Criança agindo e se vestindo como adulto é “bonitinho” ou um problema? As roupas de adultos estão cada vez mais presentes nas seções infantis das lojas. As peças para adultos estão sendo fabricadas em tamanho mínimo para vestir menores de idade. Preocupada, uma associação de pais da Inglaterra está discutindo o assunto e pediu o fim da sexualização infantil no mundo da moda.

Com a atitude dos pais da Grã-Bretanha, os principais varejistas concordaram em retirar das vitrines as roupas “sexualmente apelativas”. Os empresários ganharam um prazo de seis meses para parar de vez de vender esse tipo de produto para crianças. As capas de revistas para adultos terão que ser cobertas com plástico não transparente e as bancas só poderão expor as publicações no topo das prateleiras.

Em Alagoas, pode-se perceber que as vitrines estão impregnadas com roupas de adultos sendo comercializadas para crianças. Para a empresária Daniela Rodrigues, mãe de Larah, de quatro anos, os pais brasileiros poderiam começar a pensar no assunto.

“A união faz a força, já diz o velho ditado. Acredito que é um caso a se pensar mais do que nunca, para que as lojas dêem um basta nesses produtos. Chega a tal ponto que eu não consigo colocar um basta na minha filha, que tem quatro anos”, afirmou Daniela.

Ela contou ainda que a filha desde muito pequena já gostava de usar maquiagem e salto alto. Ela disse que já tentou várias vezes convencer a filha de que esses produtos são para adulto, mas elas não conseguem chegar a um acordo.

“A Larah sempre gostou dessas roupas mais justas e maquiagem. Ela não sai de casa sem estar com a franja escovada e com o rosto maquiado. Esses dias ela foi comigo ao salão de beleza e chorou porque queria colocar unhas postiças”, disse.

Para o psicólogo Laerte Leite os pais da Inglaterra são mais presentes na vida dos filhos, frequentam as escolas e participam da vida escolar, diferente dos brasileiros, que não têm tempo para essas atividades. De acordo com Leite, a mídia é a principal influência hoje para as crianças e como os pais não conseguem acompanhar os filhos, perdem o controle e não conseguem colocar um limite.

“A realidade dessa comercialização não é diferente aqui no Brasil. O problema é que falta uma atuação da comunidade de fazer uma reflexão sobre esse assunto. Mas isso é mais grave, porque esses jovens não estão apenas se tornando adultos precoces, eles estão se tornando vazios e com mais chances de cair no mudo das drogas”, afirmou o psicólogo.

Leite lembrou ainda que a própria família acha engraçado a filha, por exemplo, dançar o Rebolation ou usar roupas justas. “A criança não consegue nem brincar direito porque a calcinha fica aparecendo”, finalizou.