O clima foi amistoso, o ministro Guido Mantega, se mostrou “sensível” à situação dos estados na questão da dívida com a União, mas os governadores do Norte e Nordeste saíram frustrados do encontro, após o titular da Fazenda se posicionar contrário a troca do IGP-DI pelo IPCA como indexador da correção da dívida.
A mudança do indexador da dívida dos Estados com a União, foi um dos pontos fundamentais na carta do Nordeste, documento assinado por todos os governadores em encontro no Ceará.
Esta alteração deverá ser feita por meio de projeto de resolução do Senado. A ideia mais presente é criar uma trava para evitar que os juros cobrados nas dívidas estaduais sejam mais elevados que as taxas pagas pela União para fazer a captação de recursos no mercado.
Renan, Benedito e Heloisa Helena concordam com renegociação.
O tema vem sendo recorrente entre políticos de diversos partidos, e correntes de pensamentos, três representantes alagoanos com pensamentos distintos sobre outros temas parecem estar juntos na ideia de renegociação.
Benedito de Lira do PP, disse que “Hoje, Alagoas tem um saldo devedor da ordem de R$6 bilhões, aproximadamente, sendo que tem pago também religiosamente, todos os meses, o que foi estabelecido pelo contrato assinado à época do refinanciamento da dívida. Para o País, R$40 milhões não representam tanta coisa, praticamente nada, mas, para o Estado de Alagoas, R$40 milhões sangrado da sua economia é um desastre, e é o que estamos passando naquele Estado da Federação, na região encostada no Nordeste brasileiro”.
Já o senador Renan Calheiros , do PMDB, se manifestou imediatamente no Senado após saber da posição do ministro e colocou para os senadores presentes que falou pessoalmente para a presidente Dilma Roussef que a renegociação da dívida dos Estados é imperativa.
“Apoiamos a reinvindicação dos governadores que pede novos parâmetros da dívida dos Estados da União,o atual indexador é incompatível com a atual realidade do Brasil e asfixia os Estados” explicou o senador alagoano.
Veja abaixo o pronunciamento do senador Renan Calheiros
Até mesmo a vereadora Heloisa Helena, do PSOL, se manifestou de forma favorável a renegociação da dívida, colocando apenas uma única objeção para que isto aconteça.
“Defendo que a dívida pública seja renegociada no seu tempo de pagamento. Mas, que seja carimbada, para o uso apenas em áreas essenciais, como Saúde e Educação, caso contrário a moçada rouba”, destacou Heloísa Helena.
Senadores se revoltam com manifestação de Ministro. “Usura”, “Agiotagem”, “Absurdo”
Logo após a reunião com o ministro da Fazenda, o ex-governador de Santa Catarina, e atual senador Luiz Henrique, foi ao gabinete do senador Renan Calheiros, na Liderança do PMDB no Senado, e contou que o seu Estado devia 4 bilhões de reais à União, já pagou 6 bilhões e ainda está devendo 10 bilhões de reais.
- “Isto é a prática da usura” – definiu Renan, para garantir depois que o PMDB não vai abrir mão de um novo indexador da dívida.
-"É agiotagem" - completou o senador Eunicio Oliveira, que estava no gabinete de Renan.
- “Com o atual (indexador) chega-se a 18% de juro e isto é um absurdo” – completou Renan.
O vice-governador José Thomaz Nonô participou da reunião, representando o governador Téo Vilela, e também defendeu a mudança do indexador. Alagoas paga por mês, de juro, R$ 40 milhões de uma dívida que se encontra hoje perto de R$ 7 bilhões.
Veja abaixo entrevista exclusiva do vice-governador concedida hoje em Brasília