Em uma decisão considerada inédita em Matriz de Camaragibe, o juiz da comarca, Yully Roter Maia acatou o relatório do Ministério Público e condenou com a perda do cargo público e quatro anos de prisão os guardas municipais Adriano Antonio dos Santos e Petrúcio José dos Santos por eles terem torturado o menor José Alexstaine Laurindo, então com 13 anos de idade, em 31 de agosto de 2007.
Os policiais poderão recorrer em liberdade contra a sentença do juiz que reforçou em sua decisão que os acusados acabaram impondo a vítima intenso sofrimento físico e mental.
Alexystaine morreu no último dia 23 de novembro de 2010, na cidade de Matriz de Camaragibe, após tentar apartar uma briga entre um amigo. O acusado é um menor que está preso em Maceió.
Os pais do jovem, o jornalista Odilon Rios e a professora Ana Cláudia Laurindo, travaram uma intensa luta para que os responsáveis pelo "crime de tortura", conforme atesta o relatório do promotor Adriano Jorge, fossem responsabilizados pelo ato.
No relatório em que decide pela punição, o magistrado tece palavras duras contra os policiais e confirma o que as testemunhas já haviam relatado aos familiares do jovem.
"Que a pedra bateu no carro na Guarda Municipal... que o carro bateu na bicicleta (conduzida por Alexstaine)... que a lateral do carro bateu no pneu traseiro da bicicleta e logo depois a vítima perdeu o controle da bicicleta e caiu... que a vítima estava sozinha nesse momento... que desceram do carro da guarda os acusados Adriano e Petrucio... que viu o quando o acusado Adriano saiu com revolver... que não sabe dizer quem algemou a vítima, mas viu que Adriano deu duas coronhadas na cabeça dela... que efetivamente o golpe foi desferido com o cabo do revolver foi dado com força" diz o relato da testemunha
O juiz reforçou ainda o laudo do IML que comprovou as agressões que vieram após a abordagem, comprovando ainda que Adriano teria pisado nas costas do adolescente, então com 12 anos na época.
"Atos dessa natureza merecem repúdio da sociedade e dos poderes constituídos, ao tempo em que se exige a punição necessária para coibir esse gesto ominoso de ofensa à dignidade da pessoa humana" apontou o magistrado em sua decisão.
Odilon Rios e Ana Cláudia lamentaram que a decisão tenha sido quase quatro anos depois do crime. "Depois da tortura, Taine virou uma outra pessoa. Deixou a escola, entrou em mutismo. Era obrigado a ver, em Matriz, os torturadores impunes até ser assassinado para ajudar por apartar uma briga. Se houvesse uma definição antes, a impunidade não teria deixado tantas marcas na sua alma".









