O escriturário aposentado Gilberto Ramalho Xavier (65) comemora nesta quinta-feira (11) seu segundo ano com dois corações. E para registrar a data, ele será homenageado no Instituto de Doenças do Coração da Santa Casa de Misericórdia de Maceió por colegas e médicos, com direito a bolo e a apagar velinhas.


Gilberto Ramalho é um dos poucos brasileiros que vivem com dois corações. Essa modalidade de transplante (heterotópico) é indicada em alguns casos de insuficiência cardíaca, mal que acometia Gilberto Ramalho e lhe impedia de ter vida normal.
A cirurgia de transplante foi realizada no dia 11 de agosto de 2009 pelo cirurgião-cardíaco José Wanderley Neto e sua equipe.

O transplante heterotópico consiste em acrescentar um coração no paciente e, concomitantemente, aproveitar o original – mediante correção cirúrgica -, para que funcione de forma auxiliar.

Não há estatística atualizada do número de transplante cardíaco heterotópico no país, mas são poucos os transplantados do gênero. Todos, excetuando o escriturário alagoano, vivem no Centro-Sul e são apenas cerca de uma dúzia.

O quadro de Gilberto Ramalho antes do transplante era preocupante, segundo José Wanderley Neto. “Ele vivia frequentemente internado e sua vida era extremamente limitada”, disse.

- Hoje, ele leva uma vida igual a qualquer pessoa de sua idade, faz caminhada, tem lazer com a família e, por ser uma pessoa culta, lê bastante – disse Wanderley.

E acrescentou: “antes do transplante, o maior desejo que ele dizia ter era colocar a neta nos braços, coisa que não conseguia por conta do seu coração. Hoje, ele faz isso sempre que tem oportunidade e se ‘desmancha’ de alegria...”

José Wanderley e sua equipe já fizeram cinco transplantes heterotópicos em Alagoas – Gilberto Ramalho é o quinto. Os outros pacientes morreram por causas não relacionadas ao sistema cardíaco (câncer e obesidade mórbida, entre elas).

Para a comemoração de hoje, prevista para às 11h, são esperados outros onze transplantados cardíacos, que juntamente com os médicos comemorarão também as duas décadas e meia de transplante cardíaco do Instituto de Doenças do Coração.

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