Um total de 46 filmes, incluindo títulos inéditos no país, estão na programação da 6ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul, que inicia-se a partir de 10 de outubro e segue até 1º de dezembro, atingindo, nesta edição Brasília e as 26 capitais estaduais brasileiras.
A programação é organizada nas seções Contemporâneos, com a produção recente sul-americana, Retrospectiva Histórica, dedicada ao tema Direito à Memória e à Verdade, e Programas Especiais, incluindo obras de Carlos Diegues, Laís Bodanzky e Walter Salles. No total, estão presentes produções dos seguintes países: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.
Entre as várias pré-estréias presentes na 6ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul destacam-se os novos longas-metragens de Mara Mourão (“Quem se Importa”), Eliane Caffé (“Céu Sem eternidade”) e Érika Bauer (“E A Terra Se Fez Verbo”). São também inéditas no país “TAVA – Paraguay Terra Adentro” (Lucas Keese, Lucía Martin e Mariela Vilchez, Paraguai/Argentina), “Quatro Litros por Tonel” (de Belimar Román Rojas, Venezuela/Argentina) e os colombianos “Ocupação” (de Angus Gibson e Miguel Salazar) e a animação “Pequenas Vozes” (de Jairo Eduardo Carrillo e Oscar Andrade).
Com entrada franca, as projeções acontecem nas seguintes cidades: Aracaju, Belém, Belo Horizonte, Boa Vista, Brasília, Campo Grande, Cuiabá, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, João Pessoa, Macapá, Maceió, Manaus, Natal, Palmas, Porto Alegre, Porto Velho, Recife, Rio Branco, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís, São Paulo, Teresina e Vitória. Em todos os locais há acessibilidade a deficientes físicos e acontecem sessões com sistema de audiodescrição e de closed caption (voltadas a deficientes visuais e auditivos, respectivamente).
Uma realização da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, com produção da Cinemateca Brasileira/MINC e patrocínio da Petrobras, o evento é dedicado a produções que abordam questões referentes aos direitos humanos, produzidas recentemente nos países sul-americanos.
A iniciativa conta com apoio do Ministério das Relações Exteriores, da TV Brasil, da Sociedade Amigos da Cinemateca e do SESC São Paulo. As obras mais votadas pelo público são contempladas com o Prêmio Exibição TV Brasil nas categorias longa, média e curta-metragem. A programação tem curadoria do cineasta e curador Francisco Cesar Filho.
Mais informações podem ser acessadas através do website www.cinedireitoshumanos.org.br; o endereço na rede social Facebook é https://www.facebook.com/pages/Mostra-Cinema-e-Direitos-Humanos-na-America-do-Sul/154697214615102.
*** Contemporâneos ***
Entre as 40 produções reunidas na seção Contemporâneos destacam-se as pré-estréias de três longas-metragens brasileiros inéditos, dirigidos pelas premiadas cineastas Eliane Caffé, Érika Bauer e Mara Mourão.
Conduzido por locação de Rodrigo Santoro - que atua em “Bicha de Sete Cabeças”, destaque dos Programas Especiais -, “Quem Se Importa”, de Mara Mourão (de “Doutores da Alegria”, 2005) focaliza o empreendedorismo social através de entrevistas com 19 entre os maiores nomes do setor, incluindo o Prêmio Nobel da Paz, o bengali Muhammad Yunus; o norte-americano Bill Drayton, fundador da Ashoka, um entidade que prospecta empreendedores sociais ao redor do mundo; e o infectologista brasileiro Eugênio Scannavino Netto, que reduziu a mortalidade infantil de Santarém ao mesmo padrão de São Paulo e foi eleito pela mídia internacional como um dos 21 pioneiros do século 21.
Diretora de “Kenoma” (1998), “Narradores de Javé” (2003) e “O Sol do Meio-Dia” (2009), Eliane Caffé focaliza em seu quatro longa-metragem, “Céu Sem Eternidade”, as lutas e expectativas que envolvem a rede dos quilombos de Alcântara, no Maranhão. Trata-se de um trabalho de investigação coletivo realizado com a participação de estudantes e moradores locais durante o período de maio a agosto de 2010.
Érika Bauer, diretora de “Dom Hélder - O Santo Rebelde” (2006), apresenta em “E A Terra Se Fez Verbo” a região da Prelazia de São Felix do Araguaia, no Mato Grosso, e sua história de luta e resistência contra todo tipo de opressão. Seu principal personagem é o bispo Dom Pedro Casaldáliga, que enfrentou a ditadura militar brasileira e os grandes latifundiários, tendo sofrido vários atentados e conquistado respeito internacional pela forma eloqüente na defesa da vida e dos direitos dos menos favorecidos. Ele é retratado a partir dos depoimentos e histórias contadas por posseiros, índios e peões que atuaram e atuam em defesa de sua permanência na terra.
Eletrizante produção colombiana inédita no Brasil, “Ocupação”, de Angus Gibson e Miguel Salazar, traz farto material de arquivo, boa parte dele inédita, além de depoimentos de sobreviventes, para contar uma história que abalou a Colômbia e ainda é objeto das mais diversas interpretações. Trata-se da tomada de assalto do Palácio da Justiça de Bogotá por parte de 35 guerrilheiros do grupo M-19 em novembro de 1985. O exército reagiu, convertendo o local em um campo de batalha, com quase 100 mortos, entre eles 11 magistrados da Corte Suprema, e 12 desaparecidos. Em junho de 2010, o Coronel Luís Alfonso Plazas Vega foi condenado a 30 anos de prisão como corresponsável pelos desaparecimentos.
Magia e tragédia estão reunidas na co-produção Equador/Chile, “Avós”, uma evocação promovida pela diretora Carla Valencia Dávila em torno de seus dois avôs. O avô materno tinha um grande objetivo: descobrir a imortalidade. Já o paterno, militante comunista chileno, foi assassinado no campo de concentração de Pisagua em 1973, após o golpe militar que derrubou o presidente Salvador Allende. Duas histórias: uma mágica e outra trágica. Trata-se de uma sensível viagem pessoal que procura entender a morte e, ao mesmo tempo, uma homenagem à resistência e à imortalidade.
Elogiado pela crítica pela pungência e ternura de sua narrativa, “Diário de Uma Busca” acompanha a diretora Flávia Castro em busca de esclarecer a trajetória e a morte prematura de seu pai, o militante político brasileiro Celso Castro (1943-1984). Trata-se de uma vida de exílios sucessivos e militância, reconstruída pela filha, que recupera a memória afetiva e familiar de sua infância passada em países como Brasil, Chile, Argentina, Venezuela e França. Vencedor do prêmio da crítica no Festival de Punta Del Leste, o longa-metragem foi ainda eleito melhor documentário no Festival do Rio.
Movimento guerrilheiro ocorrido na região amazônica entre 1972 e 1974, a Guerrilha do Araguaia é inspiração para “Araguaya - Conspiração do Silêncio”, atração da Retrospectiva Histórica, e
“Camponeses do Araguaia – A Guerrilha Vista por Dentro”, de Vandré Fernandes. Nele, camponeses falam da amizade que travaram com os "paulistas" (militantes do PC do B) naquele período, evidenciando que estes contavam com o apoio popular. A população local relembra ainda o sofrimento pelo desaparecimento de familiares e amigos, as torturas cometidas pelo exército brasileiro na região. O filme traz raras imagens da época, mostrando o treinamento do exército na região, que escaparam da destruição de documentos do conflito empreendida pelos próprios militares.
O surpreendente filme argentino “Confissões” expõe uma paradoxal ironia do destino une estes dois amigos em uma estranha relação circular que atravessa quase três décadas. O diretor Gualberto Ferrari mostra a história de um ex-agente secreto do Batalhão 601, unidade do Serviço de Informações do exército argentino durante a última ditadura militar argentina (1976-1983), que encontra-se frente a frente com o passado e as próprias culpas. Simultaneamente, um jornalista e escritor, à época militante estudantil de uma famosa organização guerrilheira, revela sua amizade com o ex-agente, mesmo investigando as ações criminais cometidas pelo temível batalhão.
Melhor longa-metragem no Festival CINEFoot, “Copa Vidigal” leva a assinatura do cineasta Luciano Vidigal, um dos diretores do filme “5x Favela, Agora por Nós Mesmos” (2010). O filme retrata um torneio de futebol criada no Morro do Vidigal (Rio de Janeiro) para recuperar a auto-estima e a alegria dos moradores depois de uma profunda depressão causada por uma guerra sangrenta entre traficantes de drogas. O diretor, que nasceu na localidade, criou uma narrativa com tons de redenção e esperança, mostrando como o poder da comunidade é superior ao medo provocado pelos traficantes.
Combinando herança cultural indígena e perspectivas de emancipação socialista, o inédito no Brasil “TAVA – Paraguay Terra Adentro” (de Lucas Keese, Lucía Martin e Mariela Vilchez) apresenta a luta dos camponeses do assentamento paraguaio Tava Guarani que, desde o início dos anos 1990, resiste aos ataques da elite agrária. Sofrendo forte discriminação da mídia do país – que insiste em denominar a região de "terra guerrilheira" –, a comunidade memórias constrói suas imagens, entre colheitas, poesias e assembleias.
Ex-aluno do Ginásio Vocacional de São Paulo, Toni Venturi recupera, no longa-metragem “Vocacional, uma Aventura Humana”, as memórias de uma experiência educacional arrojada na educação pública, destruída pela ditadura militar, em 1970. Aquelas instituições aliavam projetos interdisciplinares e viagens de estudo, estimulando os alunos a se expressarem sobre todas as questões. O diretor tem outro título na 6ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul, o ficcional “Cabra-Cega”, dentro da Retrospectiva Histórica.
O documentário “Cortina de Fumaça”, de Rodrigo Mac Niven, analisa de forma corajosa e despida de preconceitos, a política de drogas no Brasil e no mundo, comparando a legislação brasileira com a de países que encaram a questão de forma menos repressora. A discussão sobre a legalização das drogas é ampliada com entrevistas de estudiosos, cientistas, médicos, políticos e antropólogos. Entre eles, estão o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso; o Ministro da Suprema Corte da Argentina, Raúl Zaffaroni; o ensaísta e filósofo espanhol Antonio Escohotado, autor do tratado “Historia General de Las Drogas”; e o criminalista Nilo Batista.
“Os Inquilinos (Os Incomodados Que Se Mudem)”, mais recente filme do diretor Sérgio Bianchi (de “Cronicamente Inviável”, 2000), reafirma características de seu autor, como a indignação e a polêmica. Com um elenco de peso – incluindo, entre outros, Cássia Kis, Marat Descartes, Caio Blat, Zezeh Barbosa, Leona Cavalli, Ailton Graça, Umberto Magnani, Carlos Meceni, Ana Lúcia Torre e Fernando Alves Pinto – o enredo discute como a violência se entranha na periferia, deixando seus moradores reféns do medo. Na trama, uma família passará por turbulências por causa de três rapazes grosseiros que se mudam para a casa vizinha, gerando incômodo e perigo. Vencedor do Prêmio FIESP/SESI-SP (melhor filme, direção e ator) e do Festival de Santa Maria da Feira, Portugal (melhor filme, ator, atriz e prêmio do público).
Raro documentário de animação, o colombiano “Pequenas Vozes” (de Jairo Eduardo Carrillo e Oscar Andrade) é baseado em entrevistas e oficinas de desenho com crianças colombianas de 8 a 13 anos que cresceram expostas à violência do conflito entre
terroristas, grupos paramilitares e o exército. Na obra, inédita no Brasil, três meninos e uma menina falam de suas experiências, colocando às vezes no mesmo plano os pequenos detalhes do cotidiano e os dramas da violência. Os relatos são ilustrados e animados a partir de desenhos das próprias crianças. A produção é inédita no Brasil.
Também inédito no país, “Quatro Litros por Tonel” (de Belimar Román Rojas) focaliza um grupo de camponesas venezuelanas que decide se tornar independentes economicamente e formam uma cooperativa dedicada à produção de adubo orgânico. Com a colaboração de vários membros da comunidade, as cooperadas conseguem sustentar a produção, superando múltiplos obstáculos sociais e culturais. O novo desafio que precisam superar é conseguir um transporte próprio que lhes permita manter a produção a todo vapor, sem depender de favores dos vizinhos. Esta busca causa problemas, e elas recebem ameaças que podem destruir o projeto.
Dois medias-metragens estão programados na seção Contemporâneos. No boliviano “Bala Perdida” o diretor Mauricio Durán Blacut faz uma viagem de trem para encontrar as respostas ao fato de seu irmão ter morrido enquanto cumpria o serviço militar, vítima de uma bala perdida.
Já o argentino “No Futuro (de Mauro Andrizzi), premiado no Festival de Veneza e inédito no Brasil, causou impacto com sua longa sequência inicial de beijos desenfreados. Focado na afetividade, o filme mostra encontros e desencontros que caracterizam a experiência amorosa.
Curtas-Metragens
Uma série de 23 curtas-metragens completa a programação da sessão Contemporâneos., representando a produção neste formato de países como Argentina, Brasil, Chile, Peru e Uruguai abordam temas como deficiência física,
Na produção uruguaia inédita no Brasil “Sobra Uma Lei”, de Daiana Di Candia e Denisse Legrand, ativistas refletem sobre as diferentes campanhas pela anulação da "Ley de Caducidad", segundo a qual o Estado renuncia a sua faculdade de julgar e punir delitos cometidos por militares e policiais até 1 de março de 1985, durante a ditadura militar. Todos concordam: há uma lei sobrando no Uruguai.
Marcas do passado recente argentino estão em “Do Outro Lado do Muro”, no qual a diretora Eleonora Menutti volta suas câmeras para espaços, objetos e pessoas que habitaram centros clandestinos de detenção e tortura durante a ditadura militar naquele país (1976-1983).
A produção chilena “Uma Nova Dança”, dirigida por Nicolás Lasnibat, tem como protagonista um cantor de tango deficiente físico em uma história de reconstrução e esperança em um país que ainda tenta superar o fantasma da ditadura.
“Arquitetos da Natureza” focaliza a grandiosidade de civilizações pré-colombianas no Peru e o paradoxal contraste com a pobreza vigente nos dias de hoje. Dirigida pela cineasta de Cléa Lúcia, é uma produção peruana em parceria com o Brasil.
O brasileiro “Silêncio 63” (de Fábio Nascimento) recupera um violento embate sacudiu a cidade mineira de Ipiranga em 1963: de um lado, operários grevistas de uma siderúrgica; do outro, forças militares. O episódio é considerado como um ensaio geral do golpe militar de 1964.
Delicado e dotado de grande apuro técnico, o cearense “Doce de Coco”, de Allan Deberton, focalize uma família moradora no sertão cearense que produz cocada caseira: o irmão mais novo recolhe os cocos, a adolescente protagonista da história prepara os doces, junto com a mãe, o pai cuida das vendas. Tudo, porém, muda quando a jovem vai tomar banho de rio. Participa do elenco a atriz Marcélia Cartaxo, vencedora do Urso de Prata no Festival de Berlim por seu trabalho no longa “A Hora da Estrela” (1985).
Tendo tido sua world première em junho último no mais prestigioso e tradicional evento cinematográfico internacional dedicado ao tema da diversidade sexual, o Frameline – Festival de São Francisco, “Assunto de Família”, de Caru Alves de Souza, narra a história de um menino que passa por humilhações cotidianas causadas pelo seu irmão mais velho, em uma situação de bullying.
A produção paraibana “Barras e Barreiras, Retrato de Kelly Alves”, de Riccardo Migliore, é protagonizada por uma transexual de 22 anos, às vésperas de fazer uma cirurgia de redesignação sexual. Ela compartilha com a câmera os seus segredos para sobreviver às adversidades e exigir um lugar no "clube" dos socialmente incluídos.
Na divertida comédia “Máscara Negra”, de Rene Brasil, Gregório é apaixonado por uma máscara de carnaval e Luisette é um travesti em busca de carinho. Durante um jogo de futebol, Luisette irá cativar Gregório com seu amor sincero. O trabalho do elenco – formado por Júlio Machado, Élder Fraga, Rafael Rodarte e Gustavo Brandão - tem sido recebido com elogios.
Com imagens fortes, “Acercadacana” (de Felipe Peres Calheiros) mostra a resistência de uma moradora da região da Zona da Mata de Pernambuco, onde 15 mil famílias já foram expulsas de seus sítios devido a expansão do latifúndio canavieira movida pela valorização do etanol. Foi vencedor do prêmio de melhor curta no Festival de Brasília
“Orquestra do Som Cego” o surpreendente grupo musical Blind Sound Orchestra, criado pelo músico Livio Tragtenberg e formado por músicos de rua cegos. No filme, dirigido por Lucas Gervilla, os grupo musical aparece em seu dia-a-dia, em uma apresentação e em uma viagem para a Alemanha.
O pernambucano “Café Aurora”, de Pablo Polo, se passa em um café onde um especialista na preparação da bebida admira secretamente uma artista plástica que é cliente habitual. O encontro dos dois leva a um mundo de sensações diferentes, em que as palavras valem menos do que a percepção - ambos são deficientes físicos.
Em “Entre Vãos”, de Luísa Caetano, uma menina da comunidade remanescente quilombola Kalunga, em Cavalcante (GO), conduz nosso olhar para as brincadeiras de infância, o mundo dos pais e a relação da família com a cidade mais próxima.
O diretor Leandro Goddinho realizou em “D.O.R.” um documentário poético-experimental sobre a dor e o racismo construído a partir de depoimentos pessoais – baseados em gestos e sem palavras – dos atores da Cia. de Teatro Os Crespos. O curta tem causado sensação no circuito de festivais pela sua originalidade.
“Poliamor”, de José Agripino, questiona a sociedade na qual predominam valores afetivos monogâmicos e mostra pessoas que escolheram um outro arranjo de relacionamentos. Realizado no município de Nazaré Paulista (SP) e amplamente exibido no circuito brasileiro de festivais de cinema, o curta recebeu o prêmio André Carneiro no Festival Municipal de Curta-Metragem de Atibaia
“Graffiti que Mexe”, de Jeronimo Vilhena,é uma atraente animação que usa os muros livres em ruas, becos e vielas da cidade como suporte para serem pintados. Trata-se do resultado de dez mutirões em diferentes regiões da cidade de São Paulo, nos quais mais de 50 artistas participaram.
Outro curta de animação, “A Terra a Gastar” (de Cassia Itamoto e Celina Kurihara), trata do consumo desenfreado da sociedade contemporânea, seu impacto sobre os recursos do planeta e a possibilidade de mudança. O título e a trilha sonora parodiam a canção popular "A Velha a Fiar", tema de um filme realizado pelo cineasta Humberto Mauro em 1964.
Uma aventura pelo litoral brasileiro na companhia de um indígena pataxó surfista que vive numa praia sem ondas está em “Licuri Surf”, de Guilherme Martins.
“Garoto Barba”, de Christopher Faust, é uma divertida fábula sobre um garoto que tem barba devido a uma doença rara. Quando os pais resolvem submetê-lo a uma cirurgia, ele tem que tomar uma decisão drástica, que mostrará a eles e à cidade inteira que às vezes vale a pena lutar pelo que se é realmente.
Em “A Grande Viagem”, a diretora Caroline Fioratti focaliza com bom humor um idoso já não consegue distinguir claramente passado e presente, e tem oportunidade de conhecer os quatro cantos da Terra com o neto. O curta tem como destaque a presença no elenco do veterano Abrahão Farc e de Sandra Corveloni, premiada como melhor atriz no Festival de Cannes pelo longa “Linha de Passe” (2008).
Vencedor dos prêmios de melhor documentário e melhor montagem no festival Curta Santos, “A Dama do Peixoto”, dos cariocas Allan Ribeiro e Douglas Soares, constrói o perfil de uma mulher misteriosa que frequenta uma praça no carioca Bairro Peixoto. Foi elogiado pela crítica, que destacou seu rigor narrativo.
Produzido pela Associação Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona, “O Plantador de Quiabos” é realização do Coletivo Santa Madeira (SP) e é definido como uma tragicomédia sobre um agricultor do interior de São Paulo dividido entre o aumento da produção de sua lavoura de quiabos e a realização de um sonho efêmero da filha. No elenco estão Marcia Martins e Paulo Tiefenthaler.
Em “Tempo de Criança”, o diretor Wagner Novais lança mão de uma construção dramática e poética para tratar do cotidiano de uma menina que precisa ser gente grande quando a mãe não está em casa. Premiado no Festival de Brasília, o curta tem feito sucesso nos festivais de cinema.
*** Retrospectiva Histórica ***
Tema da retrospectiva Histórica de 2010, Direito à Memória e à Verdade é complementada nesta edição com dois títulos brasileiros, ambos abordando os chamados “anos de chumbo” da ditadura militar (1964-1985).
Leonardo Medeiros, Débora Duboc, Jonas Bloch e Milhem Cortaz estão em “Cabra-cega”, longa-metragem dirigido em 2005 por Toni Venturi (o mesmo de “Vocacional, Uma Aventura Urbana”, presente na seção Contemporâneos). O filme focaliza um militante que fica confinado em um apartamento, recuperando-se de um ferimento, e mereceu cinco premiações no Festival de Brasília: melhor direção, ator, roteiro, direção de arte e prêmio do júri popular.
Obra vencedora do prêmio especial do júri do Festival de Gramado, “Araguaya - Conspiração do Silêncio” (de Ronaldo Duque, 2004) é ambientado na região onde ocorreu movimento guerrilheiro que tinha como objetivo fomentar uma revolução socialista no país. Soldados do exército, membros de um partido de esquerda dissidente, militantes aguerridos (a maioria deles ainda jovens e inexperientes) e camponeses são os personagens do drama, vividos por Norton Nascimento, Françoise Forton, Danton Mello e Rosanne Mulholland.
*** Programas Especiais ***
Quatro temas, indicados pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, servem de base para esta nova seção do evento, que reúne títulos de sucesso realizados entre 1977 e 2000. São questões relacionadas ao direito do idoso, da cidadania LGBT, à temática da saúde mental e direitos da infância e adolescência.
Protagonizado por Rodrigo Santoro (que responde pela locução de “Quem se importa”, da seção Contemporâneos) e com presenças no elenco de Othon Bastos e Cássia Kis, “Bicho de Sete Cabeças” (2000), de Laís Bodanzky, foi inspirada em relato autobiográfico de Austregésilo Carrano Bueno, um jovem internado compulsoriamente por sua família em um hospital psiquiátrico pelo consumo da maconha. O filme descreve os horrores da psiquiatrização sem medidas, a mordaça violenta institucional que normalmente pesa sobre os pacientes em sofrimento psíquico. Amplamente aclamado - tendo recebido vários prêmios e indicações, dentre eles, o Prêmio Qualidade Brasil, o Grande Prêmio Cinema Brasil, e o Troféu APCA de melhor filme, além de ser o título mais premiado dos festivais de Brasília e do Recife - o filme abriu portas para uma nova maneira de pensar sobre as instituições psiquiátricas no Brasil e em torno disso foi aprovada pelo Congresso Nacional, uma lei que proíbe a construção dessas instituições.
Dirigido por Carlos Diegues em 1977, “Chuvas de Verão” é considerado um marco por tratar com lirismo as questões do idoso como o amor e o sexo, sendo a cena de amor entre os personagens de Jofre Soares e Miriam Pires considerada por muitos como uma das mais lindas do cinema brasileiro. Entre as láureas conferidas ao longa-metragem estão quatro prêmios no Festival de Brasília.
Consagrado no Festival de Berlim, onde foi eleito como melhor filme, melhor atuação feminina (para Fernanda Montenegro) e ainda recebeu o prêmio especial do júri, “Central do Brasil é definido como um road-movie sentimental que focaliza a amizade entre uma mulher que busca uma segunda chance e um garoto que quer encontrar suas raízes. Marco do cinema brasileiro dirigida em 1998 por Walter Salles, a produção foi também eleita como melhor filme estrangeiro nas premiações Globo de Ouro (EUA) e Bafta (Inglaterra).
Grande sucesso de público, o cubano “Morango e Chocolate” (1994) de Tomás Gutiérrez Alea e Juan Carlos Tabío, trata com sensibilidade de temas como tolerância e discriminação e é um dos destaques da programação. Protagonizado pelos atores Jorge Perugorría e Vladimir Cruz, foi a
única produção cubana já indicado ao Oscar de filme estrangeiro, tendo vencido o Urso de Prata (prêmio especial do júri) no Festival de Berlim e, no Festival de Gramado, os prêmios de melhor filme, melhor ator (dividido entre Perugorría e Cruz), de melhor atriz coadjuvante (Mirta Ibarra) e do público.
Serviço
6ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul
De 10 de outubro a 1º de dezembro, em 27 capitais brasileiras
Em Maceió: de 21 de novembro a 1º de dezembro
Patrocínio: Petrobras
Realização: Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República
Produção: Cinemateca Brasileira / Ministério da Cultura
Entrada Franca!
* Aracaju – 31/10 a 10/11
Cinemark Jardins – Av. Ministro Geraldo Barreto Sobral 215, Jardim – (79) 3217.5610 – 154 lugares
IFS / Auditório Pedro Braz – Av. Gentil Tavares da Mota 1166, Getúlio Vargas – (79) 3711.3100 – 450 lugares
* Belém – 19 a 30/10
Cine Líbero Luxardo – Av. Gentil Bittencourt 650, Nazaré – (91) 3202.4321 – 90 lugares
* Belo Horizonte – 24 a 31/10
Cine Humberto Mauro – Av. Afonso Pena 1537, Centro – (31) 3236.7400 – 136 lugares
* Boa Vista – 28/10 a 3/11
CineSESC Abrahim Jorge Fraxe – Rua João Barbosa 143 A e B, Mecejana – (95) 3621.3939 – 100 lugares
* Brasília – 14 a 20/11 Centro Cultural Banco do Brasil – SCES, Trecho 02, lote 22 – (61) 3108.7600 – 73 lugares
* Campo Grande – 17 a 24/11 Museu da Imagem e do Som / Sala Idara Duncan – Av. Fernando Correa da Costa 559, Centro – (67) 3316.9178 – 70 lugares
* Cuiabá – 14 a 21/10
CineSESC Arsenal – Rua Treze de Junho s/n°, Centro Sul – (65) 3616.6941 – 67 lugares
* Curitiba – 14 a 20/11 Cinemateca de Curitiba / Sala Groff – Rua Carlos Cavalcanti 1174, São Francisco – (41) 3321.3252 – 104 lugares
* Florianópolis – 21 a 27/11 Auditório CESUSC – Rodovia SC 401 Km 10, Trevo Sto. Antônio de Lisboa – (48) 3239.2600 – 245 lugares
* Fortaleza – 8 a 14/11 Cine Benjamin Abrahão – Av. da Universidade 2591, Benfica – (85) 3366.7772 – 146 lugares
* Goiânia – 18 a 24/11 Centro Cultural Marieta Telles Machado/Cine Cultura – Praça Cívica 2, Centro – (62) 3201.4646 – 98 lugares
* João Pessoa – 15 a 21/11
Usina Cultural Energisa – Av. Juarez Távora 243, Torre – (83) 3221.6343 – 190 lugares
* Macapá – 9 a 15/11 Centro de Difusão Cultural João Batista de Azevedo Picanço – Av. Fab 86, Centro – (96) 8115.9558 – 226 lugares
* Maceió – 21/11 a 1º/12 Cine Sesi Pajuçara – Av. Dr Antonio Gouveia, 1113, Pajuçara – (82) 3235-5191/9164-3263 – 163 lugares
* Manaus – 13 a 19/10
Cine Teatro Gebes Medeiros – Av. Eduardo Ribeiro 937, Centro – (92) 3631.5944 e (92) 3622.2224 – 140 lugares
* Natal – 3 a 9/11
IFRN Campus Avançado Cidade Alta / Auditório – Av. Rio Branco 743, Cidade Alta – (84) 4005.0950 – 148 lugares
* Palmas – 10 a 16/11
Espaço Cultural José Gomes Sobrinho - Cine Cultura / Sala Sinhozinho – Av. 302 Sul s/n° – (63) 2111.2403 – 170 lugares
* Porto Alegre – 25 a 30/10
Cine Santander Cultural – Rua Sete de Setembro 1028, Centro – (51) 3287.5718 – 85 lugares
* Porto Velho – 17 a 24/10 CineSESC Rondônia – Av. Presidente Dutra 4175, Pedrinhas – (69) 3229.6006 ramal 239 – 120 lugares
* Recife – 24/10 a 1º/11 Fundação Joaquim Nabuco / Aud. José Carlos C. Borges – Rua Henrique Dias 609, Derby – (81) 3073.6689 – 197 lugares
* Rio Branco – 7 a 13/11 Filmoteca Acreana – Av. Getúlio Vargas 389, Centro – (68) 3223.6041 ramal 208 – 116 lugares
* Rio de Janeiro – 21 a 30/11 Centro Cultural Banco do Brasil / Cinema 2 – Rua Primeiro de Março 66, Centro – (21) 3808.2000 – 50 lugares
* Salvador – 24 a 30/11 Sala Walter da Silveira – Rua General Labatut 27, Barris – (71) 3116.8120 – 200 lugares
* São Luís – 31/10 a 6/11 Centro de Criatividade Odylo Costa, filho / Cine Praia Grande – Rampa do Comércio 200, Praia Grande – (98) 3218.9934 - 120 lugares
* São Paulo – 10 a 16/10 Cinemateca Brasileira / Sala Petrobras – Lgo. Sen. Raul Cardoso 207, V. Clementino – (11) 3512.6111 – 110 lugares CineSESC – Rua Augusta 2075, Cerqueira César – (11) 3087.0500 – 320 lugares
* Teresina – 3 a 9/11 Theatro 4 de Setembro / Sala Torquato Neto – Rua Álvaro Mendes s/n°, Centro – (86) 3222.7100 – 123 lugares
* Vitória – 23 a 29 de novembro Centro Cultural Carmélia Maria de Souza / Teatro José Carlos de Oliveira – Alameda Novo Império s/n°, Caratoíra – (27) 3381.3413 – 370 lugares