Representantes da Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (SEE), de secretarias municipais de Educação, de movimentos sociais e da sociedade civil se reúnem nestas segunda e terça-feiras (19 e 20), no Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso, para discutir melhorias para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) em Alagoas.

Denominado Educação de Jovens e Adultos - Responsabilidade do Poder Público, o seminário conta com a participação dos representantes da Agenda Territorial de Desenvolvimento Integrado de Alfabetização e Educação de Jovens e Adultos de Alagoas, entidade que reúne periodicamente representantes de diversos segmentos para trabalhar em parceria para o fortalecimento do EJA no Estado e no Brasil.

De acordo com a superintendente de Gestão do Sistema Estadual de Educação, Maria do Carmo Silveira, o evento tem como objetivo não apenas refletir o EJA em Alagoas, mas também estabelecer ações e metas que se convertam em políticas de Estado para esse público.

“Neste seminário, estamos mobilizando todos aqui presentes para que, futuramente, estejamos unidos na elaboração de um diagnóstico qualitativo e quantitativo das demandas da Educação de Jovens e Adultos nos 102 municípios alagoanos”, adianta.

O coordenador da Agenda Territorial do EJA em Alagoas, Raildo Ferreira, revela que outra preocupação do evento é discutir estratégias para diminuir a evasão de alunos na modalidade. “Não basta matricular, é preciso dar condições para que este aluno dê continuidade aos seus estudos, chegando ao nível superior”, afirma.

Bom exemplo

A presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) em Alagoas, Rosa Melo, fala da importância da união entre poder público e sociedade civil no combate ao analfabetismo e destaca a necessidade de uma abordagem diferenciada para os alunos do EJA.

Ela defende uma metodologia mais atrativa na modalidade, que não se limite apenas a ensinar a ler e escrever, mas que abra perspectivas de inclusão social do aluno, além de dar como exemplo uma experiência exitosa ocorrida no município de Boca da Mata, onde, além de estudar o conteúdo do EJA, os alunos aprenderam um curso profissionalizante.

“Esta ação ocorreu por meio de parceria entre o município e o Centro de Educação Profissional e Superior Santa Maria Madalena e, paralelamente à carga regular, eles aprendiam profissões como pintor, eletricista, cabeleireiro. Hoje, muitos já ganham dinheiro com essa aprendizagem e a experiência de Boca da Mata já será implantada por outros municípios”, comemora.

Demandas

O seminário também representa uma oportunidade para que os alunos da modalidade de Jovens e Adultos apresentem as suas demandas para a melhoria das condições de ensino.

Representante da aldeia Koiu-Panka, em Inhapi, Francisco da Silva aponta a necessidade de que as aulas, além de expor o conteúdo regular, reflitam a realidade da comunidade onde está inserido. “Além disso, é importante investir mais na formação continuada dos professores que atuam nesta área”, complementa.

A instrutora de EJA na comunidade quilombola Cajá dos Negros, em Batalha, Ivaniza Leite salienta a necessidade da escolha de educadores que residam nas próprias comunidades onde as aulas são ministradas. “Um educador que é da comunidade terá mais facilidade para mobilizar as pessoas, pois nós conhecemos as demandas da comunidade e sabemos onde encontrar os alunos”, explica.