No dia 18 de junho de 2010, Alagoas passou por uma das maiores tragédias que já abateram o Estado e presenciou vários municípios serem atingidos por uma enchente, causada por diversos fatores, entre eles o rompimento de uma barragem em Pernambuco.
Ao todo foram 22 mortos, milhares de desabrigados e municípios inteiros,como Branquinha e Santana do Mundaú completamente devastados pela força da água.
Neste um ano da tragédia, o Cadaminuto traz um depoimento de alguém que vivenciou esta tragédia, Nicanor Filho, hoje dono do site Folha Serrana, de União dos palmares relata como foi aquele dia sob a ótica de alguém que presenciou a tragédia:
“ quando me aproximei da igreja percebi que a água anunciada para o dia seguinte, havia chegado em quantidade. Era o anuncio da enchente"..
”
Eu estava na cidade de São José da Laje, Alagoas, mais precisamente na fila do caixa no Banco do Brasil, quando um gerente da agência comentou com um vereador que se encontrava no banco, que alguém tinha telefonado da cidade de Canhotinho-PE., informando que haviam sangrado um açude lá e volume de chegaria em São José da Laje por volta das 03:00h da madrugada. Eram 14 hs do dia 18 de junho de 2010.
Assim que sai do banco me dirigi à parte baixa da cidade, onde pegaria uma lotação para voltar á União dos Palmares. Estranhei a movimentação de pessoas, muitas pessoas, numa só direção.
Pensei na hora. Algum trio elétrico na cidade, alguma coisa especial aconteceu que está todo mundo indo na mesma direção : a direção da Igreja de São José, na margem do Rio Canhoto, o rio que margeia a cidade.
Eu fui também seguindo a corrente e curioso para ver o que era. Quando cheguei perto da Igreja deu prá ver o que acontecia. A água anunciada para a madrugada, vinda da cidade de Canhotinho já havia chegado acompanhada de muita chuva .
Tratava-se já de uma enchente. As ruas já estavam cheias de água. Carros pequenos já não passavam mais. As pessoas nas escadas observavam a água invadir a praça da igreja, a praça de eventos da cidade de São José da Laje. Para chegar até na ponte, que permitia atravessar e pegar o carro para voltar tive que ir de carona, num caminhão pois a pé estava quase impossível.
Normalmente eu iria de carro fazer essa viagem. Neste dia, a esposa havia viajado com o carro para a cidade de Belo Jardim-PE. Sorte minha. Caso contrário o carro teria ficado preso e só no outro dia a tarde seria possível atravessar.
Quando cheguei em União por volta das 16:30h a tragédia já era grande. Ruas inteiras alagadas, casas derrubadas, outras com água até 2 m de altura, móveis sendo carregados nas costas das pessoas desesperadas. Objetos pequenos sendo carregados pela água forte da correnteza, caminhões da prefeitura não paravam de circular com móveis de moradores, sendo levados para as escolas da cidade, que abrigaram centenas de famílias.
na foto do alto não se consegue ver a Rua da Ponte nem da Rua do Jatobá, em União dos Palmares. As duas foram cobertas pelas águas e casas derrubadas.
A enchente atingiu dezenas de cidades em Alagoas e Pernambuco. Sangramentos feitos em Canhotinho e Garanhuns causaram destruição e dor ao longo do percurso dos Rios Canhoto e Mundaú, em Alagoas.
Hoje, um ano depois, centenas de pessoas ainda estão morando em barracas de lona cedidas pelo governo, sem nenhuma privacidade, com banheiros e chuveiros coletivos, recebendo alimentos através das prefeituras, em total condição de miserabilidade.
As casas estão sendo construídas em todas as cidades atingidas. O período das chuvas, atual, diminui muito o ritmo , mas não para o trabalho. A previsão dos governos estaduais e municipais é de que no próximo mês de agosto ou setembro sejam entregues os primeiros lotes de casas e o restante até março ou abril de 2012.
A expectativa é grande, o desejo de morar numa casa, mesmo pequena, é maior ainda, porque dá de novo, a segurança, a privacidade, a tranquilidade do lar em família. A lembrança da enchente de 18 de junho de 2010 ainda está viva por conta das casas que ainda não estão prontas e o fato de estarem em casa de parentes, ou casas alugadas ou barracas de lona.