0s 75 anos de "Angústia", na terça feira dia 20, começaram a ser lembrados com um simpósio que será realizado até outubro, em cinco cidades de São Paulo.

.Por coincidência ou não, em sua terra o escritor Graciliano Ramos passa ao largo da data em mais um esquecimento dos que fazem Cultura em nosso Estado.

E o pior, é o esquecimento também das autoridades culturais de Palmeira dos Indios, onde o velho Graça foi prefeito.

Cidade sem cultura é uma cidade pobre. Ou mesmo pode se dizer do Estado que anda esquecendo os seus grandes personagens da história.

O livro "Angustia" ganhou uma edição comemorativa. A abertura ocorreu em uma pequena sala da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo(USP), na zona oeste da capital paulista, com um dos principais leitores de Graciliano Ramos, o escritor e crítico Antonio Candido.

"Graciliano Ramos atuou em um dos momentos mais ricos da literatura brasileira, e eu me pergunto se não foi o mais rico", diz Antonio Candido, referindo-se a um intervalo dos anos 1920 e 1960.

E a exemplo que aconteceu com o centenário do ator Paulo Gracindo e também, o centenário do senador Arnon de Mello pouco foi falado pela cultura de Alagoas.

Gracindo nem sequer foi citado e Arnon de Mello lembrado devido a sua poderosa organização de Comunicação - Gazeta de Alagoas - e sendo destaque ainda no único jornal de interior a Tribuna do Sertão com o escritor palmeirense Ivan Barros dedicando uma página relembrando o então governador Arnon de Mello quando foi homenageado com o titulo de cidadão palmeirense e contando causos do velho político em suas andanças pelo interior de ALAGOAS.

Se vivo estivesse, garanto que o jornalistas Freitas Neto não deixaria passar em branco essa grande data do Graciliano Ramos, já que ele dedicou várias reportagens como correspondente do Estado de S. Paulo a vida de Graciliano Ramos.

Graciliano Ramos estava preso quando "Angústia" seu terceiro romance, foi publicado. No inicio de 1936, o autor de "Caetés"(1936) e "São Bernardo (1934) havia sido nomeado diretor da Instrução Pública de Alagoas, cargo equivalente ao de Secretario da Educação, mas foi demitido meses depois.

Entre as explicações, o escritor quebrangulense Graciliano Ramos que "não tivera a habilidade necessária de prestar serviços a figurões", além de suprimir das escolas o hino alagoano, "uma estupidez coim solecismos.

Ele foi preso em março, no mesmo dia em que havia dado o manuscrito do romance à datilógrafa.

O perfil do Graciliano Ramos

Estilo seco e elegante... regionalismo com refinado estoque psicológico: isto é Graciliano Ramos. Os romances desse grande escritor brasileiro constroem painéis pessimistas da realidade do Nordeste brasileiro.

Graciliano Ramos de Oliveira nasceu no dia 27 de outubro de 1892, em Quebrangulo, pequena vila do sertão de Alagoas. Comoveu-se, desde cedo, com o sofrimento do povo nordestino.

Ainda jovem, trabalhou no Rio de Janeiro como revisor. Aos dezoito anos de idade, mudou-se para o município de Palmeira dos Índios, no estado de Alagoas, onde o pai era comerciante.

Lá perdeu três de seus quatorze irmãos, vitimados pela peste. Sete anos depois, foi eleito prefeito da cidade. Permaneceu no cargo por dois anos, renunciando em dez de abril de 1930 e mudando-se para a cidade de Maceió, capital de Alagoas.