O II Encontro de Conselhos Gestores das Unidades de Conservação, realizado nesta quinta-feira (17), na Barra de São Miguel, com a participação de mais de 100 pessoas, foi marcado por debates e propostas para melhorar a ação nas áreas de uso sustentável e de proteção integral de Alagoas. Um dos principais pontos abordados foi a aproximação entre os Conselhos e os Comitês de Bacias Hidrográficas presentes dentro das unidades.
A professora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e doutora do Instituto de Geografia, Desenvolvimento e Meio Ambiente Rochana Campos falou sobre a formação geológica e os problemas encontrados nas sete Unidades de Conservação (UCs) do Estado. Segundo ela, os maiores impactos se referem à pressão das áreas urbanas, principalmente em relação aos resíduos sólidos, destinação dos esgotos, especulação imobiliária e ocupação desordenada.
“Minha proposta é aproveitar esse encontro para aproximar a ação dos conselhos com a dos Comitês das Bacias Hidrográficas presentes dentro das áreas das unidades”, comentou Rochana.
O pescador artesanal Antonio dos Santos, conhecido como seu Toinho, complementou destacando as lembranças da Várzea da Marituba e da Lagoa Mundaú ao iniciar a atividade. “Quando vi a grandeza, nunca pensei que alguém iria querer destruir uma riqueza dessas. Hoje se vê muita destruição, os peixinhos quase não conseguem se reproduzir”, disse ele.
O superintendente de Planejamento e Projetos da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), Roberto Lobo, disse que levaria a proposta para que o órgão fizesse uma reunião entre presidentes de conselhos e de comitês. “Mas também é importante que os conselheiros conheçam o que diz o Plano Estadual de Recursos Hídricos”, disse ele.
Alagoas possui, hoje, sete UCs estaduais: cinco Áreas de Proteção Ambiental - APAs (Santa Rita, Catolé e Fernão Velho, Murici, Pratagi, Marituba) e duas Reservas Ecológicas - Resecs (Roteiro e Saco da Pedra). Todas elas contam com conselhos gestores formados e presididos, por determinação legal, pelos chefes de APAs ligados à Diretoria de Unidades de Conservação (Diruc) do Instituto do Meio Ambiente, com participação direta da Semarh.
Os Conselhos Gestores são compostos também por representantes de Secretarias de Meio Ambiente dos municípios geográfica e ambientalmente envolvidos, instituições educativas como a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e Organizações não Governamentais (ONGs), além de proprietários de terrenos e de Reservas Particulares de Proteção Natural (RPPNs) dentro das áreas das UCs.
O diretor-presidente do IMA, Adriano Augusto, ressaltou a importância da multidisciplinaridade dentro dos conselhos. “Esse é o melhor caminho para a tomada de decisões. A presença da Ufal, da Federação dos Pescadores, do Corpo de Bombeiros, dos donos de RPPNs e de outros, como o seu Toinho, que nos ensina com sua experiência de vida, é o que pode facilitar as decisões e assegurar a continuidade da geração de trabalho e emprego, mas com a garantia da preservação ambiental”, disse.
O II Encontro de Conselhos Gestores das Unidades de Conservação é organizado pelo IMA e pela Semarh.