No mês passado, a mais numerosa classe política de Alagoas, composta pelos vereadores, se reuniu em Brasília para discutir com membros do Congresso Nacional a reforma política. O encontro foi organizado pela União dos Vereadores de Alagoas (UVEAL), presidida pelo vereador cacimbinhense, Hugo Wanderley, que contou com o apoio dos presidentes das uniões de vereadores do Ceará e de Pernambuco. Mais de 250 vereadores alagoanos participaram dos debates sobre as mudanças no sistema eleitoral brasileiro. Apesar das acaloradas discussões, existem, nas propostas de reforma que tramitam na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, pontos de convergência entre os parlamentares de todos os níveis.

O fim das coligações e a unificação do calendário eleitoral com ampliação dos mandatos para cinco anos parecem ser consenso. Já o financiamento público de campanha e a lista fechada são os assuntos que tem gerado maior atrito e protestos. No entender de muitos, o fim das coligações proporciona um processo mais justo, com a eleição daqueles que obtiverem um maior número de votos. Respeito a vontade popular, argumentam. Desse modo, os parlamentares seriam eleitos pelo sistema de votos majoritários. Já no que tange a unificação do calendário eleitoral, a idéia de alguns é o barateamento das campanhas, ou seja, os políticos de nível mais graduado, seriam obrigados a proporcionar aos demais a estrutura necessária para a busca do voto, que serviria para todos. Isso sem falar na economia de dinheiro público que é necessário para a realização de eleições a cada quatro anos.

A proposta de financiamento público de campanha, além de contrariar parlamentares mirins, que temem não ver um centavo desses recursos para suas campanhas, é um tema que não é bem visto pela opinião pública, pelo simples fato de perceber que a finalidade dos tributos que pagam deveriam ser para obras de bem comum e não para financiar campanhas eleitorais. No tocante a lista fechada, o medo é o de que candidatos com potencial alto de votos sejam preteridos para dar espaço aos “mais chegados” dos donos dos partidos. A discussão promete render bastante ainda.

Recentemente, a comissão nomeada pelo Presidente da UVEAL para discutir reforma política em Alagoas, reuniu-se com o presidente da OAB, Omar Coelho, e com o presidente da AMA, Abrahão Moura, com o intuito de promover eventos em conjunto para levar o tema a sociedade em geral. Na visão do vereador por Murici Anízio Amorim, que preside a comissão, “população ainda não atentou para a importância do tema que mexerá profundamente com a forma de escolher os políticos no Brasil”.

Já o vereador por Palmeira dos Índios França Júnior, entende que é necessário uma audiência pública nas câmaras municipais de todo o Brasil, referente ao aumento de número de vagas. "Já que trabalhamos pelo povo e para o povo, vamos deixar que eles escolham o número de parlamentares ideal para defendê-los" destacou o edil palmeirense.

O fato é que, OAB, AMA e UVEAL já organizam calendário comum de eventos que terá como objetivo, ao final, encaminhar uma carta aos parlamentares alagoanos no Congresso com as conclusões dos debates travados com a sociedade.

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