São tantos pré-candidatos e tão pouca oposição! Estranho, não é?

03/11/2011 06:16 - Blog do Vilar
Por Redação

Em tempos de organizações de grupos políticos para a disputa de 2012, um fato chama a atenção para quem andar mais atento: entre tantas forças que apontam seus pré-candidatos, nasce a interrogação onde está a oposição e o projeto diferenciado do que o que aí está? Não se trata de desaprovar ou aprovar a atual gestão. Eis algo que cabe ao eleitor nas urnas. Trata-se da constatação da ausência de pensamentos diferenciados, o que faz com que se pareça apenas uma tomada de poder.

E o pior: o atual grupo político que se encontra na prefeitura de Maceió – o que inclui os partidos da base aliada – estão “agrupados” muito mais pela conveniência dos cargos e poder, que necessariamente por um projeto? Pois bem, desde o início das discussões para 2012 já se apontaram mais de 14 nomes como possíveis candidatos. Nenhum destes – e nenhum mesmo! – tem sido capaz de crítica, sugestões ou qualquer outra discussão propositiva em relação à capital alagoana.

O motivo: a grande maioria possui ligação com o projeto que elegeu ou sustenta o prefeito Cícero Almeida (PP). Quando não, há ausência completa de novas lideranças que possam estimular discussões válidas; com foco na construção de um projeto de desenvolvimento para Maceió. Assim, o jogo político se resume ao já conhecido xadrez de tentar decidir o caminho dos votos e os eleitos antes mesmo das urnas. A probabilidade da matemática do pleito que leva em conta apenas dois fatores: densidade eleitoral e os grupos “fortes” com seus caciques. O eleitor vira um detalhe.

É exagero dizer que não há oposição a atual prefeitura? Elenquem os nomes. Da bancada federal, as possibilidades de candidaturas: Givaldo Carimbão (PSB) quer o apoio do prefeito e do governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) ao mesmo tempo e se anuncia como grande parceiro da atual administração; Maurício Quintela (PR) tem pasta dentro da administração de Almeida; e Rosinha da Adefal (PTdoB) – que faz pose de independência – tem o partido na base de sustentação do prefeito Cícero Almeida na Câmara Municipal de Maceió.

Há a remota possibilidade de João Lyra (PTB) entrar no pleito. Bem, é necessário falar de sua ligação e das idas e vindas com Almeida? E fora da Câmara Federal, o presidente da Casa de Mário Guimarães, Galba Novaes (PRB), sempre esteve ligado a atual administração também. Faz parte da bancada governista. O (hoje) minúsculo PMN tem Rafael Tenório para a disputa do pleito. Busquem na história da Prefeitura Municipal e ele estará lá. Se o PMDB ousar lançar Mozart Amaral, este é mais “camisa do prefeito” que todos os outros.

E para onde Amaral for como vice, também irá Almeida, caso assim seja. O deputado federal Rui Palmeira (PSDB) pode até vir com um discurso de oposição, afinal foi o que os tucanos fizeram nas eleições municipais passadas, quando cantaram “Cadê o Ciço?”. Mas, lembrem-se que em 2010, foram os tucanos que acharam o “Ciço”. Ele estava no programa eleitoral de Vilela, sendo elogiado por sua administração e elogiando o governador.

Um projeto elogiado e aprovado – ainda que indiretamente – por todos que estão no quadro. Não é de bom tom dizer – com isto! – que sejam farinha do mesmo saco. De forma alguma, há pontos que os diferenciam. Porém, jamais ao ponto de serem a novidade ou “novos caminhos”.

E nas esquerdas? Bem, o PT é mais PMDB que PT em Maceió. E mesmo que saia com candidato próprio, na gestão de Almeida é o responsável – por exemplo – pela pasta da Educação e pelo Transporte e Trânsito da cidade. Se você aprova Educação e Trânsito em Maceió, ótimo! Se não, o PT está lá! Nada mais ligado ao atual modelo de gestão, não é mesmo?

O PDT de Ronaldo Lessa. É base aliada e demonstrou um fisiologismo fora do comum quando discutiu a questão da CEI do Lixo contra Cícero Almeida na Câmara Municipal de Maceió. Orientou assinatura quando perdeu cargos na estrutura do município e voltou atrás depois dos diálogos com o atual gestor. Tudo decidido pelo próprio Lessa, com seu martelo e comando dos pedetistas na Casa de Mário Guimarães. Ao PCdoB falta densidade eleitoral para majoritária e este já está na bancada também. Deve apenas tentar a vereança, reelegendo Marcelo Malta.

Quem mais? O PSOL. Sim, o PSOL tem candidato. O professor de história Alexandre Fleming. Não tem ligação nenhuma com a atual administração. É verdade! No entanto, o PSOL anda tão disposto a lutar contra o Governo do Estado, a fazer uma oposição pesada em cima dos tucanos e ao secretário Luiz Otávio Gomes (com motivos, que fique claro), que parece ter esquecido de algumas discussões propositivas para 2012; que levem a um projeto político diferenciado. A sigla afirma que está na disputa, por meio de seus diretórios, mas não apresentou ainda a razão de estar na disputa. Aguardemos!

O Democratas também está no jogo. Apresenta Jefferson Morais. Dá para dizer que está distante de Almeida tanto Jefferson quanto o Democratas? Este sim pode está distante hoje, mas o vice-governador José Thomaz Nonô – que dá as cartas no partido – já fez parte decisiva na administração.

E assim se compõe o cenário dos pré-candidatos para 2012, muito barulho, muita disputa, pouco projeto e oposição zero! E aí, ou a atual prefeitura é uma maravilha e só terá alternância de poder; ou então há dificuldades de visão crítica em nossos “futuros” prefeitos em relação ao cargo que eles tanto querem buscar, a ponto de não enxergarem problemas gritantes que só devem aparecer no horário eleitoral, quando a paixão do momento permite que eles sejam oposição por três meses, para depois selarem pazes e tomarem um bom uísque para discutir 2014.
 

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