Opinião: PM de Alagoas tem imagem manchada em todos os sentidos

19/04/2011 18:32 - Josivaldo Ramos
Por Redação
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por Josivaldo Ramos

 

Não por acaso, grupos de extermínios com atuação em Alagoas foram investigados e mencionados no Relatório Final da CPI dos Grupos de Extermínio no Nordeste. Isto porque, na maior parte dos crimes de repercussão ocorridos em Alagoas nas últimas três décadas, sempre, se apurou, ainda que indiretamente, o envolvimento de policiais, sobretudo dos policiais militares, em verdadeiras barbáries.


No final da década de 90, Alagoas viveu o ápice do envolvimento de PMs em organizações criminosas, ao ponto de ser batizada de “gang fardada” a maior quadrilha com atuação no estado naquela época. Contudo, engana-se quem acredita que todos os policiais presos, investigados ou processados naquela “cruzada” contra o crime pertenciam a um mesmo grupo criminoso e, ainda, que este grupo era comandado apenas pelo Cel. Cavalcante.
É fato, que o Cel. Cavalcante esteve a frente de muitas desordens cometidas em Alagoas, verdadeiras atrocidades, mas ele não era o único líder das quadrilhas que foram formadas dentro da Polícia Militar de Alagoas, pois muitos destes grupos eram desorganizados, formados momentaneamente para atender a determinada demanda. Entretanto, para atender ao clamor popular, divulgou-se à época que o grupo era centralizado e que o seu líder havia sido preso; ou seja, o Cel. Cavalcante.


O posicionamento do estado fez com que muitos dos grupos criminosos se fortalecessem ao longo do tempo e, o que é pior, elevou de patentes muitos destes verdadeiros marginais de farda.


No ano de 2003 tive a oportunidade de acompanhar a conclusão de uma sindicância instaurada pela Corregedoria da Polícia Militar de Alagoas para apurar o envolvimento de PMs de União dos Palmares em um homicídio ocorrido em Maceió, confesso que me surpreendi com o corporativismo, pois mesmo sendo apurado que três dos PMs investigados já respondiam a processos na justiça comum, por possível cometimento de outros crimes, além de que todos já haviam sido presos em algum momento de suas vidas, a sindicância ressaltou em seu relatório final que não existia nada que desabonasse a conduta dos investigados, pelo contrario, nas fichas disciplinares encontrava-se avaliações entre o nível bom e ótimo. Guardo este relatório, bem como todos os ofícios que fizeram este relatório chegar a minhas mãos, pois tenho neles a prova do corporativismo da PM de Alagoas.


Hoje, dois destes PMs estão presos há mais de dois anos, por ordem judicial, um será julgado em maio deste ano pelo homicídio que motivou a sindicância mencionada acima e dois foram assassinados, supostamente, por queima de arquivo.


Pelo Twitter, ferramenta que permite a comunicação virtual limitada a 140 caracteres, tive a oportunidade de falar com o Secretário de Defesa Social, Dário Cesar, sobre a vinda da Força Nacional de Segurança para Alagoas, opinei no sentido de que o que Alagoas precisa não é de reforço da Força Nacional de Segurança, mas sim de uma limpeza interna. Ora, quem quer delinquir, que o faça, mas fora das instituições oficiais do estado.


O Secretário me respondeu, afirmando que o pior bandido é aquele travestido de policial. Contudo, ainda não observei nenhuma atitude concreta no sentido de efetuar uma faxina nas instituições de segurança. Acredito que um PDV (Programa de Demissão Voluntária) da segurança pública, aliado a realização de concurso público em todas as áreas de segurança seria um bom início, para o resto, é preciso pulso forte.


Para concluir, ressalto a imagem do prédio anexo ao Quartel do Comando Geral da Polícia Militar de Alagoas, localizado no centro de Maceió, parte onde funcionava a Corregedoria Geral da Polícia Militar, ainda tem esta identificação (Hoje a Corregedoria funciona no 8º e 9º andares do antigo prédio do Produban, no Centro), pois ela é o verdadeiro retrato de como a segurança pública é tratada em Alagoas, ou seja, com absoluto descaso, a parede aparenta não receber um tratamento estético há muitos anos, como sei que o problema não é mão de obra, visto o efetivo militar à disposição do quartel, acredito que seja um problema relacionado à aquisição dos materiais necessários a pintura, motivo pelo qual suplico aos empresários do ramo para doarem a Polícia Militar o material básico a uma pequena reforma.


Com a palavra o Comandante Geral da PM ou o Secretário de Defesa Social de Alagoas!

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