por João Paulo Farias

A associação Ádapo, do povoado quilombola Muquém, localizado em União dos Palmares, realizou durante essa sexta-feira, 18, o Projeto: Muquém nossa história, nossas raízes, onde junto com três escolas do município, foram trabalhados vários aspectos da comunidade de remanescentes quilombolas.

O seminário ocorrido durante a manhã reuniu no auditório da prefeitura municipal, diversas autoridades locais e representantes do movimento negro nacional e estadual. Além da direção da Ádapo, moradores do Muquém estiveram presentes ao evento, como também os alunos das escolas estaduais, Monsenhor Clóvis e Rocha Cavalcanti e da rede privada a Escola Olímpia Augusta, que participaram do projeto.

Foram exibidos dois documentários, produzidos pelas escolas Monsenhor Clóvis e Olímpia Augusta, que abordaram a vida dos remanescentes quilombolas, com suas dificuldades e superação. A arte da fabricação de cerâmicas com barro extraído do Rio Mundaú, feita pelos moradores, foi destaque nas produções das escolas, com depoimentos dos artesãos que contaram o processo de fabricação das cerâmicas.

A presidente da Ádapo, Maria das Dores, (Dorinha), destacou a importância do projeto como meio de divulgação da cultura de uma comunidade importante como o Muquém, que é conhecida mundialmente, pela produção artesanal de cerâmicas de barro e por ser remanescente do quilombo dos palmares.

Já o prefeito Areski Freitas, disse que a preservação e a difusão da história de Zumbi dos Palmares nas escolas são de extrema importância para que a mesma seja valorizada.

A Historiadora e Coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros – Neab/Ufal), Clara Suassuna, ministrou a palestra: A história e a memória da república palmarina, onde mostrou como era o funcionamento do quilombo dos palmares, abordando também o Muquém como essência remanescente de palmares. Clara ainda mostrou dados estatísticos da população negra no Brasil, onde os declarados negros ou pardos, já passam de metade da população brasileira.

Para Vera Gomes da assessoria especial da presidência da Fundação Cultural Palmares, que ministrou a palestra: Cronologia das lutas e conquistas; A questão da democracia e do racismo no Brasil, “O racismo faz parte da exploração capitalista e que o papel da escola é fundamental para que se exista a democracia”, destacou.

Dando continuidade ao evento, foi inaugurado na tarde desta sexta, 18, no Povoado Muquém, um forno para os últimos acabamentos dos objetos de barro, fabricados no povoado, a iniciativa da Ádapo, trouxe aos artesãos daquela região do Muquém, a oportunidade de fazer seu trabalho com menos dificuldades.

Dorinha muito emocionada lembrou-se da artesã Cristina Nunes (in-memoriam), onde conviveu quando criança e com ela aprendeu a fazer o artesanato local.

A cerimônia de inauguração do forno, contou com as presenças do Pai de Santo, Sérgio Pontes, juntamente com sua esposa, Mãe Poli, onde abençoaram a obra, de acordo com a tradição das religiões de matriz africana.

Logo após a inauguração, os alunos das três escolas que participam do projeto, realizaram a gincana, que se encerrou com apresentações culturais, na entrada do povoado, próximo a sede da associação Ádapo.