Naná Vasconcelos foi o maestro. As alfaias deram as boas-vindas. E a multidão já enchia o Marco Zero quando a chave da cidade foi entregue ao Rei do Carnaval no início da noite desta sexta-feira. Um show pirotécnico de causar inveja ao último réveillon da Praia de Boa Viagem e foi dada largada a maratona 2011 do Carnaval do Recife.

Maestro Duda, um dos homenageados da folia de Momo da capital, comandou o palco central do Bairro do Recife botando o frevo, claro, para ser a estrela do momento. Claudionor Germano, Hermeto Pascoal, Carlos Malta, Maestro Spok e Yamandú Costa emprestaram seus instrumentos e vozes. "No Carnaval é liberdade total", disse Hermeto, ao som de Asa Branca.

ELAS - Se ser multicultural é prerrogativa do Carnaval do Recife, não há nada que se estranhar ao ouvir À francesa, musica que marcou os anos 80, abrindo a folia na voz de Marina Lima. A proposta do principal show da noite tinha Lenine como regente. O pernambucano convidou apenas mulheres para entrarem em cena, numa dupla homenagem à elas e à musica pernambucana. As cantoras mostrariam, sozinhas ou em duetos, músicas de seu próprio repertório e ainda pegariam emprestadas canções do nosso Carnaval.

A mistura rendeu um caldo exótico. Botou no mesmo palco estilos tão distintos como o de Elba Ramalho e Maria Gadú, Fernanda Takai e Nena Queiroga, ou Isaar e Pitty. Ceu, Roberta Sá, Karina Buhr, Zélia Duncan e Mariana Aydar também foram convocadas. A essa altura, já não havia um espaço vago no imenso Marco Zero.

Na primeira parte do show, o repertório veio pra lá de sensual; ou as cantoras trataram de "sensualizar" as músicas, como quando Marina e Karina apostaram num Voltei, Recife quase irreconhecível. Bicho de sete cabeças e Debaixo dos caracois mantinham a linha soft. Quem lembrou que estávamos em plena folia recifense foi Nena Queiroga e seu clássico Chuva de sombrinhas, seguida por Elba Ramalho com Leão do Norte.

Com uma longa sessão de aplausos e gritos do público, o maestro Lenine subiu ao palco e se juntou a suas meninas para cantarem Sob o mesmo ceu. Até a Quarta de Cinzas, ja está decretado, o ceu do Recife tem as cores da folia.