um curto diálogo da década de 80 sobre Alagoas

21/12/2011 06:30 - Blog do Vilar
Por Redação

A época é a da presidência da República de José Sarney. O livro é Saga Brasileira: a longa luta de um povo por sua moeda. Por sinal, uma obra que indico aos leitores. Muito bom a análise da trajetória da economia do país.

Mas, vamos ao que chamou a atenção: um diálogo presente na página 104 do livro, entre a presidência do Banco Central do país e o a direção do Banco do Estado de Alagoas (Produban).

Transcrevo:

- O Banco Central terá que intervir em seu banco porque ele está inadimplente em reservas. E se isto for feito, você ficará com os bens indisponíveis.

- Mas o banco está inadimplente porque os usineiros não pagam.

- Ora, execute as dívidas.

- Você já esteve em Alagoas, Pérsio (presidente do Banco Central)?

- Não.

- Logo se vê. Se eu executar usineiro, eu é que serei executado.

Bem, o primeiro nome do diálogo o livro identifica: Pérsio Arida. O segundo, não aparece o nome. Mas, estava na direção do banco durante a Era Sarney. O diálogo nos remete às raízes de muitos problemas em Alagoas e de quanto o poder foi (e ainda é!) temido por estas bandas, pelo cheiro de sangue que ainda exala.

Uma história difícil de ser contatada e que muitas vezes é distorcida, ficando os responsáveis pelas trevas com comendas e agraciamentos, como nomes de ruas, praças, hospitais, dentre outras homenagens injustas que estarão presentes para a posteridade.

Diálogos como estes, também se fazem presentes em outras obras de pouco sucesso por estas bandas como Honoráveis Bandidos, do excelente Palmério Dória. Também indico!

Relembrar a história é fundamental para escrever um futuro diferente. Até mesmo para analisarmos o nosso presente, pois muito dos que defendem hoje – em discurso – uma nova Alagoas, já se encontravam em mandatos ou posição de poder enquanto a “velha” Alagoas estava sendo construída da forma como foi. Será que só tomaram pé da situação agora?
 

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