Derrotados no debate público e já sem o apoio do governo, os senadores Fernando Collor (PTB-AL) e José Sarney (PMDB-AP) estão determinados a atrasar o quanto puderem a votação da Lei de Acesso à Informação Pública.

A resistência para levar a proposta ao plenário ocorre mesmo depois de Itamaraty e Forças Armadas anunciarem que já não se opõem à delimitação de um prazo máximo de sigilo para documentos classificados como ultrassecretos.

Sem disposição para comprar briga com os dois ex-presidentes, a presidente Dilma Rousseff deixou para a bancada do PT a tarefa de pressioná-los publicamente. Mas até os petistas admitem que a votação dificilmente ocorrerá antes do recesso de julho.

Em abril, Collor se apoderou do projeto na Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, apesar de o governo ter solicitado regime de urgência.

A matéria deveria ser remetida ao plenário, mas o senador levou a proposta para o gabinete. E, de lá, o texto ainda não saiu. Hoje a comissão tem reunião, mas o tema não está na pauta. Sarney é o único parlamentar com poder para determinar a Collor que retire a proposta da gaveta.

--- Ele vai fazer isso (requisitar o projeto). Mas precisa de um pouco de tempo. Sarney não é do confronto e deve retardar um pouco mais. A posição do Collor é muito firme -- afirmou um dos principais aliados de Sarney, na condição do anonimato.

Classificado como "duro" em negociações com o governo, Collor mandou dizer, por meio de assessoria, que não tem prazo para nada. Nem para se desfazer do texto, nem para indicar relator ou mesmo para remeter o texto ao plenário.

O Planalto já identificou a intransigência do senador em relação à Lei, mas não forçará a barra com o senador alagoano, que já se articula para aumentar sua força política na Comissão de Orçamento, palco das discussões sobre onde e como o dinheiro da União será gasto em 2012.

Diante de uma saia justa, o líder do governo no Senado, Romero Jucá, admitiu que a Lei de Acesso à Informação não está entre os assuntos mais urgentes. Ele disse que ainda não conversou com Collor ou Sarney sobre o caso. Sabe, porém, que a maioria da Casa quer aprovação rápida e com o mesmo texto confirmado pela Câmara, que delimita em, no máximo, 50 anos o prazo para divulgar documentos ultrassecretos. Na terça-feira, a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, evitou polemizar.

--- Eles (senadores) é que decidam --- resumiu Ideli.