O Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas (CBMAL) está capacitando militares para um melhor atendimento a pessoas com deficiência auditiva (surdos) através do Curso da Língua Brasileira de Sinais (Libras). O que pouca gente sabe é que a Libras é considerada a segunda língua oficial do Brasil. O curso tem a finalidade de apresentar e inserir a linguagem de sinais no âmbito do CBMAL, tendo em vista a necessidade de haver militares aptos a se comunicarem com o surdo que utilize essa língua e possa precisar dos serviços desta Corporação, tanto na atividade fim quanto na atividade meio.

O curso tem duração de 40 horas/aula e teve início no dia 1º de outubro de 2011 e tem previsão de término para dezembro. As aulas acontecem sempre aos sábados no Centro de Formação, Aperfeiçoamento e Especialização (CFAE) do Corpo de Bombeiros, localizado na BR 316, no prédio do Departamento de Estradas e Rodagens (DER).

A primeira turma é formada por 15 alunos das mais diversas áreas da Corporação além de duas alunas civis. Tendo como professora, a senhora Isabel Alvim. Ela tem deficiência auditiva e também faz parte do corpo docente do Centro de Atendimento às Pessoas com Surdez – CAS. Bem recomendada e querida pelos alunos, ela tem desenvolvido com êxito seu papel de ensinar a Libras aos bombeiros.

Ao ser questionado o motivo pela inscrição no curso, a maioria dos alunos respondeu que a Libras era de extrema importância para a inclusão social das pessoas com surdez. O desejo de atender da melhor forma possível, prestando um serviço de qualidade para toda população, é o pensamento comum entre os alunos.

De fato, saber se comunicar pode salvar vidas. É o que conta o capitão BM Rômulo Guedes que viu a dificuldade ao se deparar com uma ocorrência em 2008: uma colisão de veículos na madrugada. A vítima estava desacordada e o acompanhante era deficiente auditivo, logo não havia comunicação clara entre a guarnição dos bombeiros e o acompanhante da vítima. “Fiquei abismado como não conseguíamos elencar os dados necessários sobre a ocorrência e como essa deficiência poderia comprometer a manutenção dos sinais vitais e o atendimento da vítima”, disse. Depois do ocorrido, o capitão decidiu entrar no curso de Libras no Centro de Atendimento às Pessoas com Surdez. “Já estou concluindo o curso e indico a todos os militares. Saber se comunicar com sinais pode salvar vidas”, finalizou.

Os bombeiros do serviço operacional já utilizam uma linguagem por sinais que poderiam ser ainda mais enriquecidas com a Libras. Mergulhadores de resgate e bombeiros em ambientes com ruídos servem de bons exemplos.

 

A LÍNGUA - A Língua Brasileira de Sinais e outros recursos de expressão a ela associados é reconhecida mais que um meio legal de comunicação e expressão no Brasil. Assim a Libras não pode ser mais chamada de uma simples linguagem. Possuindo uma gramática completa, ela é uma Língua Oficial usada pelos deficientes auditivos e considerada a segunda língua oficial do país.

A linguagem está sendo bem difundida graças a Lei 10.436, de 24 de abril de 2002, sancionada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Com o Decreto Federal 5.626, de 22 de dezembro de 2005, assinado pelo ex-presidente Lula, a lei foi regulamentada sendo obrigatória como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.